Desde o início do
Programa Nuclear Brasileiro, sempre houve a suspeita da oposição política do
governo de que os verdadeiros motivos do ato do presidente Geisel era de
adquirir a tecnologia da
bomba atômica e do submarino nuclear.
É importante salientar que o governo
brasileiro, por todo esse tempo, em nenhum momento assumiu que o Programa
Nuclear estivesse interessado em qualquer tecnologia bélica, muito menos do
submarino e da bomba atômica.
Ainda assim, devido ao incansável senso de investiga- ção da
imprensa da época, vá- rios detalhes das operações militares vieram à tona, e
que realmente revelava a existência do Programa Paralelo, que em muito foi
mistificado pela própria imprensa, mas que tinha objeti- vos bem claros, e inicialmente,
bem distantes da bomba.
Quando o Brasil firmou o já mencionado Acordo com a
Alemanha, estava estabelecido que a Alemanha cederia ao Brasil a tecnologia da
construção da central nuclear, bem como o método de enriquecimento do urânio,
um processo considerado de altíssimo nível tecnológico, e ponto chave do ciclo
nuclear. Na época (e é assim até os dias atuais), eram conhecidos basicamente
dois métodos de enriquecimento: por ultracentrifugação (usado por quase todos
os países detentores de usinas nucleares) e por jet-nozzle, que estava em fase
de desenvolvimento pela Alemanha. Como este país não tinha permissão da
Comunidade Internacional para pesquisas neste campo, a Alemanha viu no Brasil
uma excelente oportunidade, vendendo por um preço bem razoável, de instalar
laboratórios para continuar suas pesquisas. E aí o Brasil cometeu seu maior
erro.
Dezenas de laboratórios foram aqui montados, diversos
equipamentos foram comprados, e milhares de pessoas foram treinadas para
tentarem completar a pesquisa. Mas o que era suspeitado por muitos países
acabou se confirmando: o processo por jet-nozzle era altamento complexo, e
totalmente inviável para os fins que o Brasil desejava. Com isso, o Acordo
perdia quase que a metade de suas vantagens.
O enriquecimento do urânio é um processo extremamente
complicado, e ao mesmo tempo vital para o funcionamento de uma usina nuclear,
uma vez que o combustível usado dentro dos reatores é o urânio enriquecido. O
urânio, como é encontrado na natureza, é o U238, e depois de passar pelo
processo de enriquecimento, é extraído o U235 que, depois de sintetizado
com oxigênio, é encapsulado para ser comercializado e usado sob a forma de
pastilhas.
Centro Experimental de Aramar, base do Programa Paralelo
Aí então que
entra o Programa Paralelo. Os militares, sob liderança do General Golbery do
Couto e Silva, principal homem do presidente Ernesto Geisel, visou a criação de
um complexo de pesquisa tecnológica que tivesse como objetivo desenvolver e
controlar o processo de enriquecimento do urânio por ultracentrifugação,
absolutamente clandestino e sem fiscalização internacional. Depois da
comprovação do fracasso do processo vendido pela Alemanha, o então
diretor-geral de Materiais da Marinha Maximiano da Fonseca iniciou a
articulação das três Armas. Foi então criado o Centro Experimental Aramar, em
Iperó, no interior do estado de São Paulo.
Conforme as instalações mi- litares progrediam, o público
in- vestigava cada vez mais os re- ais objetivos de Aramar, e em 1986 a Marinha
finalmente assu- miu o fato de que o Complexo, além de pesquisar o processo de
ultracentrifugação, também realizava pesquisas no campo de reatores nucleares
de 50 Mwatts para serem instalados em submarinos nucleares.
Conforme o
contra-almirante Mario Cezar Flores, "O projeto Aramar será um centro de
testes de propulsão, inclusive para o submarino nuclear, conforme tecnologia já
aplicada em outros países, como a Inglaterra. Os testes com o reator do
submarino movido a energia nuclear são feitos em terra." Muito antes, em
1982, os militares já anunciavam que haviam dominado por completo o
conhecimento do processo de enriquecimento via ultracentrifugação. O Programa
Paralelo começava a mostrar resultados.
Em fins de 1986, já
no governo do presidente José Sarney, a imprensa novamente atacou publicando a
descoberta de várias contas bancárias secretas do governo, assim como movimentações
financeiras de altíssimos valores, sem registro de origem nem destino. Na mesma
época, foi descoberto no sul do Pará uma base da Aeronáutica conhecida como
Serra do Cachimbo, que continha perfurações de 320 metros de profundidade,
revestidas de cimento, cuja finalidade nunca foi explicada de forma convincente
pelos militares.
Em fins de 1986, já
no governo do presidente José Sarney, a imprensa novamente atacou publicando a
descoberta de várias contas bancárias secretas do governo, assim como movimentações
financeiras de altíssimos valores, sem registro de origem nem destino. Na mesma
época, foi descoberto no sul do Pará uma base da Aeronáutica conhecida como
Serra do Cachimbo, que continha perfurações de 320 metros de profundidade,
revestidas de cimento, cuja finalidade nunca foi explicada de forma convincente
pelos militares.
Que são utilizadas para testes nucleares subterrâneos. Além de
tudo isso, o Centro Tecnológico da Aeronáutica desenvolvia o projeto de um
foguete brasileiro destinado, em princípio, a ser um veículo lançador de
satélites, mas que poderia ser adaptado para carregar ogivas nucleares,
partindo das já contruídas plataformas de lançamento de Natal e Alcântara.
Todos esses dados indicavam claramente que o Projeto Aramar
estava perseguindo a idéia da Bomba Atômica impetuosamente. Conforme publicado
pelo jornal O Estado de São Paulo, "a arma nuclear estratégica
principal do Brasil seria um artefato de 20 a 30 quilotons (quatro a seis vezes
mais poderoso do que o usado em Hiroshima), feito com plutônio e
lançado por um imenso míssil de 16 metros de altura, 40 toneladas de peso,
classe MRBM (Medium Range Ballistic Missile), capaz de cobrir cerca de 3 mil
quilômetros transportando uma ogiva de guerra de mais de uma tonelada. É a
versão militar do VLS/Veículo Lançador de Satélite, que o Instituto de
Atividades Espaciais, de São José dos Campos, prepara..." Esta notícia
jamais foi confirmada pelos militares. Mas também nunca foi desmentida. com plutônio e lançado por um imenso míssil de 16 metros de
altura, 40 toneladas de peso, classe MRBM (Medium Range Ballistic Missile),
capaz de cobrir cerca de 3 mil quilômetros transportando uma ogiva de guerra de
mais de uma tonelada. É a versão militar do VLS/Veículo Lançador de Satélite,
que o Instituto de Atividades Espaciais, de São José dos Campos,
prepara..." Esta notícia jamais foi confirmada pelos militares. Mas também
nunca foi desmentida.
Mais importante que esses dados reveladores, era o
fato de que os mais altos escalões das Forças Armadas eram favoráveis
publicamente à bomba. Apesar de tudo isso, em nenhum momento os militares se
expressaram com relação a este assunto. Em 1991, durante o governo Collor foram
fechadas todas as instalações da Serra do Cachimbo, e o Complexo Aramar continua a existir com limitados recursos financeiros
encaminhados pela Marinha. Aparentemente, com o fim do governo militar, toda a
busca pelo poderio bélico que a tecnologia nuclear poderia trazer foi cessada.
Ainda assim, aparentemente. Fonte: www.nuctec.com
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