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domingo, 21 de fevereiro de 2021

Uma simulação de Super-Terras com possibilidade de vida




Máquina Z

Por si só, a Máquina Z, é um dos laboratórios mais impressionantes do mundo.

Localizado nos Laboratórios Sandia, nos EUA, o aparato gera até 26 milhões de amperes e centenas de milhares de volts, criando pulsos magnéticos de enorme potência, que aceleram pedaços de cobre e alumínio do tamanho de um cartão de crédito, conhecidos como placas voadoras.

Neste experimento, as placas foram lançadas muito mais rápido do que um projétil rumo a amostras de bridgmanita, o mineral mais comum da Terra - com o detalhe de que ele é comum no interior da Terra, já que se forma apenas sob altíssimas pressões, e as poucas amostras que temos dele foram coletadas em meteoritos vindos do espaço.

A pressão quase instantânea da interação entre os metais e o mineral - um silicato de magnésio - cria ondas sonoras longitudinais e transversais que revelam se a bridgmanita permanece sólida ou se transforma em líquido ou gás.

O objetivo é simular as gigantescas pressões gravitacionais que exoplanetas conhecidos como Super-Terras - até oito vezes maiores que nosso planeta - exercem no mineral, que também deve ser abundante por lá.

"A questão diante de nós é se algum desses superplanetas é realmente semelhante à Terra, com processos geológicos ativos, atmosferas e campos magnéticos," explicou o pesquisador Joshua Townsend.

Campo magnético planetário

Os experimentos deram origem a uma tabela que mostra quando o interior de um planeta seria sólido, líquido ou gasoso sob várias pressões, temperaturas e densidades, e em que intervalos de tempo isso aconteceria.

Apenas um núcleo líquido - com seus metais deslocando-se uns sobre os outros em condições semelhantes às do dínamo terrestre - produz os campos magnéticos que podem desviar os destrutivos ventos solares e raios cósmicos da atmosfera do planeta, permitindo o desenvolvimento e a manutenção da vida.

Esta informação crítica sobre a intensidade do campo magnético produzida pelos núcleos das Super-Terras de diferentes tamanhos está bem escondida de qualquer tentativa de análise por imagens. Foi aí que a equipe teve a ideia de usar a Máquina Z.

"A Z deu à nossa equipe uma ferramenta única, que nenhuma outra técnica pode igualar, para que possamos explorar as condições extremas dos interiores das Super-Terras," disse o pesquisador Yingwei Fei. "Os dados de alta qualidade sem precedentes da máquina têm sido críticos para o avanço do nosso conhecimento das Super-Terras."
 
Sete alvos

A análise dos dados apontou para pelo menos sete exoplanetas que vale a pena pesquisar de forma mais aprofundada em busca de sinais de vida: 55 Cancri e; Kepler 10b, Kepler 36b, Kepler 80e, Kepler 93b, CoRoT-7b e HD-219134b.

"Esses planetas, que consideramos com mais probabilidade de sustentar vida, foram selecionados para um estudo mais aprofundado porque têm proporções semelhantes às da Terra em seu ferro, silicatos e gases voláteis, além de temperaturas internas propícias à manutenção de campos magnéticos para proteção contra o vento solar," disse o professor Christopher Seagle.

O foco em planetas superdimensionados surgiu porque grandes pressões gravitacionais significam que as atmosferas têm maior probabilidade de sobreviver a longo prazo.

"Por exemplo, como Marte era menor, ele tinha um campo gravitacional mais fraco para começar. Então, à medida que seu núcleo esfriava rapidamente, ele perdeu seu campo magnético e sua atmosfera foi subsequentemente arrancada," comparou Townsend.



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terça-feira, 5 de maio de 2020

Neutrinos dão pistas revelando porque o universo existe

O detector de neutrinos Super-Kamiokande é um tanque de 40 metros de altura e 40 metros de diâmetro, preenchido com 50.000 toneladas de água ultrapura e revestido com 13.000 detectores.


Origem da matéria do Universo
Uma equipe internacional de físicos, trabalhando no detector de neutrinos SuperKamiokande, instalado no Japão, encontrou indícios que podem explicar para onde foi toda a antimatéria do Universo.

O experimento envolve um dos maiores mistérios da Física: Se o modelo do Big Bang está correto, então o Universo deve ter nascido com proporções idênticas de matéria e antimatéria. Como ambas se aniquilam assim que se tocam, tudo o que deveria ter restado seria uma "sopa" de energia, sem matéria. Ocorre que, hoje, 13,6 bilhões de anos depois, não existe virtualmente nenhuma antimatéria, e todo o nosso Universo material está aí para quem quiser ver.

A hipótese levantada pelos físicos para explicar essa incongruência é que matéria e antimatéria devem se comportar de formas diferentes - em outras palavras deve haver uma quebra na simetria do comportamento de uma partícula de matéria e sua correspondente de antimatéria.

Já foram documentadas diferentes quebras de simetria CP (inversão de paridade de conjugação de carga) envolvendo os blocos fundamentais da matéria, os quarks, que formam os prótons e nêutrons, e seus equivalentes de antimatéria, mas esses desvios não conseguem explicar todo o efeito.

E, infelizmente, experimentos recentes não encontraram nada ao comparar o comportamento do hidrogênio e do anti-hidrogênio e ao medir o espectro de luz emitido pela antimatéria.

Neutrino e antineutrino
Os físicos se voltaram então para os neutrinos, partículas do tipo lépton (como o elétron, múon e tau) quase sem massa, mas que estão por toda parte - calcula-se que 50 trilhões de neutrinos atravessem o nosso corpo a cada segundo. Se for encontrada uma quebra de simetria entre neutrinos e antineutrinos então o enigma estaria muito mais próximo de ser desvendado.

Foi justamente isto que a equipe encontrou - ou, mais rigorosamente, a equipe encontrou justamente indícios de que esse pode ser o caso.

À medida que viajam pela Terra, os neutrinos mudam de identidade, oscilando entre diferentes propriedades físicas conhecidas como sabores - a descoberta da oscilação dos neutrinos rendeu o Nobel de Física em 2015 à equipe desse mesmo laboratório SuperKamiokande.



Os novos resultados mostraram uma incompatibilidade na maneira como os neutrinos e os antineutrinos oscilam, o que foi feito registrando os números deles que chegaram ao SuperKamiokande com um sabor diferente daquele com o qual haviam sido criados por um acelerador de prótons a 295 km de distância.




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quarta-feira, 15 de abril de 2020

A Lua fará conjunção com três planetas no céu um sinal para a humanidade


Quem gosta de Ufologia normalmente tem o hábito de examinar o céu em busca de objetos ou simplesmente para se encantar
com o firmamento. Esta semana teremos a Lua fazendo conjunções muito especiais que valem a pena observar.

A Lua fará um verdadeiro passeio pelo Sistema Solar esta semana, ao entrar em conjunção com três planetas, em três dias seguidos.

Os fenômenos são um presente para quem gosta de observar o céu e poderão ser vistos a olho nu em todo o Brasil.

Em termos astronômicos, uma conjunção é quando dois ou mais corpos celestes aparecem perto uns dos outros no céu. Eles não estão realmente próximos, trata-se de uma ilusão causada por sua posição no céu em relação a nós. Ainda assim, é um belo fenômeno.

Júpiter, Saturno, Marte e a Lua estarão próximos no céu durante a terceira semana de abril, então você terá muitas oportunidades para observar o quarteto.

Mas há datas específicas para a aproximação máxima entre cada um dos astros, que listamos abaixo. Se puder, tente fotografar o fenômeno todos os dias para poder acompanhar as conjunções.

Comparando os resultados, você terá uma melhor noção da movimentação dos astros na esfera celeste.

Vale lembrar que todos os horários e direções mencionados neste artigo têm como base um observador em Brasília, e podem variar de acordo com sua localização no país.

Uma sugestão é consultar a página sobre a conjunção no site In the Sky, que leva em consideração a localização do visitante para atualizar as informações.

Você pode alterar a localização usando o botão Change Location no canto superior direito da página.

Abaixo segue o calendário para fazer a melhor observação:

14 de abril: conjunção da Lua com Júpiter. O par será visível a olho nu partir das 00h00 até as 06h00, olhe para o leste. Plutão também estará ali pertinho, mas devido à distância não é visível a olho nu.

15 de abril: Saturno ficar em conjunção com a Lua. O par será visível a olho nu partir das 00h24 até as 06h05, olhe para o leste.

16 de abril: Marte estará em conjunção com a Lua. O par será visível a olho nu a partir da 01h04, quando surge no horizonte, até as 06h04. Saturno, Júpiter e Plutão estarão logo acima da Lua, o que torna esta uma ótima oportunidade para ver vários astros de uma vez só. Olhe para o leste.

Para se orientar em relação aos pontos cardeais, uma dica é usar um app em seu smartphone. Quem tem um iPhone não precisa instalar nada, basta usar o app Bússola que é parte do iOS.

Para Android, há o Apenas uma bússola, que é bonito, simples, gratuito e, mais importante, sem anúncios.

