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terça-feira, 23 de julho de 2019

Iron Tecno entrevista Paulo Gannam o inventor brasileiro de novos rumos tecnológicos




ENTREVISTA COM PAULO GANNAM.
O inventor brasileiro de inovações tecnológicas.

Formado em jornalismo pela Universidade de Taubaté e especialista em dependência química pelo Grupo Interdisciplinar de Estudos em Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Natural de São Lourenço-MG, Paulo Gannam já teve alguns trabalhos nessas áreas, como assessoria de imprensa, auxílio em centro de recuperação de dependentes químicos e depois supervisor de Censo pelo IBGE. Mas nos últimos oito anos tem se dedicado à criação e desenvolvimento de novos produtos, sua proteção intelectual, e posterior negociação e busca pela comercialização no mercado através de parcerias com empresas já estabelecidas ou emergentes. Dispensa 70% do seu tempo com essa atividade e, no restante, atua com administração imobiliária.

Paulo Gannam, em primeiro lugar, nós do IRON TECNO agradecemos por nos prestigiar com um pouco de seu trabalho promissor de inovações tecnológicas.


1 ) IRON TECNO: O que levou você, como jornalista de Taubaté, e como supervisor do IBGE, a dedicar-se a inovações tecnológicas?


Resposta: PAULO GANNAM

Jornalista é um curioso. Sempre em busca de respostas às perguntas que faz às suas fontes e a si mesmo para saber como conduzir uma apuração. Mas pode acontecer desta curiosidade extrapolar a investigação de um fato jornalístico – felizmente. Na estação das chuvas em 2005, estava no terceiro ano da faculdade. Minha revolta com meus calçados e meias ficarem constantemente molhados na metade da frente, mesmo usando guarda-chuvas, chegou ao limite. Foi então que tive a ideia de criar uma nova roupagem para aquelas antigas galochas de borracha usadas em sítio, para que qualquer pessoa do meio urbano pudesse passar a usá-las nessas épocas com elegância e discrição. Mas foi, como dizem, fogo de palha. Essa e tantas outras ideias me ocorriam, mas eu não tinha o tempo, a confiança nem o interesse suficiente para testá-las e patenteá-las, se fosse o caso.

Em 2010, este lado inventivo começou a me cutucar de novo, época em que, já com um pouco mais de iniciativa e magnetismo pela criação de coisas novas, tentei, por 6 meses, com um técnico de Taubaté-SP, construir uma máquina que convertesse a poupa congelada de açaí num creme com uma consistência dos deuses cuja receita eu tinha criado em casa após um bom tempo de tentativa e erro com meus “familiares-cobaias”. O máximo que consegui com o técnico nessa “lambança” foi sair com açaí derretido pelas costas, após inúmeras micro explosões do aparelho. Com o bolso dando sinal amarelo, deixei a máquina de lado e segui em frente com outras atividades. Mas depois disso, minha mente mudou um pouco mais: ficar mentalizando que tipo de sequência de funcionamento a máquina deveria ter para produzir o açaí desejado, despertou ainda mais a minha imaginação e sensibilidade para novas soluções. A “porteira” se abriu e não parei mais de ter ideias. Vinham em pacote e, no auge, eu tinha umas 20 por dia, apenas observando o comportamento das pessoas na rua e o funcionamento muitas vezes deficiente dos objetos.

2 ) IRON TECNO: Qual é sua visão hoje do mundo sobre invenções e inovações tecnológicas, visto que tem surgido muitos avanços para facilitar a vida humana em diversos setores. E qual sua preocupação em relação a tudo isso?

Resposta: PAULO GANNAM

O mundo de inventar e inovar é de extrema importância para o desenvolvimento social e econômico do país. Quando alguém cria e protege a patente de um produto, por exemplo, e encontra uma maneira de viabilizar esse projeto com o empresariado, fomenta a produção industrial, aumenta o nível de emprego e renda, gera maiores investimentos em pesquisa, cria formas de o Governo arrecadar mais com o imposto sobre a renda cobrado de empresas e pessoas físicas. Abre ainda a possibilidade para que diversos tipos de negócios possam ser criados por uma simples solução, gerando mais bem-estar, mais acesso e qualidade de vida das pessoas como um todo. Respeitando os aspectos ambientais, só se tem a ganhar. 

