Neuroengenheiros
criaram um programa de computador que traduz o "pensamento" em fala
inteligível.
O "pensamento" na verdade são sinais neurais lidos
por uma interface implantada no cérebro de pacientes que estão sendo tratados
de epilepsia.
Monitorando a atividade cerebral desses pacientes, o
programa conseguiu reconstruir algumas palavras - os nomes dos números - que
uma pessoa ouve com uma clareza notável.
Esse avanço, que aproveita o poder dos sintetizadores de voz
e da inteligência artificial, promete novas formas de interface com a
tecnologia, permitindo que, no futuro, os computadores se comuniquem
diretamente com o cérebro dos usuários, por exemplo.
Há grande esperança também de ajudar as pessoas que não
podem falar - como as que vivem com esclerose lateral amiotrófica (ELA) ou se
recuperando de um derrame - a recuperar sua capacidade de se comunicar com o
mundo exterior.
Chip neural controla exoesqueleto sem esquentar o cérebro
Vocoder
Várias pesquisas mostram que, quando falamos - ou mesmo
imaginamos falar -, emergem em nossos cérebros padrões de atividade muito
característicos. Padrões de sinais diferentes, mas reconhecíveis, emergem
também quando ouvimos alguém falar - ou imaginamos ouvir.
Mas gravar e decodificar esses padrões, para efetivamente
"ler os pensamentos", tem-se mostrado uma tarefa mais difícil do que
parecia à primeira vista.
Os primeiros esforços para decodificar os sinais neurais se
concentraram em modelos computacionais simples que analisavam espectrogramas,
que são representações visuais de frequências sonoras. Mas essa abordagem não
conseguiu produzir nada que se assemelhe à fala inteligível.
Hassan Akbari e seus colegas da Universidade de Colúmbia,
nos EUA, voltaram-se então para outra técnica, conhecida como vocoder, um
codificador de voz, na verdade um algoritmo de computador que pode sintetizar a
fala depois de ser treinado com gravações de pessoas falando - aparelhos como
Amazon Echo e Apple Siri usam vocoders para responder perguntas.
"Nós pedimos a pacientes com epilepsia, que já estão
passando por uma cirurgia no cérebro [para receber um implante neural] para
ouvir sentenças [e números] ditas por pessoas diferentes, enquanto medíamos os
padrões de atividade cerebral. Esses padrões neurais treinaram o vocoder,"
explicou o professor Nima Mesgarani, coordenador da equipe.
Interface subvocal permite falar e ouvir em silêncio
Bons resultados com números
O resultado final foi uma "voz robótica" recitando
palavras e uma sequência de números.
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