Além da direção em que o celular está apontando, ele também indica o horário do nascer e do pôr do Sol, sua altitude e até a intensidade do campo magnético próximo ao aparelho. Tudo isso em uma tela só. Fonte: 
Olhar Digital


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sábado, 11 de abril de 2020

O Cometa do século o Atlas está se fragmentando


Uma das grandes promessas celestes de 2020, o cometa Atlas dá sinais de que algo não anda bem em seu núcleo. Mas, segundo cientistas, ainda há esperanças de vermos um dos grandes espetáculos da natureza.

Descoberto em 28 de dezembro de 2019, o cometa batizado de Atlas em homenagem ao telescópio com o qual foi visto, foi observado inicialmente de forma muito tênue.

Porém, como foi ganhando brilho ao longo do tempo, isso gerou muita expectativa entre os astrônomos, pois começou-se a especular que o cometa pudesse ser visto a olhos nus, mesmo durante o dia.
 

Uma das grandes promessas celestes de 2020, o cometa Atlas dá sinais de que algo
não anda bem em seu núcleo. Mas, segundo cientistas, ainda há esperanças de vermos um dos grandes espetáculos da natureza.

Descoberto em 28 de dezembro de 2019, o cometa batizado de Atlas em homenagem ao telescópio com o qual foi visto, foi observado inicialmente de forma muito tênue.

Porém, como foi ganhando brilho ao longo do tempo, isso gerou muita expectativa entre os astrônomos, pois começou-se a especular que o cometa pudesse ser visto a olhos nus, mesmo durante o dia.

O Atlas estava a caminho de se tornar um dos cometas mais brilhantes visto a partir do planeta Terra, comparável com ao Hale-Bopp, visto em 1997, o último realmente brilhante a cruzar os céus da Terra.


De acordo com as previsões, o cometa está liberando uma grande quantidade de gases voláteis congelados, e essa ação é o que causa o seu rápido aumento de brilho.

As projeções são de que Atlas poderia alcançar o seu máximo esplendor para quem observa da Terra, durante o mês de maio de 2020, e que seria tão brilhante quanto o planeta Vênus. Agora, algo parece estar mudando.

Antes, acreditava-se que se o cometa mantivesse o comportamento atual, seu rasto poderia ser contemplado a olho nu durante várias semanas, um espetáculo e tanto que marcaria gerações.

O Atlas estava a caminho de se tornar um dos cometas mais brilhantes visto a partir do planeta Terra, comparável com ao Hale-Bopp, visto em 1997, o último realmente brilhante a cruzar os céus da Terra.

Porém, em 06 de abril, os astrônomos Quanzhi Ye, da Universidade de Maryland e Qicheng Zhang, da Caltech, mostraram em novas imagens que o núcleo do cometa parece estar se alongando.

“Isso ocorre quando há uma grande perturbação do núcleo", disse Karl Battams, do Laboratório de Pesquisa Naval em Washington DC. Na verdade, astrônomos do mundo inteiro estão registrando a mesma coisa.

Segundo Battams, “a órbita do cometa está sendo influenciada por forças não-gravitacionais. A maioria dos cometas ativos experimenta isso até certo ponto, mas as forças não-gravitacionais do ATLAS começaram a funcionar muito abruptamente e são bastante fortes”.

De acordo com o cientista, o que acontece aponta para uma fragmentação. “Não vamos esquecer que Atlas é um fragmento de um cometa maior relacionado ao Grande Cometa, de 1844. Fragmentar é uma característica da família desses caras".

Os astrônomos não consiguem realmente prever se Atlas brilhará ou se irá se juntar a lista de seus muitos colegas que prometeram um espetáculo e não cumpriram.

Por outro lado, enquanto estiver brilhante, astrônomos amadores poderão estudá-lo e aprender com ele. Vamos torcer para que possamos vê-lo em nossos céus. Fonte: Revista UFO


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quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Telescópio espacial dos EUA será distribuído e formado por nanossatélites



Telescópio distribuído


A Fundação Nacional de Ciências dos EUA (NSF) deu o sinal verde - e o dinheiro - para o desenvolvimento de um telescópio espacial inovador, diferente de qualquer outro observatório já lançado.

Em vez de um grande telescópio único, o VISORS será formado por uma frota de nanossatélites - também conhecidos como cubesats - trabalhando em conjunto, o que permitirá demonstrar a viabilidade de se alcançar resoluções superiores a qualquer observatório já construído

O Centro de Voos Espaciais Goddard, da NASA, se juntará a 10 universidades para detalhar o projeto e construir o VISORS - a propósito, o nome é uma sigla para "óptica virtual de super-resolução com enxames reconfiguráveis", com os enxames referindo-se a grupos de naves voando em formação autônoma.


O espaço será futuramente uma zona de guerra

"Desvendar os mistérios do Universo geralmente requer descobrir coisas invisíveis ao olho humano por meio de novas tecnologias de detecção e imagem," disse o professor Farzad Kamalabadi, um dos idealizadores do projeto.

O telescópio demonstrará várias tecnologias inovadoras, incluindo voo de naves em formação de precisão, novas ópticas difrativas (dividindo um único feixe de luz em múltiplos feixes que podem ser focados em diferentes pontos do mesmo eixo), imagens computacionais e alta taxa de transferência de dados, inspirada na 5G da comunicação entre satélites.

A estrutura resultante deverá inaugurar uma nova classe de telescópios espaciais com resolução inédita, permitindo que os pesquisadores investiguem processos astrofísicos em detalhes sem precedentes e, de acordo com Kamalabadi, possibilitem novas descobertas científicas.


Segredos do Sol



Um dos focos deste observatório espacial distribuído será nossa própria estrela, uma vez que o telescópio terá resolução suficiente para revelar estruturas filamentosas na atmosfera do Sol, conhecida como corona, uma aura de plasma que envolve o Sol e outras estrelas.

O objetivo é coletar informações sobre as origens do aquecimento coronal - Por que a corona é mais quente do que a superfície do Sol? -, uma questão fundamental, porém sem resposta, na ciência espacial e na astrofísica estelar.

Uma das novidades do projeto é a disseminação do conhecimento e sua utilização, desde o princípio, para a formação de novos pesquisadores.


A Força Espacial transportará qualquer pessoa 

Para isso, estudantes de graduação e pós-graduação participarão de todas as etapas do desenvolvimento, e as novas tecnologias serão demonstradas nas salas de aula das instituições parceiras por meio de um kit de ferramentas de software de código aberto a ser desenvolvido pela equipe. Para o público mais jovem, há um plano para uma demonstração prática do telescópio virtual para uma exibição em museus de ciências.

"Pequenos satélites sempre tiveram um componente de participação estudantil muito forte," disse Kamalabadi. "Esse aspecto da capacidade de desenvolvimento de pequenos satélites foi planejado pela NSF para oferecer oportunidades para capturar a imaginação dos estudantes em atividades que vão além do que é comum na maioria dos campi e para preparar a próxima geração com as habilidades necessárias para inovar na arena sempre em expansão das tecnologias espaciais."

Fonte: www.inovacaotecnologica.com.br


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domingo, 29 de dezembro de 2019

Telescópio Cheops da ESA dedicado ao estudo de planetas extrassolares, ou exoplanetas.









Impressão artística do Cheops em órbita, com um sistema de exoplanetas ao fundo.

Características dos exoplanetas
Foi lançado com sucesso ao espaço o observatório Cheops, a primeira missão da ESA (Agência Espacial Europeia) dedicada ao estudo de planetas extrassolares, ou exoplanetas.

Cheops é uma sigla para CHaracterising ExOPlanet Satellite, ou Satélite de Caracterização de Exoplanetas, uma parceria entre a ESA e a Suíça, com um consórcio próprio liderado pela Universidade de Berna e com contribuições de outros 10 estados membros da agência espacial.

A missão Cheops da ESA levanta voo a bordo de um foguetão Soyuz-Fregat. Crédito: ESA - S. Corvaja



Ao contrário dos telescópios caçadores de exoplanetas anteriores, como a missão Corot e as missões Kepler e TESS da NASA, o observatório Cheops não é uma "máquina de descobertas", mas uma missão de acompanhamento, focada em estrelas individuais que já são conhecidas por abrigar um ou mais planetas. Ele também identificará os melhores candidatos para estudos detalhados por futuros observatórios.

Tamanho e densidade dos exoplanetas
A missão observará estrelas brilhantes, medindo mudanças minúsculas de brilho devido ao trânsito do planeta através do disco da estrela. Os principais alvos são estrelas que possuem planetas na faixa de tamanho entre a Terra e Netuno.

As medições de alta precisão permitirão calcular o tamanho de cada exoplaneta. Juntamente com informações independentes sobre as massas dos planetas, isso permitirá determinar a densidade de cada um, viabilizando uma primeira caracterização desses mundos extrassolares. A densidade de um planeta fornece pistas vitais sobre a sua composição e estrutura, indicando, por exemplo, se é predominantemente rochosa ou gasosa, ou mesmo a presença de oceanos significativos.