Minha maior preocupação é com a inteligência artificial, pois cogitar a possibilidade de uma máquina ter acesso a todo o conhecimento humano já produzido passa a criar muitos riscos e perigos para nós, tanto assim que os filmes estão sempre abordando o tema. Não somos capazes de compreender o que uma máquina com todas as informações possíveis disponíveis em seu banco de dados poderia ser capaz de fazer de maneira a nos prejudicar sem que mesmo estivéssemos notando. Nesse ponto, penso que daqui algumas décadas, estaremos nos expondo a muitos riscos. A tecnologia está nos nivelando por baixo em relação às maquinas, ao invés de criar interfaces para que cada ser humano possa acessar diretamente todo esse conhecimento sem depender da IA. No estágio em que estamos, IA vai gerar muitas oportunidades de negócio e facilitação da vida humana. Mas num futuro não muito distante poderemos ter de pagar um preço que ainda só se pode especular....

3 ) IRON TECNO: Em sua visão como profissional e inovador tecnológico, o qual está com boas invenções, qual a maior dificuldade encontrada para inventores hoje no Brasil?

Resposta: PAULO GANNAM

A maior barreira e também o maior absurdo é o inventor não ter acesso aos programas de fomento e aceleração que as startups brasileiras tem. Estas empresas nascentes, de modo semelhante aos inventores independentes, estão tentando inovar em produtos-negócios por meio de uma nova invenção, um novo serviço ou um novo modelo de negócios a partir de produtos-serviços já conhecidos. Mas inventores não recebem um tostão, um auxílio, um programa bem formatado de fomento e aceleração. Muito menos apoio dos núcleos de inovação vinculados a universidades, quase todos sucateados, e pouco preocupados em ajudar gente de fora, por já terem trabalho de sobra com alunos matriculados e professores pesquisadores. E o que mais impressiona e revolta é saber que esses anônimos inventores respondem, segundo estimativas internacionais e nacionais, a cerca de 66% de tudo o que é patenteado no mundo, seja como patente de invenção, seja como patente de modelo de utilidade. O próprio INPI, Instituto Nacional de Propriedade Industrial, em seu último Boletim, aponta que no acumulado Janeiro-Julho de 2019, as pessoas físicas, que podemos enquadrar como inventores independentes, foram responsáveis por 44% dos pedidos de Patente de Invenção, e por exatos 66% dos pedidos de Patente de Modelos de Utilidade. São a maioria esmagadora do país que contribui com propriedade intelectual, mas não tem um único apoio, sendo ainda uma das classes que menos conseguem averbar contratos de tecnologia (fazer negócios com a tecnologia criada).

4 ) IRON TECNO: Considerando o Brasil inovador em muitas áreas técnico- cientificas, qual sua crítica em relação a carência de investimento para novas soluções de inovação tecnológica?

Resposta: PAULO GANNAM

Penso que todos, de alguma forma, sejamos responsáveis por isso. Muitos inventores, por limitações pessoais e do próprio Estado, não conseguiram atingir o grau de instrução necessário, ou o know how necessário para saber vender seu produto ao meio empresarial, de modo a convencê-lo de que sua invenção pode ser realmente viável economicamente a ponto de merecer ser produzida. As empresas, empresários e diretores, por mais racionais que tentem ser, ainda são atacados pela falta de visão, pela subjetividade e pelo “Quem Indica” em suas decisões. Política não existe apenas no Executivo e no Legislativo. Nas empresas, muitas decisões, certas ou erradas, são tomadas porque os seus Ceo’s ou diretores, ou decisores estão ouvindo seus amigos, seus conselheiros, pessoas que lhe são próximas. Acabam ignorando o inventor, tratando-o como mero desconhecido que é, e até como “café com leite” no processo negocial. Completa esta espiral o baixíssimo investimento que temos em Ciência, Tecnologia e Inovação, um dos piores do mundo, por uma questão de falta de prioridade política. Exportamos cérebros e importamos inovação. O INPI padece de morosidade e as patentes levam uma eternidade para serem negadas ou deferidas. Todo esse sistema conspira para uma invenção ou inovação continuar engavetada ou cair em domínio público por falta de acompanhamento e pagamento de taxas do inventor ao INPI.

