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quarta-feira, 15 de abril de 2020

A pior crise desde a grande depressão de 1929, o COVID-19 pode destruir boa parte do nosso mundo





Um alerta drástico foi emitido pelo Fundo Monetário Internacional para todos os países (fonte). Segundo a entidade, a pandemia de coronavírus causará a pior crise econômica mundial desde a “Grande Depressão”, que foi a mais grave dos últimos séculos e que se iniciou em 1929 .

Ainda estamos enfrentando uma incerteza extraordinária sobre a profundidade e a duração dessa crise. Já está claro, no entanto, que o crescimento global se tornará fortemente negativo em 2020. De fato, esperamos as piores consequências econômicas desde a Grande Depressão – Kristalina Georgieva – Diretora-gerente do FMI (fonte).

O FMI é uma entidade composta por 188 países que foi criada para ajudar na reconstrução do sistema monetário internacional, que foi fortemente atingido na Segunda Guerra Mundial. Todos os países membros entendem que é necessária uma cooperação monetária global, para que o sistema financeiro se mantenha estável e seguro, permitindo comércio internacional, geração de empregos e crescimento econômico sustentável.

Olhando a história, é bem evidente a relação que existe entre crises econômicas e comerciais que acabaram se transformando em guerras. Nos dias de hoje, as econômicas estão tão conectadas e dependentes uma das outras, que uma crise econômica em um único país pode desencadear sérios problemas em todos os outros.

A função mais conhecida do FMI é a de emprestar dinheiro para países membros, com o objetivo de permitir que eles mantenham a estabilidade cambial e da balança de pagamentos, evitando que os efeitos negativos de uma crise acabem se espalhando.

O Brasil já pediu dólares emprestados ao FMI no passado, principalmente depois de uma crise que ficou conhecida como “Crise do Petróleo”, na década de 70. Continuamos pedindo empréstimos na década de 80. Em 1987 o governo brasileiro chegou a parar de pagar a dívida com FMI (dívida externa), só resolvendo a questão em 1994


Para emprestar dinheiro para um país falido ou em crise, obviamente o FMI impõe uma série de medidas, muitas vezes severas, de contenção de gastos públicos. Nesse momento o FMI está preparando mais de US$ 1 trilhão para socorrer países em crise, normalmente aqueles que não possuem reservas em dólares, que são importantes para que consigam fazer comércio com outros países e manter o valor de suas moedas locais.
Há apenas três meses, esperávamos um crescimento positivo da renda per capita (por pessoa) em mais de 160 dos nossos países membros em 2020. Hoje, esse número foi invertido: agora projetamos que mais de 170 países experimentarão uma queda da renda per capita este ano. A perspectiva sombria se aplica a economias avançadas e em desenvolvimento. Esta crise não conhece fronteiras. Todo mundo vai sofrer. Mercados emergentes e nações de baixa renda – em toda a África, América Latina (isso inclui o Brasil) e grande parte da Ásia – estão em alto risco. Com menos recursos, eles estão perigosamente expostos aos contínuos choques de demanda e oferta, aperto drástico nas condições financeiras e alguns podem enfrentar um encargo insustentável da dívida – Kristalina Georgieva – Diretora-gerente do FMI.

O FMI se mostra preocupado com as ações fiscais e monetárias dos países mais pobres. Muitos desses países estão adotando medidas que o FMI classifica como “ousadas”, mesmo enfrentando sérios problemas fiscais e financeiros. Os países estão arrecadando menos impostos e gastando dinheiro como nunca. Recentemente o secretário do Tesouro Nacional alertou para o risco de “Farra Fiscal” no Brasil (fonte).

Não há dúvida de que 2020 será excepcionalmente difícil. Se a pandemia desaparecer na segunda metade do ano – permitindo, assim, um levantamento gradual das medidas de contenção e a reabertura da economia -, nossa suposição inicial é de uma recuperação parcial em 2021. Mas, novamente, enfatizo que há uma tremenda incerteza em torno das perspectivas : pode piorar dependendo de muitos fatores variáveis, incluindo a duração da pandemia. É crucialmente, tudo depende das ações políticas que tomamos agora – Kristalina Georgieva – Diretora-gerente do FMI.




Para o FMI, se a pandemia desaparecer depois de julho de 2020, permitindo a reabertura da economia, não haverá recuperação total em 2021. A diretora-gerente alerta que a situação pode piorar e que tudo depende das ações dos políticos. Aqui no Brasil os políticos parecem estar em guerra. Prefeitos entram em atrito com governadores que entram em atrito com o poder executivo que entra em atrito com o poder legislativo e judiciário.