A missão Cheops prepara o caminho para a próxima geração de observatórios de exoplanetas da ESA - Plato e Ariel - planejados para a próxima década. Juntas, estas missões ampliarão o conhecimento necessário para responder à pergunta fundamental: Quais são as condições para a formação dos planetas e o aparecimento da vida no Universo?
Fonte: Inovação Tecnológica





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domingo, 22 de dezembro de 2019

Telescópio TESS parece que encontrou pistas sobre o planeta misteriosos 9



Parece haver algo grande à espreita nos confins do Sistema Solar, mexendo com as órbitas de algumas das rochas do Cinturão de Kuiper, passando por Netuno. Astrônomos acreditam que é um planeta com cerca de cinco vezes a massa da Terra . Eles o chamam de Planeta Nove.

Mas encontrar esse possivel planeta não é tão simples. Visto daqui da Terra, ele nos pareceria extremamente pequeno e fraco, isso se soubéssemos par aonde olhar, coisa que não sabemos. Os astrônomos estão pesquisando (e encontrando outras coisas realmente legais no processo ), mas é um trabalho lento e meticuloso. De acordo com um novo artigo , no entanto, poderia haver outra maneira: o Transess Exoplanet Survey Satellite (TESS), da NASA. E é até possível que o planeta já tenha sido observado, e esteja oculto nos dados do TESS.

Você pode estar pensando "claro, é um telescópio que caça planetas", mas procurar planetas muito distantes e procurar planetas relativamente próximos são duas coisas diferentes. O TESS procura exoplanetas usando o método de trânsito. Ele olha fixamente para determinadas seções do céu por longos períodos, buscando por diminuições fracas e regulares na luz das estrelas, cuja causa seria a passagem de planetas que orbitam aquela estrela. A órbita desses planetas, quando se situa entre nós e a estrela é conhecida como trânsito.

E uma única exposição não revelaria um objeto tão fraco quanto o Planeta Nove. No entanto, a maneira como o TESS olha fixamente para o céu por longos períodos pode ser combinada com uma técnica de astronomia chamada rastreamento digital. Para revelar quedas de trânsito, o TESS tira muitas fotos de um campo de visão. Se você empilhar essas imagens, os objetos fracos podem se tornar muito mais brilhantes, revelando corpos que, de outra forma, ficariam ocultos.

Como o Planeta Nove é um objeto em movimento, apenas empilhar as imagens não revelaria necessariamente o planeta. É aqui que você precisa adivinhar um pouco para calcular uma órbita estimada do objeto, mudar as exposições para o centro da sua posição estimada e, então, empilhar as imagens. "Para descobrir novos objetos, com trajetórias desconhecidas", escreveram os pesquisadores em seu artigo , "podemos tentar todas as órbitas possíveis! Apenas alimentamos suas imagens e correções de órbita e paralaxe (o TESS tem uma órbita altamente elíptica ao redor da Terra, para que a linha de visão seja deslocada à medida que se move) em um programa de software e aguarde os resultados."

Parece uma abordagem de dispersão, mas pode realmente funcionar. Por exemplo, o rastreamento digital com o Telescópio Espacial Hubble foi usado para descobrir vários objetos além de Netuno. A próxima pergunta é se o TESS é poderoso o suficiente para detectar o planeta. Mas há uma maneira de testar isso também. Os modelos sugeriram que o Planeta Nove tem uma magnitude aparente - ou seja, o brilho visto da Terra - entre 19 e 24. Existem alguns objetos trans-netunianos em órbita que têm magnitudes aparentes dentro desse intervalo : Sedna (20,5 a 20,8), 2015 BP519 (21.5) e 2015 BM518 (21.6).

(Holman et al., Research Notes of the AAS, 2019)



Então, a equipe usou o rastreamento digital para resolver cada um desses três objetos e todos os três apareceram claros como um cristal de baixa resolução realmente distorcido. Mas ainda assim, identificável. Você pode vê-los na imagem acima: A partir da esquerda, temos Sedna, 2015 BP519 e 2015 BP518. As imagens foram mostradas em negativo para facilitar a visualização dos objetos. Hipoteticamente, o TESS deve ser capaz de ver qualquer objeto em torno dessas magnitudes. O que significa, disseram os pesquisadores, que também deve ser capaz de ver o Planeta Nove. Pode até já estar lá nos dados - ainda não o encontramos. Você precisaria testar todas as órbitas possíveis, o que poderia exigir muita computação. A pesquisa foi publicada em Research Notes of the AAS.






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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Imagem da Galaxia da Baleia mostra filamentos magnéticos emergindo do seu campo





Tentáculos magnéticos

Esta imagem da Galáxia da Baleia (NGC 4631), feita com o VLA (Karl Jansky Very Large Array), revela filamentos emergindo do campo magnético da galáxia, projetando-se acima e abaixo do disco da galáxia.

A galáxia espiral é vista de frente, com seu disco de estrelas mostrado em rosa.

Os filamentos, mostrados em verde e azul, estendem-se além do disco até o halo estendido da galáxia - verde indica filamentos com seu campo magnético apontando em nossa direção e azul com o campo apontando para longe de nós.

Esse fenômeno, com o campo magnético alternando em direção, nunca havia sido visto no halo de uma galáxia.

"Nós estamos mais ou menos como na história do cego e do elefante, já que cada vez que olhamos para uma galáxia de uma maneira diferente chegamos a uma conclusão diferente sobre sua natureza! No entanto, parece que temos uma daquelas raras ocasiões em que uma teoria clássica, sobre geradores magnéticos chamados dínamos, previu muito bem as observações da NGC 4631. Nosso modelo de dínamo produz campos magnéticos em espiral no halo que são uma continuação dos braços espirais normais no disco da galáxia," disse Richard Henriksen, da Universidade Queen's (Reino Unido).

"Esta é a primeira vez que detectamos claramente o que os astrônomos chamam de campos magnéticos coerentes e de larga escala no halo de uma galáxia espiral, com as linhas de campo alinhadas na mesma direção por distâncias de mil anos-luz. Nós vemos até mesmo um padrão regular desse campo organizado mudando de direção," disse Marita Krause, do Instituto Max-Planck de Radioastronomia, na Alemanha.

Os astrônomos planejam aprofundar suas observações para refinar ainda mais sua compreensão da estrutura magnética completa da galáxia. Fonte: Revista: Astronomy & Astrophysics


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quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Robô da NASA procurará por vida alienígena nos oceanos subterrâneos da Europa a lua de Júpiter






A NASA está se preparando para testar um robô sob o gelo marinho da Antártida, na esperança de enviar uma máquina semelhante para procurar alienígenas nos oceanos subterrâneos da Europa, lua de Júpiter. Quiçá, em Encélado, lua de Saturno. O robô de duas rodas, chamado de rover flutuante para exploração sob gelo (BRUIE), usa a flutuabilidade para se ancorar de cabeça para baixo na borda inferior do gelo. Isso o diferencia de outros conceitos de robôs de navegação livre, projetados para procurar vida marinha extraterrestre, como o EurEx (Europa Explorer).

Enquanto o BRUIE não pode sondar as profundezas de mares alienígenas, pode ser extremamente útil para estudar a zona onde as crostas de gelo e o ambiente oceânico interagem na Terra.


"Descobrimos que a vida geralmente ocorre em interfaces, tanto no fundo do mar quanto na interface de água gelada no topo", disse Andy Klesh, engenheiro-chefe do BRUIE, em um comunicado. "A maioria dos submersíveis tem dificuldade em investigar essa área, pois as correntes oceânicas podem causar colapsos e os aparelhos perderiam muita energia mantendo a posição”, explica Klesh. “O BRUIE, no entanto, usa flutuabilidade para permanecer ancorado ao gelo e é impermeável à maioria das correntes”, completou ele. Há muitas evidências de que na lua Europa – que é um pouco menor que a nossa Lua –, existe um vasto oceano salgado sob sua crosta gelada, que provavelmente contém mais água do que todos os oceanos da Terra juntos. De fato, este mês, os cientistas foram capazes de detectar diretamente plumas de vapor d'água disparando de fendas no gelo pela primeira vez.

A água líquida tem sido um ingrediente essencial para o desenvolvimento da vida na Terra, e sua presença em outros mundos é considerada o fator mais significativo em sua potencial habitabilidade. Como resultado, Europa se tornou um dos alvos mais procurados para a exploração robótica. O mesmo acontece com Encélado, que também parece ter um oceano subterrâneo de água líquida. Seria um imenso desafio pousar na Europa, porque Júpiter emite um tipo de radiação prejudicial que deve embaralhar a eletrônica da espaçonave. Mesmo que um lander fizesse a façanha, um submersível em Europa teria que encontrar uma maneira de cavar ou derreter seu caminho por 10 a 15 km de crosta de gelo para alcançar o oceano. Mas, se cientistas e engenheiros forem capazes de resolver esses desafios, o BRUIE será uma ferramenta valiosa para explorar os estranhos mundos aquáticos dentro de Europa ou Encélado.

O robô já foi testado no Alasca, e nas próximas semanas a NASA se unirá ao Programa Antártico Australiano para conduzir o BRUIE sob o gelo do mar perto da Estação Casey. Veja:



"Testaremos a resistência do rover, principalmente quanto tempo as baterias podem durar em condições extremas de campo e como ele lida com uma variedade de terrenos", disse Klesh em comunicado. A equipe espera que a BRUIE consiga lidar com a possibilidade de ficar na água gelada por meses sem perder toda a energia, o que será necessário para sua missão em mundos alienígenas. Não está claro se os robôs encontrarão o caminho para os mares de Europa, mas, assumindo que sim, a equipe BRUIE pretende estar pronta para dar esse mergulho. Torcemos! Fonte: VICE


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Afinal Nibiru está próximo ou não? Nibiru está próximo !