5 ) IRON TECNO: Em sua visão de inventor, você acha que o Brasil desenvolve pouca atenção para seus inventores e suas criações tecnológicas? Deixando assim grandes oportunidades de criações que podem revolucionar o mundo ou ajudar a melhoria de muitos setores da vida em sociedade.

Resposta: PAULO GANNAM

Não tenho dúvidas. O inventor é invisível para o governo federal, para os legisladores e para a maior parte da sociedade. E sou prova disso há 8 anos, quando oficialmente passei a trabalhar com criação de novos produtos e a patentear algumas de minhas criações. A nossa sociedade, incluindo a imprensa como um todo, tem uma agenda de temas para tratar como as causas LGBT, direitos da mulher, internet das coisas, carros autônomos, carros elétricos, realidade aumentada, aplicativos, startups e assim por diante. Não que estes e outros temas que tem sido tratados não sejam relevantes e mereçam atenção. Mas note que não saímos muito disso, não importa o canal de TV que escolhamos. O trabalho desempenhado pelo inventor acaba ficando às margens do noticiário de inovação, negócios, ciência e tecnologia, e se afoga em editorias como curiosidades, entretenimento, como se ele fosse um palhaço de circo. Outro ponto é parecer não haver uma entidade que realmente esteja defendendo e representando os interesses dos inventores no congresso, fazendo alguma pressão para que leis melhores sejam redigidas para cobrir essa lacuna existente nos programas de fomento e aceleração. O foco deve ser acelerar projetos, e não acelerar empresas.

6 ) IRON TECNO: Seria impossível não indagar de você, Paulo Gannam, quais são as suas maiores barreiras em relação as sua criações, isso envolvendo desde a patente e toda sua burocracia e o incentivo por parte do nosso governo para inovações tecnológicas, fale um pouco para o público perceber as barreiras para os inventores no Brasil.

Resposta: PAULO GANNAM

Os programas de fomento e aceleração de negócios bolados no Brasil, se já não tem me ajudado em nada por excluírem a figura do inventor independente de qualquer tipo de apoio, conseguiram a façanha de me atrapalharem. Um caso é o do “InovAtiva Brasil”, conhecido por ser o maior programa de aceleração grátis de startups do país, criado pelo Ministério da Economia em 2013. O Programa ajuda negócios inovadores e tecnológicos que estejam no estágio de operação e tração e conecta a startup a grandes players de empreendedorismo do Brasil. Costuma oferecer oportunidades de interagir com investidores, executivos de grandes empresas, mentores e especialistas nos temas mais relevantes para a startup. Mas não permitem que um inventor, sozinho, como pessoa física, participe.

Em meados de 2011, concebi e depositei a patente de um sensor capaz de proteger rodas, calotas e pneus durante estacionamento ou encostamento junto ao meio-fio mediante alertas visuais e sonoros. Além de manter o veículo valorizado e em bom estado, esta inovação poupa o motorista do “mico” de produzir aquele estrondo quando uma sagrada roda de liga-leve é raspada no passeio. Pode ainda ser empregado como auxiliar de baliza de baixo custo e fácil instalação para veículos leves e pesados. Um produto plenamente escalável em nível mundial, seja no aftermarket, seja para montadoras e outras empresas no modelo b2b – com um custo de fabricação por ponto de 7 dólares aproximadamente, em uma das formas de fazer o produto.

Em 19 de dezembro de 2017, me deparei com uma matéria publicada na Revista “Pequenas Empresas & Grandes Negócios” informando que um brasileiro teria acabado de criar uma solução para ajudar o motorista a fazer baliza até de olhos fechados. Fui pesquisar o pedido de patente do titular do documento e um pouco do que se tratava tudo aquilo. Nada mais era do que uma empresa apoiada pelo Programa InovAtiva, tendo recebido 300 mil reais para aceleração, tendo sido ainda finalista do “Encontre um Anjo 2017”, competição organizada pela mesma Revista. Tempos antes, eu havia sugerido pauta para esse veículo de comunicação, sem êxito, para falar, entre outras coisas, dessa minha invenção automotiva. Imagine como eu me senti ao saber que – após 6 anos de muita pesquisa e trabalho sobre um projeto, além de uma sequência interminável de negativas de patrocínio desses programas –, um programa supostamente destinado a inovação do país estava apoiando um projeto muito semelhante, que entendo não passar de mera possibilidade construtiva do meu projeto. Não me restou outra alternativa a não ser buscar as vias administrativas e, se necessário, judiciais, para defender direitos que considero legítimos.

