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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Entrevista com o inventor brasileiro Paulo Gannam sobre novos rumos tecnológicos




2º ENTREVISTA COM PAULO GANNAM.
O inventor brasileiro de inovações tecnológicas.

Formado em jornalismo pela Universidade de Taubaté e especialista em dependência química pelo Grupo Interdisciplinar de Estudos em Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Natural de São Lourenço-MG, Paulo Gannam já teve alguns trabalhos nessas áreas, como assessoria de imprensa, auxílio em centro de recuperação de dependentes químicos e depois supervisor de Censo pelo IBGE. Mas nos últimos oito anos tem se dedicado à criação e desenvolvimento de novos produtos, sua proteção intelectual, e posterior negociação e busca pela comercialização no mercado através de parcerias com empresas já estabelecidas ou emergentes. Dispensa 70% do seu tempo com essa atividade e, no restante, atua com administração imobiliária.

Duas patentes deferidas, outras 3 em andamento no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Além destas, Paulo Gannam diz ter centenas de ideias acumuladas prontas para serem garimpadas, desenvolvidas e patenteadas.

Hoje, voltamos a conversar com este inventor brasileiro, que vai nos contar um pouco mais sobre os desafios para se levar invenções automotivas até as prateleiras, e sobre como criou um auxiliar de baliza super acessível que promete acabar de vez com aquela embaraçosa roçada de rodas no meio-fio.

Paulo Gannam, em primeiro lugar, nós do IRON TECNO agradecemos por nos prestigiar com um pouco de seu trabalho promissor de inovações tecnológicas.


1 ) IRON TECNO: Na primeira entrevista que publicamos, você nos falou um pouco de sua visão do mundo tecnológico, inovações, meio ambiente, inventores autônomos e tudo a ser enfrentado por quem deseja criar no Brasil. Como nosso país não valora suas mentes prodigiosas, você pensa em deixar o país? Se receber propostas de empresas internacionais ou se obtiver investimentos provenientes de outras nações, como fica?

Resposta: PAULO GANNAM

Não penso em deixar o país, porque mantenho outras atividades profissionais no Brasil que me dão a condição de manter minha vida andando. Inclusive, me permitem continuar trabalhando e investindo no campo das inovações. É necessário custear despesas geradas pelas inovações que já criei e solicitei no INPI. Caso eu venha a obter investimentos provenientes de outros países, ótimo, isto não muda nada, pois a forma de negociar e as possibilidades de parcerias com empresas estrangeiras são inúmeras.

2 ) )  IRON TECNO: Você já considerou patentear suas ideias fora do país? Aconselha isto para alguém?

Resposta: PAULO GANNAM

Já, mas cada projeto requer uma análise profunda do cenário, para ver se é o momento de fazê-lo. Se você não pretende constituir empresa para fabricar e/ou comercializar seu produto, patentear no exterior somente faz sentido se você já tiver conseguido uma empresa investidora para seu projeto.

Se você for aquele empreendedor que quer alavancar uma empresa com base na sua ideia, somente proteja a patente desta ideia lá fora se tiver feito excelente plano de negócios, descoberto bons modelos de negócios, feito uma análise minuciosa do mercado e conseguido investidor, se necessário.

Pois para patentear lá fora, primeiro você gasta uns 10 mil reais (taxas + honorários) para “internacionalizar” sua patente. Depois você tem um prazo de até 30 meses para “nacionalizar sua patente”, isto é, eleger em quais países exatamente deseja proteger sua patente. Só que cada país tem seus preços, suas leis e seu trâmite processual. Para que a coisa ande bem, você vai precisar nomear um representante legal para isso no Brasil e lá fora. Isto inclui sacar do bolso muito dinheiro para pagamento de taxas de advogado local, encargos advocatícios domésticos e, quando necessário, encargos de tradução.

3 ) IRON TECNO: Qual o custo por país?

Resposta: PAULO GANNAM

Por país, tudo isso gira em torno de US $ 2000 a US $ 7000 ou mais. E temos 152 países disponíveis para proteger sua patente (faça as contas!). Se o proprietário de um pedido de patente internacional não entra na Fase Nacional no prazo previsto, em um ou mais países, esses direitos nacionais são perdidos nesses países e a tecnologia cai no domínio público. Qualquer um pode fabricar e comercializar lá fora.