Nibiru está próximo
Nas últimas décadas estamos experimentando algo quase patológico, um processo em que as pessoas buscam de qualquer maneira encontrar e estabelecer uma base científica para justificarem suas crenças de que estamos diante de uma destruição iminente. Tentam encaixar suas teorias empregando conceitos supostamente provenientes das profecias maias e de outras culturas, dos legados de Nostradamus e de variadas origens. Tudo fazem para terem como certo que o fim é inevitável e está próximo. Neste quadro, entre as causas mais invocadas ou apontadas pelos divulgadores e seguidores dessas crenças – revestidas de científicas sem o serem –, está a aproximação da Terra de um astro de grandes dimensões, vindo das profundezas ou da parte mais externa do Sistema Solar, e que provocaria uma quantidade quase inimaginável de problemas em nosso planeta.

Isso já foi previsto antes para várias datas, mas quando as alcançamos, nada aconteceu e o fim nunca se materializou – o que chega a gerar um sentimento de decepção nas pessoas que defendem a teoria do cataclismo derradeiro. Quantas vezes isso já aconteceu? Como explicar tal patologia? Mas há algo ainda pior, que é o fato de que a data da suposta destruição é sempre reconsiderada e remarcada, quando se verifica que nada ocorre, para que se tente manter acesa a ilusão. Isso é algo muito semelhante ao esperado contato definitivo com extraterrestres, que seria inevitável em datas já marcadas por inúmeros contatados e médiuns, inclusive no Brasil, mas que nunca se concretizaram. As pessoas que defendem tais idéias aparentemente acreditam que tenham mesmo sido escolhidas para anunciar a chegada de nossos visitantes ou o “fim dos tempos”, como veremos neste artigo – e algumas vezes, as duas coisas dentro de um mesmo pacote.

Existem vários nomes para o misterioso e tão esperado astro intruso e destruidor. Nibiru para os sumérios, Marduk para babilônios, Hercólobus para os gnósticos etc. Também encontramos várias versões e nomes para ele dentro do movimento espírita. Após muitos estudos da matéria, não tenho a menor dúvida, também, de que não faz sentido discutir este assunto tendo por base qualquer forma de crença em profecias, sejam de origem maia, atribuídas a Nostradamus ou relacionadas a mensagens espirituais. Igualmente, não cabe enxergar este tema tendo como fonte de informações os protagonistas de supostos contatos com os tripulantes de discos voadores. Afinal, se fizermos uma busca na internet, vamos nos deparar com uma surpreendente revelação: para quem defende a idéia do astro intruso, sua existência e aproximação definitiva de nosso planeta estaria mais do que documentada cientificamente. Ou seja, o que resta para se debater?


CONTROVÉRSIA E DESINFORMAÇÃO
A edição UFO 148, de dezembro, veiculou um artigo bombástico de autoria do professor universitário Salvatore De Salvo, que apresenta este mesmo tipo de “revelação”: Nibiru vem e causará estragos inimagináveis. Em Nibiru: Perigo Iminente, De Salvo faz referências a uma série de sinais que já estariam sendo observados em todo o Sistema Solar, cuja origem, segundo o autor, só poderia ser atribuída à presença e aproximação do referido corpo celeste devastador. Se aceitarmos o que foi publicado – que está refletido na maioria dos sites que tratam do assunto –, a maior parte da humanidade está mais do que condenada à extinção. Mas a pergunta é: podemos realmente levar a sério esta história? Vamos analisar isto em profundidade neste texto.


Apesar de no movimento espírita existirem referências históricas quanto a um suposto astro de grandes dimensões, que passaria na vizinhança da Terra produzindo terríveis efeitos – como vemos nas obras de Chico Xavier e Hercílio Maes, por exemplo –, a verdade é que esta discussão teve início, do ponto de vista mais objetivo ou supostamente científico, apenas em 1976, quando Zecharia Sitchin publicou no exterior seu primeiro livro, O Décimo Segundo Planeta [Editora Best Seller, 1990], tratando do tema. Sitchin, especialista em escrita cuneiforme, teria traduzido farto material de origem suméria e para montar uma ampla e revolucionária teoria. Dentre as “descobertas” do autor estariam noções sobre a origem e o passado do Sistema Solar e a confirmação da existência de um grande astro situado muito além da órbita de Plutão. Tal órbita seria extremamente alongada, com alto grau de excentricidade, como se fala na astronomia. Ainda segundo Sitchin, o corpo ou planeta seria habitado por uma avançada civilização que periodicamente faria contato com a humanidade, tendo até interferido geneticamente para a criação de uma espécie de raça escrava para o cumprimento de seus objetivos de exploração da Terra. Para Zecharia Sitchin, seríamos resultado de um processo de intervenção dos habitantes do misterioso astro. O autor ainda teria “constatado”, no material sumério a que teve acesso, que os contatos desta raça espacial com nosso planeta se dariam principalmente nos períodos em que Nibiru se encontraria no ponto de sua trajetória mais próximo do Sol, o periélio. A teoria desenvolvida por Sitchin, lançada e ampliada em obras subseqüentes, guarda alguns paralelos com outras teses, inclusive com uma que desenvolvi e se refere à origem extraterrestre da humanidade, mas apenas no que diz respeito à idéia central.

SERES CAPAZES DE VIAJAR PELO ESPAÇO
Segundo o que concluí em meus estudos, a partir da análise das sucessivas visitas de ETs em nosso passado e de sua interferência na evolução biológica da humanidade, temos um visível grau de parentesco com outras espécies cósmicas. Porém, a hipótese de Sitchin difere da minha por ficar restrita à noção de que nossos visitantes estavam associados exclusivamente a Nibiru.

Indiscutivelmente, o trabalho de Sitchin é fruto de um exaustivo estudo das tradições sumérias e não pode ser descartado ou menosprezado – até porque, algumas de suas idéias chegam perto de noções atuais sobre a estrutura e formação do Sistema Solar. Mas, por outro lado, existem pontos realmente problemáticos nas interpretações do autor, como a idéia de Nibiru – se é que existe – ter abrigado um processo de evolução biológica capaz de gerar seres capazes de viajar pelo espaço. A astronomia considera faixa ou área de habitabilidade a região em torno das estrelas na qual as condições seriam favoráveis para o aparecimento e desenvolvimento da vida. Se existirem planetas nessa faixa, evidentemente dependendo ainda de outras condições, a vida pode nascer neles e trilhar um caminho evolucionário, levando até ao surgimento de formas capazes de viajar pelo espaço. Para que isso ocorra, é básico e necessário que o corpo não tenha órbita nem muito perto, nem muito longe de seu sol, pois do contrário os processos químicos, que estão na base da vida, não são viáveis, tanto para o surgimento quanto para o desenvolvimento e evolução da vida. Igualmente, quanto menor for a excentricidade de uma órbita planetária, melhor. Mas isso, é claro, se o hipotético mundo estiver dentro da referida faixa de habitabilidade.


No caso do Sistema Solar, esta área onde a vida é possível começa na órbita de Vênus e não vai além do cinturão de asteróides. Ou seja, Nibiru, com uma órbita como a apresentada por Sitchin e defendida por outros autores, teria possibilidade de vida totalmente fora de qualquer discussão. E antes que se diga que a estrutura dos supostos “nibiruanos” poderia ser totalmente diferente de tudo que é conhecido, e assim eles seriam possíveis em condições tão adversas, basta lembrar que, segundo o próprio Zecharia Sitchin, os habitantes de Nibiru teriam tipo físico semelhante ao do ser humano. Aliás, mais do que isso: poderiam interagir geneticamente com a humanidade, gerando a raça que hoje vive sobre a Terra. Este ponto da discussão serve para escolhermos um caminho para nossas reflexões daqui para frente. É claro que podemos encontrar muitas informações de utilidade perdidas através dos tempos nas antigas tradições das civilizações que habitaram o planeta e pereceram. Mas até que ponto um trabalho, como o desenvolvido por Sitchin, pode ser visto como algo consistente e passível de aceitação cientificamente?

Além da evidente dificuldade de interpretar textos milenares, como ele se propôs a fazer, quem pode garantir até onde tais manuscritos realmente representavam uma história real quando foram concebidos? Estamos tratando de documentos pertencentes a civilizações extintas há milhares de anos. Como ter certeza de que não seria uma novela ou uma obra de ficção o que pretendiam seus autores? Esta situação é a mesma de um hipotético arqueólogo do futuro que, talvez daqui a 3.000 anos, examinasse os restos de nossa civilização já extinta e descobrisse vestígios daquilo que antes foi uma biblioteca. Suponha o leitor que um dos primeiros exemplares descobertos e posteriormente traduzidos seja um livro de ficção científica descrevendo uma viagem interestelar no estilo do seriado Jornada nas Estrelas, e o segundo seja a versão literária do clássico A Guerra dos Mundos, de Orson Wells, dos anos 50? E mais: imagine o leitor que, no meio disso tudo, tal arqueólogo também encontrasse e traduzisse um relato jornalístico sobre a Guerra do Golfo. O que ele pensaria a respeito de nosso passado?