Desemprego



O maior problema das grandes crises econômicas é o desemprego. O mundo onde vivemos depende de pessoas que passam boa parte do dia trabalhando para que possam passar a outra parte do dia gastando o dinheiro que receberam trabalhando.

Isso que faz a “roda da economia girar”. É o que os americanos chamam de “rat race” ou “corrida dos ratos”. Se você não entende o que significa, veja essa rápida animação:



Isso que você viu na animação acima é o mundo que nossos antepassados construíram para nós e que estamos trabalhando duro para manter. Quando chegamos aqui, o mundo já era assim. Não devemos perder tempo julgando se isso é certo ou errado, bonito ou feio, justou ou injusto, como se o mundo fosse uma simples dualidade e não uma infinita complexidade.

O fato é que o mundo não se importa muito com aquilo que achamos dele. Entendo que cabe a cada um, somente entender como o mundo funciona e depois fazer escolhas para que se possa viver dentro dele. Se você leu o meu livro “Independência Financeira“, entende a importância de escapar disso através da educação financeira. Se realmente existisse boa educação financeira na vida das pessoas, na gestão das empresas e dos governos, o impacto negativo de crises como essas seria bem menor.


Grande depressão

A crise que se iniciou em 1929, que ficou conhecida como “A Grande Depressão” é um bom exemplo do que acontece com a vida das pessoas quando a “corrida dos ratos” deixa de funcionar e as economias param. Se o FMI e muitos economistas estão considerando que temos potencial de vivenciar uma crise como a de 1929, acho importante que todos saibam o que aconteceu em 1929. Quem sabe as pessoas possam evitar que isso volta a acontecer.

O documentário logo abaixo mostra o que aconteceu na grande depressão de 1929. Vale lembrar que 11 anos antes, o mundo também tinha sido atingido por uma pandemia, que ficou conhecida como “Gripe Espanhola” e matou 100 milhões de pessoas em 2 anos (fonte).



Antes que você fique assustado(a) com o vídeo acima e a com a comparação que o FMI fez entre a crise de 1929 e a crise de 2020, devemos considerar alguns pontos. A situação do mundo hoje é bem diferente de 1929.

O sistema financeiro, antes da segunda guerra, não estava estruturado como hoje. Não existiam entidades como o FMI, Bancos Centrais, cooperação e integração internacional do sistema financeiro. Até os fundamentos da economia ainda estavam sendo estudados e desenvolvidos pelos seus autores. Todas as crises que tivemos no passado nos ensinaram algo novo. Essa experiência nos ajuda a enfrentar as crises de hoje.



Todo dinheiro em 1929 era físico (papel e moeda). Atualmente as pessoas não precisam correr até os bancos para buscar dinheiro físico, pois podem fazer compras, pagar contas, transferir dinheiro para outras pessoas, empresas e até outros países utilizando o computador ou o celular. Os Bancos Centrais dos países possuem mecanismos de proteção e regulamentação do sistema financeiro. Entidades como o FGC oferecem garantias aos investidores que não existiam no passado. Como você viu nesse livro aqui, hoje podemos avaliar a situação financeira dos bancos onde investimos com muita facilidade.

Nos dias de hoje, qualquer pessoa, com um simples computador, pode fazer comércio de produtos e serviços pela internet para pessoas que estão em qualquer lugar do país ou do mundo. As empresas estão integradas no comercio internacional e produtos que faltam em um país podem ser facilmente comprados em outros países. Nada disso existia em 1929.

Em 1929, as pessoas não podiam aprender novas profissões ou adquirir conhecimentos que as pudessem fazer ganhar dinheiro com a facilidade que temos hoje. A readaptação das pessoas para uma nova realidade econômica era muito difícil. Não existia acesso fácil, barato e rápido ao conhecimento. Uma vítima da crise de 1929 não poderia acessar um artigo como esse na internet. Não poderia publicar seu currículo na internet ou enviar o mesmo para várias empresas sem sair de casa. Cursos e treinamentos não poderiam ser feitos de forma tão rápida e barata.

Nesse momento existem milhões de pessoas trabalhando em casa, como se estivessem em seus escritórios. Nada disso era possível na crise de 1929 ou durante a pandemia de 1918. A internet é uma ferramenta poderosa para realização do comércio, prestação de serviços, realização de transações financeiras, busca de conhecimento e educação.

Nem mesmo entidades como o FMI conseguem prever a gravidade e a duração da crise que está por vir, mas existe uma certeza. Assim como o mundo sofreu grandes mudanças entre a crise de 1929 e essa crise de 2020, devemos esperar muitas mudanças nos próximos anos. Para isso, precisamos estar abertos para buscar novos conhecimentos e nos adaptar.

Fonte: Clube Dos Poupadores

O Demônio avisou e ninguém acreditou


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