Vimana
A humanidade terrestre convivia com outras civilizações? Sim, os seres humanos tinham acesso aos planetas celestiais quando executavam atividades piedosas, que chamamos Punya ou Sukrti. Quando acumulavam tais qualidades, eles eram premiados com visitas aos mundos superiores. Por sua vez, os semideuses também visitavam a Terra para poder não somente transmitirem conhecimento e uma tecnologia espiritual, mas também para se associarem com os sábios de nosso mundo, da mesma forma que, em planetas inferiores, outros seres faziam visitas exploratórias – é a prática dual do explorar ou servir, ou se faz uma coisa ou outra. Os que vivem em planetas inferiores querem explorar, e os que vivem nos superiores querem servir. Essa realidade sempre existiu. Por exemplo, quando Krishna veio à Terra, há 5 mil anos, a situação era exatamente essa. Em nosso planeta havia, naquela época, uma deidade chamada Bhumi, muito pesarosa. Os reis que governavam a Terra eram demoníacos e faziam de tudo para destruir seus recursos, quando então Bhumi se aproximou de um dos seres mais elevados da hierarquia celeste – Brahma – e, juntamente com outros semideuses, orou e pediu ajuda.
Deus Brahma
E o que aconteceu a partir daí, então? Brahma ouviu as preces de Bhumi e conduziu seu pedido a Deus, Vishnu, que tomou providências. Segundo as traduções védicas, Vishnu teria mandado uma mensagem à Terra, de que viria até aqui para dar proteção aos seus habitantes. Disse também que todos os semideuses deveriam nascer em nosso planeta para ajudá-lo na missão de proteger seus habitantes bem-intencionados e remover os elementos perturbadores. Remover significava matar tais elementos, só que, como a alma é eterna, eles apenas abandonariam seus corpos terrenos e seriam transferidos para planetas infernais. Essa batalha entre o bem e o mal ocorreu com a ajuda dos semideuses, que vieram à Terra e participaram desse processo. Existe um diálogo muito famoso no Baghavad Gità, que descreve o que teria acontecido alguns minutos antes desse conflito devastador, que acabou sendo chamado de Batalha de Kuruksetra.
Batalha de Kuruksetra
Foram utilizadas naves espaciais nesta batalha? Sim. Eram armas as quais nós não tínhamos acesso e mesmo hoje não podemos entender, artefatos com poderes completamente sobrenaturais. Por exemplo, a Bramastra, que significa arma espiritual, era na verdade um dispositivo lançado contra as pessoas, com grande poder de destruição. Muitos semideuses participaram do conflito.
Essa batalha é relatada nas escrituras védicas. Mas também está lá que os semideuses chegavam à Terra em naves espaciais? Sim. Para nós, que estudamos os Puranas e o Srimad Baghavatam, esse é um assunto completamente aceito e não nos surpreende. Para quem conhece as tradições védicas, a vinda de naves com semideuses ao nosso planeta é assunto quase banal. Assim como nós temos nossos veículos e os usamos para visitar alguém, seres superiores que faziam o mesmo no passado – ainda fazem. Eles têm seus veículos, só que não são iguais aos nossos, pois não possuem a mesma tecnologia limitada que possuímos na Terra. Seus veículos são muito superiores, até porque as distâncias que eles precisam percorrer são muito maiores. Há centenas de histórias relatadas na literatura nas quais se descreve como os sábios que viviam noutros planetas se valiam de seus veículos para nos visitar.
Interessante. Não há também uma história nas tradições hindus em que um semideus viria voando em sua nave e, passando sobre uma casa, teria visto um cidadão com sua esposa e resolvera roubar-lhe a mulher Sim, existe um relato assim. Há até histórias mais curiosas, como aquela que descreve que um ser caiu de sua nave porque ficou contemplando uma mulher terrena. Isso está nos livros hindus de milhares de anos de idade.
O que é Garuda? Garuda é uma palavra feminina. É o transportador de Vishnu, que tem a aparência de uma águia, rosto de águia e corpo de ser humano. Garuda é também considerada um Deva ou ser divino. Assim como Brahma é transportado por um cisne e Shiva por um touro, todos os semideuses têm um veículo. Alguns dizem que são naves, outros têm a tendência de projetar sua experiência ao formato desses transportadores, vendo-os como aviões ou pássaros. Mas o fato é que são seres que têm uma consciência pessoal, porque inclusive nas escrituras védicas eles conversam entre si e dão até instruções espirituais.
Pássaro Garuda
As vimanas eram reluzentes e poderosas, mas acercar-lhes significava grande perigo. O prudente era esperar autorização de seus vistosos proprietários. Muitos de nós eram levados por eles para conhecer as belezas celestiais
O senhor quer dizer que além de veículos as Garudas são seres vivos com consciência? Sim, com consciência completa. Essas naves são uma espécie de seres vivos que transportam os semideuses.
No decorrer dos últimos 5 mil anos de história ainda é possível que tenha havido a manifestação destes objetos de transporte em nosso planeta ? Certamente. O problema é que hoje o mundo está muito conturbado e as pessoas são muito ignorantes. Por isso, as naves têm que se camuflar em suas ações na Terra, pois pode lhes acontecer de tudo se não o fizerem. E também, esse não é um momento tão importante para os semideuses. Estamos num “subperíodo” que teria começado há 10 mil anos, muito positivo e auspicioso do ponto de vista espiritual, embora também seja o final de uma era muito complicada. Este é um momento em que o divino e o demoníaco estão muito presentes e já começam a aparecer com mais regularidade. Quem sabe daqui a algum tempo, quando a natureza divina se manifestar, sua presença vai ser mais sentida. Até porque, nesse estágio teremos uma compreensão melhor de nossa condição e saberemos lidar com ela. Mas também haverá na Terra a presença de seres mal-intencionados. Nosso guru Prabhupada nos fala que muitos viriam de dentro da Terra e não seriam evoluídos, muito pelo contrário. E outros viriam de planetas superiores.