EQUÍVOCOS E IMPRECISÃO DA MÍDIA
Não seria esta a mesma situação que enfrentamos agora quando estudamos relatos e lendas de povos que habitaram a Terra milênios atrás? É difícil dizer, mas existe um caminho que considero seguro para seguirmos em nosso raciocínio, com chance de nos levar à uma idéia do que pode ser a realidade. Primeiro, temos que fazer uma avaliação precisa das fontes que usamos ou podemos tomar como base de nossas interpretações. Simplesmente, não é possível querer discutir se estamos na iminência de um processo de destruição total de nossa espécie sem este cuidado básico e imprescindível. Em segundo lugar – e não tenho como deixar de chamar a atenção dos leitores para esta grave questão – estão os equívocos e a imprecisão da mídia quando divulga notícias de origem científica, principalmente da astronomia e da exploração espacial. Quando trata destes assuntos, a imprensa comete sérios deslizes, e isso tem que ser levado em consideração ao examinarmos a questão. Usar pequenas notas de jornais sobre supostas descobertas como fundamentação científica para este assunto é algo totalmente inaceitável e revela o quanto os seguidores de tal linha de pensamento estão longe dos mais elementares conceitos relativos ao método científico. Outra coisa que deve ser observada é a forma como os adeptos da existência de Nibiru defendem que ele representa uma ameaça fatal à Terra.

Freqüentemente, os proponentes desta hipótese e seus seguidores aludem à uma suposta “conspiração global de silêncio”, que os governos manteriam a elevado custo para deixarem a descoberta de tal astro intruso e sua ameaçadora aproximação longe do conhecimento público. Eu seria a última pessoa a negar o controle que os governos exercem sobre informações sensíveis, como a respeito da presença alienígena na Terra, mas o que se vê nos meios em que Nibiru é tratado foge do racional. Não há dúvidas de que existe uma espécie de “poder paralelo” no planeta, que sobrevive da ignorância das massas, mas existem limites para aceitarmos colocações deste tipo como desculpa para a falta de provas definitivas em relação a tudo que já se falou e se fala sobre Nibiru.

Dentro do próprio meio ufológico há muito devaneio sendo alimentado pela desculpa do acobertamento, e no caso de Nibiru temos o mesmo tipo de processo, porém agravado. Para que se tenha idéia da falta de comprometimento que as correntes que defendem a existência de Nibiru têm com a realidade, basta dizer que já existe até, por parte de alguns adeptos da teoria do cataclismo global, um projeto em andamento visando deixar nossa atmosfera “menos transparente”, afim de evitar que a humanidade possa ver o terrível astro intruso no momento de sua aproximação final. E as coisas não param por aí. Dentro do site oficial de Zecharia Sitchin [www.sitchin.com], para nossa surpresa, encontramos uma notícia referente a um simpósio realizado na Basiléia, Suíça, em 18 de outubro de 2008, em que se fizeram amplas menções a Enki e Nibiru. O evento, denominado Dominate 2012 Symposium [Simpósio sobre Dominar 2012], teria contado com participantes de pessoas de toda a Europa para discutir as medidas a serem tomadas frente à aproximação do astro intruso.


ANALISANDO A RETÓRICA SOBRE NIBIRU
Segundo a notícia, o evento foi realizado em apoio ao Projeto Quéops, iniciativa surgida em 2001, na Polônia, com o objetivo de encontrar a chamada Conexão Enki, em Gisé e Hawara, no Egito – que, segundo os conferencistas, teria a capacidade de permitir à humanidade evitar as catástrofes atribuídas à chegada de Nibiru. Ainda de acordo com o texto, os locais para a busca da referida conexão foram indicados por Lucyna Lobos, uma vidente que em sua palestra afirmou que o deus Enki havia deixado naqueles locais egípcios instruções para criar um escudo para proteger a Terra dos efeitos devastadores que serão causados pelo astro intruso. Lucyna ressaltou que devem ser acelerados os esforços para encontrar estes dados e criar o tal escudo antes de 2012.

Chegando neste ponto da questão, vamos agora abordar o assunto em seu aspecto mais objetivo. O que trouxe esta discussão para a Revista UFO foi, como já disse, a publicação do texto Nibiru: Perigo Iminente, do professor Salvatore De Salvo, na edição UFO 148, de dezembro de 2008. De Salvo é, hoje, um dos nomes de maior destaque no país, e até mesmo considerado referência, quando o assunto é o astro intruso. Por isso, vamos analisar as supostas provas e evidências que fundamentam tanto seu artigo quanto as teorias sobre Nibiru que se repetem em inúmeros sites brasileiros e estrangeiros.


O primeiro ponto a se discutir é a alegação de que Nibiru já teria sido detectado em 1983 pelo telescópio orbital IRAS [Infrared Astronomical Satellite ou Satélite Astronômico Infravermelho]. De Salvo cita como referência para tal afirmação uma nota publicada no jornal Washington Post, que informou que teria sido encontrado “por um telescópio em órbita da Terra um corpo celeste tão grande quanto Júpiter, que faria parte do Sistema Solar. Ele estaria na direção da Constelação de Órion”. Para uma descoberta de tamanha importância, é curioso que o autor tenha tão pouca informação sobre o assunto. Mas a nota do Post não é tão pequena assim, e existe uma parte crucial dela que não foi transcrita por De Salvo em sua matéria, que é a declaração do chefe do projeto IRAS, Gerry Neugebauer, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. “Tudo o que posso dizer é que não sabemos o que é tal corpo”, declarou o cientista, referindo-se ao suposto astro registrado pelo IRAS. Mas a coisa não parou por aí. Depois dos dados terem sido reavaliados dentro do processo normal de verificação – e isso é feito não só no que diz respeito à suposta detecção de corpos não identificados, mas em termos gerais –, tal observação e as primeiras interpretações foram deixadas de lado por falta de consistência dos próprios dados. Não foi a primeira, nem a última vez que tal coisa aconteceu.

Para que se tenha uma idéia do projeto e do sucesso do IRAS, mesmo depois da reavaliação dos dados restaram nada menos que 350 mil fontes de radiação infravermelha, mas nenhuma delas compatível com as idéias referentes a Nibiru. Entre os destaques do telescópio orbital está a descoberta de um anel de poeira em torno da estrela Vega, que foi considerada a primeira evidência realmente forte da formação de planetas extrassolares, os processos de interação ou “choque” entre galáxias, detectado devido ao efeito térmico causado pelo encontro e aquecimento do gás interestelar das galáxias envolvidas etc. A descoberta de um novo planeta das dimensões de Nibiru seria um dos destaques do projeto, se não o maior, mas isso não pode ser confirmado.


DESCOBERTAS ASTRONÔMICAS IMPORTANTES
Assim, tentar usar o IRAS ou suas observações para fundamentar a existência de Nibiru, é, como declarou recentemente Renato Las Casas, professor do Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas e coordenador do Grupo de Astronomia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), algo totalmente despropositado, pois ele foi concebido para trabalhar na faixa do espectro eletromagnético conhecida como infravermelho e é impróprio para esta finalidade. Após o fim do IRAS, outros satélites exploraram o universo também na faixa do infravermelho, inclusive com capacidades superiores as dele, como o telescópio espacial Spitzer, lançado ao espaço em 2003 – mas também sem resultados positivos relacionados a esta área de pesquisa, ou seja, a descoberta de planetas.

MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO DA TERRA
Mas, antes de deixarmos de lado os aspectos relativos à pseudo descoberta de Nibiru pelo IRAS, é importante que ressaltemos mais uma das muitas incoerências e contradições existentes tanto no artigo de Salvatore De Salvo, como nos sites que defendem as mesmas propostas. A órbita de Nibiru, segundo os defensores de sua existência, seria extremamente inclinada em relação à eclíptica [Círculo máximo descrito pelo Sol ao longo do ano na esfera celeste], o que seria causado pelo movimento de translação da Terra em torno do Sol. Explicando de outra forma, a órbita de Nibiru não estaria dimensionada no mesmo plano dos outros planetas conhecidos. O próprio De Salvo, em seu artigo, deixa claro que o referido astro está muito abaixo da eclíptica ou do próprio equador celeste [O hemisfério sul celeste]. Como explicar ou entender a tentativa de usar a suposta e já desmoralizada detecção de Nibiru na Constelação de Órion? Será que não sabem que a referida constelação está bem próxima da eclíptica, e mais do que isto, exatamente no equador celeste?

O artigo Nibiru: Perigo Iminente tem seguimento e seu autor declara de maneira objetiva que, “em 1992, veio a confirmação de sua descoberta pelo cientista Robert Harrington, diretor do Observatório Naval dos Estados Unidos”. Continuando o texto, o autor revela ainda que “a massa desse corpo celeste é quatro vezes maior do que a da Terra e trata-se possivelmente de uma estrela anã escura, cuja órbita a leva de um lado a outro do nosso Sistema Solar”. Desta vez, De Salvo foi ainda menos prolixo. Não temos qualquer referência de onde tirou estas revelações e nem uma única linha foi escrita a respeito. Reparem que também não é dito como teria sido detectado tal corpo, nem muito menos a localização do mesmo. Isso para não falarmos que sua massa estimada, dessa vez, seria de apenas quatro vezes a de nosso planeta, entrando em contradição clara com a dimensionada na “descoberta” realizada pelo IRAS.