7 ) IRON TECNO: Grandes soluções tecnológicas, que hoje usamos em várias áreas, vieram de mentes que romperam desafios e inovaram mesmo sem apoio governamental ou de iniciativa privada. O que você acha que deve melhorar em relação a consciência por parte de quem detém poder econômico no apoio de geração de brilhantes inventores e suas criações?

Resposta: PAULO GANNAM 

Dificilmente você irá encontrar um inventor que, para obter sucesso, não precisou, de uma forma ou de outra, do apoio governamental, ou, no mínimo, de um empurrão do investidor privado. Inventor, diferentemente de uma startup, não é capaz de fabricar ou comercializar sua criação. Mesmo que consiga, na maioria das vezes, não é este o seu objetivo. O que o inventor pretende é transferir sua tecnologia para que empresas nascentes, emergentes ou estabelecidas, possam desenvolver os produtos finais e implementar todo o marketing no mercado. Do ponto de vista de quem detém o poder econômico, é importante que o empresário saiba que se trata de uma ótima oportunidade de negócio investir na patente de um inventor, principalmente se levarmos em conta a exclusividade de fabricação e comercialização, estando livre de concorrência por até 20 anos. É uma oportunidade de o empresário ampliar a valorização de seu patrimônio intangível, e de desenvolver vários negócios em potencial a partir daquela ideia do inventor. Agora o empresário ter ou não ter visão, é de “nascença”. E a cultura pelo investimento de risco precisa estar mais presente no meio empresarial. Pesquisa e teste gera riscos. Não há como inovar sem assumir algum risco, ainda que controlado. 

8 ) IRON TECNO: Além de suas invenções que falaremos à frente, diga para os leitores um pouco de você na questão de invenções tecnológicas, se você tem alguma filosofia em relação ao progresso da civilização moderna, e quais invenções em nosso século que você acha que criaram notável revolução em nosso modo de vida e seu impacto no pensamento humano.

Resposta: PAULO GANNAM

A ciência, a pesquisa e os estudos, sobretudo na área da saúde, deveriam focar em soluções que realmente evitassem que tivéssemos doenças ou que fornecesse a cura para os nossos maiores problemas de saúde. Todo mundo quer viver cada vez mais e livre de doenças. Essa é a nossa necessidade mais básica. O resto, como ter um carro 0 km, uma mansão, viajar para a França, comprar o melhor perfume, é “besteira”. É a manutenção e preservação da vida em boas condições que nos levará a um outro patamar de inteligência, convivência e valores. E tem gente fazendo aplicativo para monitorar a rota de um idoso com Alzheimer, para ver se o Alzheimer está “atacado”, ou se o idoso está perdido em algum cômodo da casa. Tudo bem que pode ser útil, mas francamente, tenham santa paciência! Vão buscar a cura para essa doença e deem um jeito de ganharem muito dinheiro com isso. A falha fundamental é a pesquisa estar subordinada a lógica dos negócios. Evidente que ninguém vai querer pesquisar se não tiver retorno sobre o investimento. Mas penso que podemos selecionar melhor o que pesquisar e criar sem prejudicar os negócios. 

Quanto ao segundo questionamento, acho muito difícil elencar, mas eu ficaria com a internet, os antibióticos, e todos os outros medicamentos e descobertas na área da saúde que estejam até hoje nos dando a possibilidade de alçar voos cada vez mais altos em termos de qualidade física e emocional.

9 ) IRON TECNO: Em sua visão de sociedade humana com seu erros e acertos, hoje percebemos mais erros que acertos em relação ao meio ambiente. O que você acha que pode causar uma revolução no planeta e diminuir o impacto da destruição dos ecossistemas que agregam diversas formas de vida? 

Resposta: PAULO GANNAM 

A redução dessa destruição já vem ocorrendo, em parte, graças a mudança da grade curricular e a valores hoje mais aceitos e compreendidos universalmente sobre a necessidade de se preservar a natureza. Tendo a acreditar que, de agora em diante, isto só tende a melhorar e a imprensa também tem tido um papel fundamental na modificação da cultura de descaso e no incentivo à mudança de comportamento por parte de cada um. Vislumbro ainda que, se não nos destruirmos de modo irreversível no meio do caminho, conseguiremos desenvolver tecnologias capazes de tornar o efeito estufa coisa do passado, alterando positivamente a atmosfera e a biodiversidade como bem entendermos. A conferir... 