Swami AC. Baktivedanta Prabhupada
Outra questão intrigante sobre os seres que visitaram a Terra no passado, descrita em certas fontes bibliográficas, diz respeito ao tempo. Parece que o tempo para esses seres não tinha o mesmo sentido que tem para nós. É como se os nossos últimos 5 mil anos pudessem ter sido apenas algumas horas para eles. É verdade. E há outro exemplo desse fenômeno, que se dá quando uma pessoa entra em coma. Ela pode ficar nesse estado por muito tempo, mas o que acontece é que, quando isso ocorre, seu Karma não está definido. Ela pode permanecer assim, sem definição, porque a dimensão em que sua consciência está é outra. Da mesma forma, o tempo nos planetas celestiais é muito mais longo do que nos intermediários, como o nosso, assim como o dos planetas infernais também é diferente. Há insetos que vivem apenas algumas horas aqui na Terra e sua sensação é de uma vida inteira.
Representação artística das vimanas, poderosos meios de transporte de vários tamanhos, constantemente observados na Índia, há mais de 5 mil anos
Quantos universos existem de acordo com a literatura védica? Uma infinidade, qualquer coisa sem número. Não é possível contar. E, incontáveis, eles saem dos poros de Vishnu, o Deus. Quando ele exala ar, os universos se manifestam. Quando ele inspira, eles são aniquilados. Só que a duração disso é inconcebível para nós.
O senhor diria que a literatura védica e a física quântica estão muito próximas? A física quântica é um aspecto da filosofia védica. Um aspecto chamado Sankya, ligado à ciência védica. Quando nosso mestre espiritual Prabhupada esteve aqui na Terra, entre nós, ele escreveu um livro muito interessante, A Vida Vem da Vida, no qual trata minuciosamente de ciência – que naquela época era muito materialista. Mas de 30 anos para cá isso mudou muito e a ciência já está bastante espiritualizada. Lógico, há sempre uma linha cética em seu meio, mas ela está se abrindo. Quando houver uma combinação da ciência material com o processo crescente de obter conhecimento empírico – descendente da literatura védica –, e a comprovação de certas realidades, teremos um momento especial em nossa história. Essa ponte entre Ocidente e Oriente, cada dia mais forte, é o que há de mais importante para nós. É o que realmente está criando uma revolução.
O senhor diria que a literatura védica é algo mais subjetivo e introspectivo ou mais físico e científico. Os livros védicos podem ser considerados científicos? Existem inúmeros livros védicos, sobre todos os assuntos. Há os que são bem objetivos e científicos, pés-no-chão mesmo e até com uma visão material prática e pragmática das coisas. E há os que têm um aspecto completamente sutil e refinado, que tratam de espiritualidade pura. Lembre-se, Veda significa conhecimento, e sabemos que há todo tipo de conhecimento na literatura hindu – política, direito, cosmologia, astronomia, astrologia etc.
Mas a literatura védica fala de universos interdimensionais muito antes da ciência tradicional. Como isso é possível? Sim, porque essa é uma realidade e tudo que é real você encontra nos Vedas. Assim como você pode se tornar um iogue, manter seu corpo aqui e viajar para outros planetas em espírito, sem naves. Isso é possível através do Yoga, embora não recomendável, por estar a situação externa desfavorável para tal prática. Porém, em outras eras os iogues se valiam de poderes místicos, viajavam a diferentes planetas, voltavam e seus corpos estavam onde os haviam deixado, tranqüilos.
O senhor disse que podemos ser visitados por seres superiores e inferiores, mas existe alguma forma de sabermos como reconhecê-los a distância? O problema é que eles se disfarçam [Risos], pois querem se passar por divinos. Essa é uma característica que todos os seres neste mundo material têm – pelo menos os humanos e os inferiores. Os superiores não têm esse problema. Por isso não podemos ficar só presos a conceitos e devemos buscar um conhecimento referencial. Se você tem o conhecimento védico, tem o entendimento da verdade. Então, se um ser aparece a sua frente, o fato dele vir de outros planetas não importa. Se ele está agindo de acordo com o conhecimento védico, isso sim é que importa – e nesse caso ele é bem-vindo. Agora, é interessante que você tenha acesso ao Baghavad Gità, que é uma forma de contato direto com Deus. Você não precisa ter contato com outros seres intermediários. Vishnu veio à Terra há 5 mil anos e deixou todos os seus ensinamentos num livro, e este livro não é diferente dele. O contato com essa literatura é o contato direto com o Ser mais elevado do mundo espiritual, que nem é dos planetas celestiais, mas mais além. Esse contato direto podemos ter através do Baghavad Gità.
Os meios de transporte mais comuns eram o cavalo e os carros puxados por cavalos. Mas havia também carros aéreos de vários tamanhos, como o Pushpaka Vimana, que era grande como uma cidade e dirigido com a força da mente
Pushpaka Vimana carros aéreos
Então não há duvidas quanto à existência de vida em outros planetas, de acordo com a literatura hindu. Mas quem sou eu e quem é o senhor, de acordo com tais tradições? Você é uma alma infinitesimal. Você não é fulano, você está fulano. Você esteve outras coisas antes e poderá estar novas coisas nas próximas vidas. Mas vive dentro de seu corpo, um Jivatma ou alma infinitesimal. Deus é Paramatma, a alma infinita. O que significa isso? Significa que você está dentro só deste corpo, não está dentro do meu corpo nem dentro do corpo de ninguém mais, e cada um de nós tem essa característica, que é estar limitado ao seu corpo e ter sua consciência limitada à sua atual condição.