O telescópio espacial Spitzer [E], que explorou o universo na faixa do infravermelho, e o IRAS, que estaria envolvido na suposta descoberta de Nibiru, informação que não procede



A história segue com o autor revelando que, “ainda em 1992, os sinais ficaram mais precisos. Um informe da NASA dava conta de que ‘desvios inexplicáveis nas órbitas de Urano e Netuno apontavam para um grande corpo fora do Sistema Solar, de massa entre quatro e oito vezes a da Terra, numa órbita altamente inclinada e a mais de 11 bilhões de quilômetros do Sol”. Mas que informe da NASA se refere De Salvo? Sobre isso, mais uma vez, nem uma única linha é oferecida ao leitor. Em seguida o autor afirma que tal corpo seria o planeta Nibiru, o astro revelado por Zecharia Sitchin.

Ao contrário do que temos afirmado neste trabalho, tais supostas descobertas – hoje descartadas – estão relacionadas a coisas totalmente desconexas e sem qualquer ligação entre si. No primeiro caso, o do IRAS, o informe fala de algo não identificado e de tamanho comparado ao de Júpiter. A massa de Júpiter é equivalente a 318 vezes a da Terra. No segundo, a revelação faz menção a uma estrela do tipo anã escura dentro do Sistema Solar, cuja massa seria de quatro vezes a da Terra. No terceiro e último caso, é mencionado um “corpo” fora de nosso sistema, que ele diz ser o planeta Nibiru, apesar da referência a um planeta não ser feita no texto que serviu de base para De Salvo, que ele mesmo transcreveu.

Outra importante fonte de confusão quanto à existência de um corpo estranho no Sistema Solar são as chamadas perturbações gravitacionais, um conceito amplamente usado por aqueles que defendem a existência de Nibiru e os cataclismos relacionados à sua suposta aproximação da Terra. Realmente, desde a descoberta de Urano pelo astrônomo William Herschel, em 1781, passaram a ser detectadas anomalias no movimento do planeta, geradas por outro campo gravitacional, cuja origem ainda não havia sido observada visualmente.

Em 23 de setembro de 1846, a descoberta de Netuno pelo astrônomo alemão Johann Galle, do Observatório de Berlim, com base nos cálculos do matemático francês Urbain, do Observatório de Paris, constituiu um dos maiores triunfos da astronomia e da matemática do século XIX. Para prever e determinar a posição onde deveria estar o planeta, que passou então a ser procurado através de telescópios, Le Verrier estudou as perturbações do movimento de Urano, que afetavam o movimento orbital de Netuno, inexplicáveis para época. Mas após a descoberta do novo corpo e a determinação de sua órbita, verificou-se que Netuno não podia explicar completamente as perturbações do movimento de Urano. E mais: Netuno também não se comportava da maneira esperada em sua trajetória em torno do Sol.


A estrela Vega e os sinais de um sistema planetário em formação documentado pelo telescópio IRAS


Ficou claro, para os astrônomos da época, que “algo mais” deveria estar influenciando o novo planeta descoberto. Assim, foram justamente estas novas perturbações residuais que serviram de estímulo para a procura de um planeta mais distante. Nesta mesma linha de trabalho podemos destacar os astrônomos norte-americanos William Pickering e Percival Lowell, que determinaram independentemente a massa e a órbita de um novo corpo, que foi denominado por Lowell com o nome do Planeta X. Entretanto, apesar de meticulosas buscas fotográficas, não se encontrou nenhum sinal desse novo planeta até 18 de fevereiro de 1930, quando o norte-americano Clyde Tombaugh – conhecido no meio ufológico por ter sido um dos poucos astrônomos a declarar ter observado UFOs – identificou o objeto tão procurado a menos de seis graus da posição prevista matematicamente. O planeta foi batizado com o nome de Plutão, o deus do inferno na mitologia romana.

NADA CONFIRMA O PLANETA X
Mas como este novo corpo tinha um diâmetro muito reduzido e brilho bastante inferior ao estimado, chegou-se a conclusão de que também a massa de Plutão era muito pequena para explicar as perturbações registradas nos movimentos de Urano e Netuno – isso antes da descoberta de sua lua Caronte, feita só em 1978. Diante disso começou a busca por outra fonte gravitacional que finalmente explicasse tais perturbações, e muitos cientistas se envolveram nessa tarefa. Mas isso é muito diferente do que é constantemente informado em vários sites relacionados a Nibiru, que afirmam de maneira incisiva que os astrônomos estão buscando localizar tal suposto astro intruso, como se fossem partidários das idéias que estamos analisando. Tais sites confundem o sentido da palavra descobertas com o termo estimativas matemáticas, que são até contraditórias entre si – o que não ocorreu na elaboração dos cálculos que levaram à descoberta de Plutão. Vamos ver alguns destes exemplos. Podemos começar com o trabalho do astrônomo norte-americano Joseph Brady, da Universidade da Califórnia, que estudou durante muito tempo o movimento do cometa Halley, valendo-se de informações que remontavam ao século III a.C. Segundo Brady, existiam irregularidades claras na trajetória do Halley, e ele passou a defender a hipótese da existência de um objeto transplutoniano – novamente o Planeta X – de massa avaliada em 280 vezes a terrestre e que gravitaria ao redor do Sol a uma distância estimada pelo cientista em cerca de 60 UA (unidades astronômicas), algo em torno de nove bilhões de quilômetros.

O Planeta X de Brady teria uma órbita quase circular e inclinada de 120 graus em relação ao plano da eclíptica, levaria aproximadamente 464 anos para dar uma volta completa ao redor do Sol e seu deslocamento orbital se daria no sentido oposto ao dos demais planetas. Tal suposição não foi aceita logo de início. Simulações realizadas atribuíram ao suposto planeta uma densidade e um albedo [A medida da quantidade de radiação solar refletida por um corpo ou uma superfície] que sugeriram que o seu brilho seria semelhante ao de um astro de décima primeira magnitude. Um corpo com tal brilho dificilmente deixaria de ser notado em buscas visuais, e, no entanto, nunca foi achado. Assim, a suposta “descoberta” também foi abandonada. Cálculos posteriores efetuados por uma equipe de cientistas do Observatório Naval dos Estados Unidos e outra do Instituto Tecnológico da Califórnia demonstraram ainda, com o passar dos anos, que o objeto de Brady era dinamicamente impossível de existir, pois não resistia a uma análise objetiva pela mecânica celeste.

Outra referência que é utilizada como apoio à existência de Nibiru está relacionada ao trabalho dos astrônomos norte-americanos Thomas Van Flandern [Ex-consultor da Revista UFO falecido em 02 de janeiro] e Robert Harrington, já citado, do Observatório Naval dos Estados Unidos, em Washington. Eles levantaram, em 1976, uma hipótese defendendo a existência de mais um planeta no Sistema Solar. Segundo a dupla, tal astro teria uma órbita fortemente inclinada em relação à eclíptica e muito alongada. Sua distância ao Sol variaria de 7,5 a 15 bilhões de quilômetros, com um período de translação de 800 anos. Essa hipótese, referente a um décimo planeta, tinha a vantagem de explicar duas características de nosso sistema estelar. Primeiro, em sua passagem pelo periélio, há muito tempo, tal corpo teria invertido o movimento de Tritão, principal satélite de Netuno, que tem movimento retrógrado. E segundo, teria retirado Plutão da família dos satélites de Netuno para colocá-lo na órbita atual. Apesar disso, o tal décimo planeta nunca foi encontrado.


Fotografias do Sol e de seus reflexos na objetiva da câmera, apresentadas em inúmeros sites como sendo provas “incontestáveis” da existência de Nibiru e de sua aproximação da Terra


Harrington, que é citado de maneira costumeira pelos defensores da existência de Nibiru, incluindo o professor Salvatore De Salvo, apresentou mais tarde outra solução para as referidas perturbações gravitacionais. Apontou que um planeta com quatro vezes a massa da Terra girava ao redor do Sol a uma distância de 2,5 vezes a de Plutão, que, segundo suas estimativas, estaria na direção da Constelação de Escorpião. Sua magnitude seria 14, considerando-se seu tamanho estimado e a distância que estaria da Terra. Mas mesmo com potentes buscas telescópicas, tal corpo também nunca foi encontrado. Já o estudioso norte-americano Canley Powell, com base em cálculos, sugeriu a existência de um astro muito análogo e semelhante ao planeta Plutão, com uma massa de apenas 0,35 da terrestre. O corpo concebido pelo cientista daria uma volta em torno do Sol a cada 204 anos, mas sua trajetória seria cumprida no interior da própria órbita de Netuno. Powell chegou a batizar seu planeta com o nome da esposa de Plutão na mitologia, Proserpina. Mas, batizado ou não, seus estudos também não puderam ser confirmados e já caíram no esquecimento.