4 ) IRON TECNO: Então para um inventor proteger lá fora não vale a pena?

Resposta: PAULO GANNAM

Se para uma empresa isso já é muito complexo, custoso e difícil, imagine para um inventor. Como consequência, deixamos de ganhar bilhões em royalties e em arrecadação de IR (imposto de renda) com a venda exclusiva e livre de concorrência do produto pelo mundo.

Eu diria que, quase sempre, não vale a pena. O ideal mesmo é você encontrar um empresário idôneo do exterior que acredite na sua ideia e compartilhe de sua visão sobre a gama de negócios que poderiam ser criados a partir de sua ideia. Você tendo ou não tendo patente lá fora, esse empresário, a depender do grau de engajamento dele, pode até investir na elaboração de um novo pedido de patente lá fora, nos países que for do interesse dele. Mas há quem diga que é melhor patentear primeiro lá fora, e, depois, se for o caso, no Brasil, pelo fato de ser mais provável encontrar um investidor lá fora. Para quem tem dinheiro...

5 ) IRON TECNO: Em sua visão atual sobre inventos, um inventor que cria algo revolucionário que vá contra atuais interesses econômicos será excluído com seu invento? Ou o mundo está aberto para soluções revolucionárias na questão tecnológica?

Resposta: PAULO GANNAM

Tendo a acreditar que o tempo vai deixar o mundo cada vez mais receptivo a inovações e com menor poder restritivo sobre elas. Mas sempre faço ressalva com a indústria da saúde. Uma empresa que ganha bilhões todo ano vendendo analgésicos vai querer acabar definitivamente com a dor por meio de uma nova descoberta científica e uma nova substância que ponha fim ao sofrimento humano? Vejo o inventor sendo impossibilitado, por não controlar os fatores de produção, de colocar seu produto no mercado sem uma parceria com uma empresa revolucionária. O grande empresário quer cada vez mais lucro. O que ele pode e vai te oferecer são medicamentos com efeito um pouquinho melhor e um pouquinho menos efeitos colaterais – a cada 5 ou 10 anos. Mas você vai continuar doente e dependente dos remédios que ele te vende. Sair dessa precariedade depende muito das startups, inseridas num ambiente de real fomento à inovação e à pesquisa, e também depende às vezes dessas startups não se permitirem ser vendidas aos grandes grupos, que as adquirem para mero engavetamento do projeto.

6 ) IRON TECNO: Percebemos a importância de seus inventos para indústria automobilística. Tanto o sistema de comunicação de condutores como o sensor de roda – que, ao estacionar, evita o atrito da roda com o meio-fio. Em sua visão, o que leva a indústria de carros não dar a devida atenção a tais inventos? Será que a mentalidade das empresas no Brasil é atrasada em relação a países como China, Rússia, Coreia, Alemanha, Japão, etc. que estão sempre inovando?

Resposta: PAULO GANNAM 

A mentalidade é atrasada e adiantada em qualquer país. Depende da pessoa com quem você está conversando. Temos outras causas. Uma delas é que quanto maior a empresa, mais burocrática ela será nas decisões. Às vezes o diretor de produto adora seu produto e está totalmente disposto a ajudar a implementar todo o marketing do invento. Mas, antes, a sua ideia é obrigada a passar por um tal “Comitê de Ideias”. Aí ferrou...

Sua invenção passa a depender de política e dos votos de pessoas com formações, visões e interesses na maioria das vezes distintos. Ademais, para lançar um produto no mercado, a indústria segue “rituais”. O processo de aprovação de peça de produção (PPAP) é demoradíssimo e caro. Gasta-se milhões de dólares com ele e as decisões são tomadas nas matrizes das montadoras, sendo que as filiais brasileiras não têm direito a “apitar” nada.

A indústria automotiva também tem cronogramas e agendas muitas vezes rígidas de lançamento de novos produtos no mercado. Se você aparece com uma ideia para eles hoje, ela poderá ser avaliada só daqui a 7 anos, o que já pode ter colocado o fator “novidade” de seu produto no ralo. Há ainda uma enxurrada de startups com acesso injustamente exclusivo a programas de aceleração tentando se destacar com seu novo produto, serviço ou negócio. O inventor é excluído desses programas. E há muito mais entrantes no Brasil do que investidores para ajudar esses entrantes. A disputa por patrocínio fica ainda mais acirrada.


7 ) IRON TECNO: O que te levou a ter a ideia de criar um auxiliar de baliza de baixo custo e fácil instalação? 

Resposta: PAULO GANNAM

Foi no final de 2010. Após um cafezinho, subindo a pé uma das ruas de minha cidade, São Lourenço-MG, ouvi um estrondo. Quando olhei para trás, vi que uma senhorinha que tinha sensor de para-choque em seu carro havia acabado de chocar fortemente as rodas na calçada ao encostar o veículo. Olhei para aquilo e me lembrei de minhas “periódicas barbeiragens”, e das de minha mãe também, e do quanto aquilo gerava tensão, prejuízos estéticos, etc.

8 ) IRON TECNO: E como funciona o sistema? Você já testou a eficácia do produto? Fale sobre sua experiência, para o público conhecer mais.

Resposta: PAULO GANNAM 

Sim, testamos a prova de conceito desenvolvida instalando um sensorzinho próximo de uma das rodas e funcionou bem. Veja:


Este sensor pode, por exemplo, comunicar-se com um app, cluster, painel do veículo com display ou central multimídia, de acordo com o gosto do freguês e das formas de fazer da empresa que inserir o produto no mercado. Só que para ser compatível com a maioria dos veículos de passeio e para a maioria das calçadas de nosso país, temos de pensar que no Brasil não existe padrão. Cada calçada é de um jeito e cada chassi tem uma altura.

Então, para realizar leitura precisa em 100% das situações ou na maior parte dos modelos de veículos, o projeto pode exigir um desenvolvimento mecânico e de design. Assim, uma alternativa será adotar um dispositivo para posicionar estes sensores no local adequado para a leitura precisa.

Estes mesmos detectores poderão ser embutidos e colocados abaixo da lataria lateral, cada qual o mais próximo possível de uma das rodas, totalizando, à primeira vista, 4 sensores.

Mas, como disse, há outras formas de fazer deste produto, usando mais software e menos hardware, o que pode baratear ainda mais o custo de produção e de venda.


9 ) IRON TECNO: Já apresentou essa ideia a alguém? Se sim, o que acharam?

Resposta: PAULO GANNAM

Apresentei a vários sistemistas, montadoras, empresas de tecnologia, de monitoramento e rastreamento. Entendem que o produto teria boa vazão no aftermarket e num espectro específico de veículos, atendendo preferências de muitos consumidores. Mas essas empresas também tem suas prioridades de investimentos e cronogramas. Estão focadas em redução de CO2 nos veículos, em carros elétricos, conectados, autônomos, enfim, projetos que consideram mais urgentes e-ou de longo prazo. O cenário é complexo, resta-me ser o oposto – simples. Este é um produto que tem diferenciais competitivos importantes, tanto no preço, quanto na utilidade.

10 ) IRON TECNO: Quais diferenciais?

Resposta: PAULO GANNAM

Ele salva nossas rodas, poupa-nos de micos, e nos ajuda a estacionar, sendo muito mais barato por ser dotado de componentes mais acessíveis. Já os ADAS (Advanced Driver Assistance Systems) atolam o carro com sensores, câmeras e softwares que esvaziam sua carteira. Não protegem suas rodas dianteiras, e nos irritam com a leitura e movimentos demorados para estacionar o carro numa simples vaga.


A ideia central é de que você não precisa necessariamente de uma função semiautônoma para poder fazer um estacionamento “meia-boca” em vagas difíceis, e também de que não precisará gastar horrores com aquela parafernália de câmeras que calculam a distância. É você, com o auxílio de, no máximo, 4 sensores, quem vai manobrar com liberdade e precisão – e sem esvaziar o bolso! Vai estar pagando por um produto mais eficiente e mais barato.