SINAIS DE UM DÉCIMO PLANETA
Como solução para o impasse surgido pela falta de explicação para as perturbações gravitacionais nos confins do Sistema Solar, e como um modelo teórico alternativo que realmente pudesse ser aceito, os astrônomos brasileiros Rodney S. Gomes, do Observatório Nacional, e Sylvio Ferraz Mello, do Instituto Astronômico e Geofísico de São Paulo, sugeriram outra hipótese: a possibilidade da existência de vários planetas ainda a serem detectados. Mas como aconteceu nos casos que já citamos, tudo ficou no campo teórico. E poderíamos citar ainda muitos outros nomes dentro da comunidade astronômica que desenvolveram estudos na área das perturbações gravitacionais e acreditam terem encontrado sinais de um décimo planeta – ou nono, se considerarmos o recente “rebaixamento” de Plutão. Mas nenhuma dessas propostas pôde ser confirmada até hoje, e ainda que algumas delas tivessem sido, bastaria comparar os modelos desenvolvidos por tais cientistas com os dados referentes à suposta órbita de Nibiru para chegarmos à conclusão de que é inconcebível qualquer tentativa de se relacionar estes estudos com o assunto.


O próprio autor de Nibiru: Perigo Iminente escreveu, em seu artigo na edição UFO 148, que a órbita do astro intruso teria seu periélio entre as de Marte e Júpiter, precisamente a 2,85 UA do Sol, e que seu afélio estaria situado a 472 UA. Para De Salvo, seu período de revolução seria de 3.600 anos. Qual das proposições científicas que apresentamos acima, ou das citadas por estes “teóricos do apocalipse”, referentes aos modelos relativos a um décimo planeta, melhor explicam Nibiru? Ainda não encontrei nenhuma! Então, como usar as mesmas para essa finalidade? É isso que tais pessoas chamam de evidência científica?

RAZÃO ALÉM DA PAIXÃO E DA EMOÇÃO
Mas então, o que dizer das propaladas perturbações gravitacionais? Elas explicam Nibiru? Bem, existe um cientista em nosso país que, apesar de suas colocações céticas no que diz respeito à Ufologia, é inegável referência nesta área da mecânica celeste, e não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Estamos falando do astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, do Observatório Nacional do Rio de Janeiro [Veja entrevista com ele nas edições UFO 130 e 131 e na obra O Pensamento da Ufologia Brasileira, parte II, código LIV-017 da coleção Biblioteca UFO, no Portal UFO: ufo.com.br]. Acompanho seu trabalho há muitos anos e aprendi a admirar sua capacidade de se colocar além das paixões e da emoção na avaliação de situações polêmicas ou em meio a opiniões contrárias, que muitas vezes também ocorrem, como seria normal, também na área da cosmologia.

Em 1985, por exemplo, quando o mundo todo se preparava para observar mais uma vez a passagem do cometa Halley e eram divulgadas notícias referentes ao espetáculo que seria visto mais uma vez no firmamento, Mourão, de maneira firme e até ferindo interesses comerciais, já alertava que a visão do cometa seria algo totalmente diferente e até decepcionante, se comparada com sua passagem anterior, em 1910. Não faltaram astrônomos falando o contrário, mas Mourão manteve sua posição de astrônomo responsável, que o tornou reconhecido como poucos em todo o mundo. Pois bem, o que ele tem a dizer a respeito dessas supostas perturbações gravitacionais? Nada que vá agradar aos adeptos da existência de Nibiru e sua ameaça à Terra. Em artigo publicado no jornal Correio Brasiliense, Mourão afirmou que as perturbações residuais do movimento de Urano e Netuno, utilizadas pelos defensores do Planeta X, são oriundas de erros sistemáticos que afetaram observações do século XIX, nada mais. “Para comprovar este argumento, convém assinalar que, durante seu vôo, a sonda Voyager 2 encontrou os dois planetas em suas posições previstas pelos cálculos realizados no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA”.


Para o estabelecimento das efemérides, que necessitavam ser precisas para que a espaçonave cumprisse todos os detalhes da missão de exploração dos planetas que seriam visitados – e este é um ponto fundamental dessa história, segundo Mourão –, os astrônomos do Laboratório de Propulsão a Jato, responsável pela missão, tomaram uma decisão crucial. Eles tiveram o cuidado de utilizar apenas os dados mais confiáveis, descartando parte das observações astronômicas anteriores ao ano de 1910. Os sinais das supostas perturbações gravitacionais não puderam ser evidenciados durante o vôo da Voyager.

Mas o astrônomo brasileiro vai mais fundo. Segundo ele, desde 1992, as últimas descobertas de asteróides situados além de Netuno ou Plutão parecem confirmar a existência de um anel de pequenos planetas, como foi proposto, em 1951, pelo astrônomo norte-americano Gerard Kuiper. “Esses asteróides devem estar distribuídos numa faixa situada a uma distância de 500 unidades astronômicas”. Ainda segundo Mourão, a massa de tal anel poderia ser a resposta para qualquer irregularidade que ainda persista – se é que de fato existe – nas órbitas mais externas do Sistema Solar. A partir dessa nova e surpreende maneira de ver as coisas, podemos entender porque nenhum dos trabalhos teóricos referentes ao suposto décimo planeta foi confirmado por observações telescópicas. Para Mourão, tal corpo só existe na imaginação de alguns astrônomos.


INSTRUMENTO NÃO “ENXERGA” PLANETAS
Voltando às colocações do professor Salvatore De Salvo em seu artigo, constatamos que ele faz outras afirmações sem fornecer sua fonte. Depois de insistir que o IRAS havia encontrado Nibiru, o que não procede, o autor afirma que o astro intruso foi também confirmado, em abril de 2006, pelo telescópio SPT [South Pole Telescope ou Telescópio do Pólo Sul], localizado na estação polar Amundsen Scott, na Antártida. Segundo ele, tal aparelho “é considerado um instrumento perfeito, está localizado no lugar perfeito e funciona no momento perfeito para observar o Planeta X”. Ainda para De Salvo, o SPT continuaria a seguir os movimentos do misterioso corpo. Estas são, novamente, informações equivocadas. Por exemplo, o instrumento situado no Pólo Sul é, na verdade, um radiotelescópio que explora o universo na faixa das microondas. O SPT está longe de ser o aparelho ideal para este tipo de pesquisa ou detecção. “De fato, o telescópio seria completamente inadequado para a detecção do pretenso Nibiru”, afirmou o já citado Renato Las Casas, coordenador do Grupo de Astronomia da UFMG.

Apesar da constatação deste equívoco, existem vários sites e farta literatura ressaltando o envolvimento do SPT com toda a história. E devemos ressaltar ainda que não precisamos ir à Antártida para avistar astros que estejam próximos do pólo sul celeste, pois não há nada que possa ser visto daquele continente – em termos astronômicos – que não possa ser visto, por exemplo, do Rio de Janeiro. De qualquer forma, De Salvo insiste em seu artigo que é através do SPT – um instrumento que não “enxerga” planetas – que Nibiru continua a ser observado e acompanhado. “Toda essa vigilância aponta que o corpo está muito além do Sistema Solar, embora sua ação já o esteja alterando, fazendo surgir sinais precursores de suas interferências”, revela o autor ao finalizar suas referências ao instrumento instalado na Antártida.


INCREMENTO NA ATIVIDADE SOLAR
Existe uma coisa que se chama mecânica celeste, área da astronomia em que a gravidade relacionada às massas dos corpos e suas velocidades definem a realidade que vemos no Sistema Solar e no universo em geral. É surpreendente que os defensores de Nibiru ignorem preceitos mínimos desse campo de estudos. Em determinados momentos, se formos levar em conta as declarações constantes no artigo de De Salvo, estamos diante de um astro intruso que não faz parte do nosso sistema estelar. Ele declara, por exemplo, que no momento atual Nibiru ainda está fora dele, e isso a quatro anos de sua aproximação definitiva da Terra. Chega até a dar a data precisa do periélio: 14 de fevereiro de 2013. Em outro ponto de sua narrativa, fala da órbita elíptica e excêntrica de Nibiru, que se supõe ser percorrida em torno do Sol. Aqui temos que usar a noção de velocidade de escape. Não há como um astro que descreva uma órbita como a mencionada pelo autor, e que esteja atualmente na posição também defendida por ele, chegar ao centro do Sistema Solar na data dada. Se ele estivesse com uma velocidade capaz de vencer tal distância nesse período, certamente não estaria em órbita do Sol. Já teria escapado da gravidade solar.

A interação entre os corpos do Sistema Solar, como em qualquer outro sistema estelar, está sujeita a regras já bem estabelecidas pela ciência, e não há como fugir delas. No macrocosmo, o mundo das galáxias, estrelas, planetas, luas etc, a interação gravitacional e a eletromagnética, além de governarem esta realidade, estabelecem de maneira objetiva as possibilidades e o nível de interação passível de ser manifestada. Aí não cabem fantasias, causa e efeito se manifestam de maneira meticulosa e precisa. Como entender ou aceitar a possibilidade, por exemplo, de que a presença de um corpo situado atualmente fora do Sistema Solar – mesmo que tenha a massa de Júpiter –, possa ser responsável pela suposta descoberta de gelo no planeta Mercúrio, como informa De Salvo? E ainda mais se no mesmo artigo ele afirma que Nibiru provoca um incremento na atividade solar? De forma análoga, não se pode atribuir a um suposto astro intruso o surgimento de uma fonte de raios gama na freqüência dos raios X no planeta Saturno. Ora, uma fonte não emite raios gama na freqüência dos raios X. É uma coisa ou outra. E independentemente disso, que tipo de relação teria isso com um hipotético Nibiru?