Esta inovação automotiva pode ser uma opção tanto no aftermarket de veículos pesados, utilitários e quem sabe veículos leves, e no modelo b2b, como opção para gestão de frotas de empresas que querem preservar seu patrimônio de choques e monitorar comportamento e desempenho do motorista.

11) IRON TECNO: Quanto custaria para uma pessoa instalar esse sensor no seu automóvel?

Resposta: PAULO GANNAM 

Isto dependeria das margens de lucro com as quais trabalharem os fabricantes, distribuidores e varejistas. O custo médio de fabricação, por ponto, em larga escala, está em torno de 8 dólares. Imaginando uma pessoa que deseje colocar 4 sensores, um para cada roda, 8X4 sensores = 32 dólares. Convertendo em reais = R$ 124,48 (custo de produção). No varejo/aftermarket, eu estimo um valor em torno de R$ 350,00 (versões simples) a R$ 600,00 (versões Premium). Lembrando que se poderia dar a opção de o consumidor instalar quantos sensores quiser (só na frente, só atrás, próximo só daquela roda que costuma bater com mais frequência, etc).

12) IRON TECNO: Não existem soluções similares no mercado que de uma forma ou de outra serão concorrentes?

Resposta: PAULO GANNAM

Não há nenhum sistema de baixo custo e fácil instalação projetado especificamente para permitir uma baliza perfeita e proteger pneus, rodas e calotas durante encostamento ou estacionamento junto ao meio fio. Sensores de ré protegem para-choques. Retrovisores tilt-down só te dão mera noção visual das rodas traseiras. E park assists muito avançados com sistemas semi-automáticos encarecem o veículo em uns 10 mil reais, sendo restritos a veículos acima da casa de uns 60 mil reais. 

Alguns veículos da Nissan usam câmeras com visão 360 graus, mas são igualmente muito caros se comparados com o sistema que estou propondo. O uso de sensores aliados a um bom software gera o mesmo ou melhor efeito e ainda permite outras formas de monetização via aplicativo.

13 ) IRON TECNO:) Instalar o sensor de ré na lateral do caminhão/carro não teria o mesmo efeito?

Resposta: PAULO GANNAM

Não. Experimente fazer isso e veja o que ocorre. Os 4 sensores de ré possuem leitura dependente uma da outra, ou seja, eles detectam um mesmo objeto existente na frente ou atrás do veículo. Em parte, é isso que os faz serem tão baratos. Cada um dos sensores de roda, em uma de suas possibilidades construtivas, teria um modo independente de leitura, pois o objeto a ser detectado é diferente, está localizado em direções distintas. E a depender das configurações finais do produto, ele não teria tanta semelhança com um sensor de ré. 

Em última análise, mesmo que se alguém resolvesse fazer isso e desse certo (o que não daria), a patente, quando deferida, desestimularia o uso dos sensores de ré para tanto.

14) IRON TECNO: Aqui encerramos. Nós do IRON TECNO agradecemos pela oportunidade em divulgar seu trabalho e seu invento. Em nossa visão, esse invento só ajudará na melhoria do trânsito, e desejamos que sejamos também um pequeno colaborador na divulgação desse benefício. Torcemos para que seja implantado o mais rápido possível para ajudar nas grandes cidades, seja de fácil acesso para todos os motoristas, e de fácil entendimento para todas as idades. 

No que for útil e depender de nossa parte, divulgaremos para que muitos possam conhecer esse invento.

PAULO GANNAM

Fico imensamente agradecido pelo incentivo e solidariedade. Estou nessa estrada há 9 anos, ainda sem êxito em concretizar uma parceria com uma empresa, mas procuro conduzir esta jornada no espírito de um trecho da música de Jim Croce, chamada I Got a name, que diz: “Se isto me levar a lugar algum, chegarei lá orgulhoso”. Um abraço a todos.

Paulo Gannam fala sobre comunicador entre motoristas


Gostou da entrevista com o Paulo Gannam? Conheça mais do trabalho dele aqui: https://paulogannam.wordpress.com/










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