Afirmações inconsistentes, como estas, são freqüentes na literatura sobre o suposto astro intruso. O leitor quer outro exemplo? Que calota polar é esta que existiria em Marte e que teria desaparecido devido ao “aquecimento global” daquele planeta, iniciado por furacões? Esta informação, presente no texto de De Salvo, não tem como ser confirmada. A espaçonave Phoenix, enviada ao planeta pela NASA, congelou há poucos meses em local próximo ao pólo norte marciano, pela diminuição da radiação solar relacionada à aproximação do inverno. Assim como a Mars Express, da Agência Especial Européia, e o orbitador Mars Reconnaissance, também da NASA, continuam a fotografar a camada de gelo que cobre os pólos de Marte. As calotas variam sim de tamanho, mas devido às estações ao longo do ano, e isso nada tem a ver com a aproximação de um suposto astro intruso.

Outra afirmação de Nibiru: Perigo Iminente que causa espécie é a de que Vênus teria aumentado seu brilho em 2.500%, junto com substanciais alterações globais em sua atmosfera. Mais uma vez, não existe no artigo qualquer referência à fonte desta informação. No entanto, basta olhar o céu e verificar que o planeta continua manifestando exatamente o mesmo brilho que sempre apresentou. O mesmo se pode dizer da afirmação de que Júpiter também aumentou seu brilho nas nuvens que o rodeiam em 200%, o que também não tem consistência astronômica. Enfim, para os defensores da existência de Nibiru e de sua grave ameaça à Terra, estes seriam apenas alguns dos “surpreendentes sinais” das modificações que já estariam ocorrendo no Sistema Solar. Nenhum deles, no entanto, pode ser confirmado cientificamente, pelo contrário.


RESERVATÓRIOS DE ÁGUA EM MARTE
Salvatore De Salvo revela que, em 15 de maio de 2009, Nibiru estará a aproximadamente 11 UA do Sol. “A superfície de Marte derreterá, descongelando seus vastos reservatórios de água congelada”. Mais uma vez, a noção de causa e efeito é desconsiderada. Por acaso Nibiru é uma estrela? Vejamos que, segundo o próprio autor da afirmativa, esse fenômeno acontecerá quando o corpo estiver ainda a mais de 1,5 bilhão de quilômetros do Sol, ou 11 UA. Marte tem sua órbita a cerca de 1,52 UA, cerca de 228 milhões de quilômetros do Sol, e mesmo assim não recebe calor suficiente para sofrer este “descongelamento global”. Associar a atual atividade solar – que realmente está próxima de seu ápice, mas dentro de um ciclo natural – com Nibiru é outra incongruência que está sendo apresentada por quem defende sua existência sem critérios científicos. Mais uma vez, ainda que acreditássemos em Nibiru, não se justifica tal interação gravitacional ou eletromagnética.

Que importância poderia ter um corpo com a massa de Júpiter, como supostamente teria o astro intruso, se sua distância mínima do Sol seria de 256 milhões de quilômetros? O Sol contém simplesmente 99,85% de toda a matéria do Sistema Solar. Júpiter, o maior de nossos planetas, possui apenas algo em torno de 0,10%, e esta também seria a massa aproximada do hipotético Nibiru. Então, como explicar os efeitos atribuídos à aproximação do referido corpo? De Salvo escreveu que, entre 21 de maio de 2011 e 20 de dezembro de 2012, a aproximação do astro intruso “estimulará o Sol a disparar enormes erupções em todas as direções”. Revela também que a maioria delas será dirigida justamente ao astro intruso. Imaginar também algum tipo de interação no nível eletromagnético de Nibiru “contra” o Sol é algo ainda mais incoerente. Em 1982 tivemos um alinhamento especial dos planetas, ou seja, toda a massa do Sistema Solar esteve alinhada de um mesmo lado do Sol. Mas mesmo assim nada de peculiar aconteceu, apesar das previsões da época, alusivas também ao fim do mundo.


CONTESTANDO PROVAS INCONTESTÁVEIS
Outro ponto da polêmica sobre Nibiru que não podemos aceitar são as fotos do suposto astro intruso que estão circulando na internet e podem ser vistas em vários sites. Duas delas, por exemplo, que estão entre as mais divulgadas, são imagens da estrela V838 Monocerotis obtidas pelo telescópio espacial Hubble e tomadas respectivamente em maio e setembro de 2002. Como Nibiru poderia ser fotografado na Constelação do Unicórnio [Monóceros], situada na região do equador celeste? Esta é apenas mais uma contradição, já que o suposto corpo estaria bem abaixo da eclíptica, segundo a literatura que defende sua existência. Outra imagem, apresentada por defensores de Nibiru como uma “prova incontestável”, não passa de uma fotografia do Sol com seu reflexo na objetiva da câmera. A imagem foi supostamente obtida na Itália, mas o curioso neste caso é que, se fôssemos acreditar na interpretação que é dada a ela, todos já estariam observando Nibiru no céu, mesmo à vista desarmada. Em resumo, trata-se novamente de uma informação absurda, refletindo uma situação cada dia mais preocupante.

Poderíamos gastar muitas horas e muitas páginas apresentando as contradições e incongruências que são ditas sobre Nibiru, infelizmente já amplamente espalhadas pela rede mundial. A falta de sustentação científica para os dados apresentados como “incontestáveis” pelos adeptos de Nibiru é visível. E não vamos discutir aqui o quadro apocalíptico divulgado como resultado da passagem do astro intruso, que supostamente vitimaria quase a totalidade da humanidade nos próximos anos. No entanto, chega a ser curioso que o professor Salvatore De Salvo revele em seu artigo que não se sabe se Nibiru é um cometa, uma estrela anã escura ou um planeta. Conhecimentos básicos de astronomia determinam que, em um caso como o discutido neste artigo, de uma suposta aproximação da parte mais central de nosso sistema estelar, um cometa, uma anã escura ou um planeta reagiriam de maneira totalmente diferente. Além de gerarem, em caso de aproximação da Terra, efeitos distintos. Como então é possível apresentar tamanha riqueza de detalhes, e de maneira tão impositiva e definitiva? Só mais uma das muitas contradições dessa história.


Imagem infravermelha da galáxia Sombrero, da Constelação de Virgem, que possui cerca de 1 trilhão de sóis


A qualquer instante nosso planeta pode receber o impacto de um ou mais asteróides já descobertos e confirmados astronomicamente, que cruzam a órbita da Terra periodicamente. Eles são milhares e esta é uma possibilidade real, como já foi anunciada por inúmeras instituições científicas. Algo assim teria acontecido há cerca de 64 milhões de anos, segundo alguns investigadores, resultando numa mudança drástica nas condições planetárias e na extinção dos dinossauros e de outras espécies. Isto poderia se repetir até mesmo hoje, e provavelmente só saberíamos muito tempo depois, quando a humanidade se refizer e buscar compreender seu passado, como fazemos hoje. Como pode vir a ocorrer apenas dentro de muitos milhões de anos.

O registro fóssil que documenta a presença da vida em nosso planeta ao longo das várias eras e períodos geológicos revela algo nem um pouco inspirador: mais de 95% das espécies que já habitaram nosso planeta hoje estão extintas. Ao longo dos seus 4,6 bilhões de anos, a Terra passou por vários processos cataclísmicos, e em vários momentos a vida quase desapareceu como sinal das adversidades geradas por tais desastres cósmicos. É uma certeza científica que nosso planeta é atingido periodicamente por artefatos do espaço, e existem outras possibilidades catastróficas, também de origem astronômica, que podem afetar não só nosso mundo como qualquer outro do universo. Não precisamos inventar coisas como Nibiru. O homem também é suficientemente perigoso e estamos cansados de testemunhar sua insanidade, e o próprio cosmos nos revela que tudo tem um começo e terá um fim


RESPONSABILIDADE E COMPROMISSO
Finalizando, bem a propósito de toda esta história sobre Nibiru, gostaria de ressaltar que a ausência de evidência de algo não é prova de inexistência deste algo. Se por um lado não podemos provar a inexistência de Nibiru, temos que enfatizar que “prova” é uma coisa muito diferente do que tem sido apresentado até agora para substanciar sua alegada existência e ameaça à Terra. Dentro deste espírito, o presente artigo foi escrito tendo uma única inspiração: minha responsabilidade com os leitores da Revista UFO. O primeiro artigo que ela veiculou, 25 anos atrás, quando ainda se chamava Ufologia Nacional & Internacional, foi de minha autoria. Passadas duas décadas e meia, não poderia me omitir neste momento tão preocupante para nossa espécie, quando o bom senso e a busca da realidade – estes sim – parecem rumar para a extinção.

Fonte: Revista UFO



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