10) IRON TECNO: Hoje percebemos um movimento global em busca de formas alternativas e não poluentes de energia que não agridam o meio ambiente, observamos a grande revolução na forma de obter energia sustentável e limpa, já passou em sua mente criar novas soluções tecnológicas que se enquadrem nessa questão de energia livre e não poluente em relação ao nosso planeta?

Resposta: PAULO GANNAM

Alguma ideia nessa área pode até ter atravessado minha mente em algum momento, mas não me recordo agora.

11 ) IRON TECNO: Falando de problemas das grandes cidades, a questão do trânsito é uma que tomou proporções gigantescas e prejudiciais tanto para o meio ambiente quanto para o tempo perdido no trânsito caótico. Percebemos que, mesmo com todos avanços tecnológicos, os engarrafamentos tornam-se algo complicado de melhorar. Sua invenção do sistema eletrônico de comunicação entre condutores veio para melhorar essa questão. Nos fale você como esse sistema pode ajudar a melhorar o trânsito nas grandes cidades.

Resposta: PAULO GANNAM

Na verdade, o sistema que concebi não foi criado para diretamente melhorar o engarrafamento ou o meio ambiente em si. Pode até ter isso como resultado secundário, mas a ideia foi a de fomentar a comunicação entre os motoristas para as mais diversas situações merecedoras de uma comunicação no trânsito, de modo muito seguro, algo que os atuais aplicativos e hardwares, quando usados separadamente, não conseguem resolver – seja pelo alto custo de fabricação, seja pela má formatação, porque abarrotados de recursos que tornam o da comunicação entre motoristas um dos menos utilizados!


Eu percebi que, ao dirigir, sentia vontade de alertar e ser alertado por outros motoristas de inúmeras situações. Por exemplo, se o meu farol estivesse queimado, se minha porta estivesse entreaberta, quando um motorista colava na minha traseira e esquecia o farol alto ligado, se eu via vazando óleo do carro dele ou se seu pneu estava murcho; quando eu freava bruscamente numa curva por conta de um obstáculo e queria avisar imediatamente quem vinha atrás para reduzir a velocidade, quando via alguém não usar cinto de segurança... Enfim, era essa vontade, presente de forma quase subconsciente, de me comunicar e receber informações que permitiu a criação dessa invenção. Algo que trouxesse essa necessidade para a consciência das pessoas, de modo a criar uma rede de comunicação sem precedentes, por meio de um produto especialmente voltado para a comunicação no trânsito em áudio-texto, de comandos e atalhos simples.

A comunicação segura e constante entre motoristas vai contribuir para prevenir acidentes e vai permitir às autoridades governamentais e empresas conhecerem mais os motoristas e as necessidades de melhorias nas condições de segurança das rodovias.

12) IRON TECNO: O que te levou a criar o sistema eletrônico de comunicação entre condutores? Nos relate o que o usuário pode esperar desse invento e se existe algum custo para o uso desse sistema? Qual sua ideia para tornar ele acessível ao maior número de motoristas? 

Resposta: PAULO GANNAM 

Estava voltando de uma cidade vizinha à minha, um policial me parou e me comunicou que um de meus faróis baixos estava queimado. Comentei que não tinha observado o ocorrido, do contrário já teria feito o reparo com larga antecedência. Recebi uma advertência por escrito e assim que retornei à minha cidade, São Lourenço, no sul de Minas Gerais, levei à oficina e o problema foi resolvido. Mas, na volta, pensei: “Caramba, deveria existir uma forma de algum motorista ter me avisado dessa ocorrência, de modo objetivo e seguro, pois eu teria conseguido fazer o reparo bem antes sem me colocar em risco e aos outros”. Foi então que veio a ideia de criar um sistema, combinando preferencialmente hard e soft, que permitisse o envio de mensagens entre motoristas que pudessem alertar problemas identificados nos carros uns dos outros que não estivessem notando – sem precisar ficar fazendo gestos imprecisos ou piscando o farol.

Conforme o projeto foi amadurecendo e pesquisas foram sendo realizadas junto aos motoristas, percebi que o leque de aplicações do sistema ia muito além de informar problemas no veículo, e poderiam incluir campanhas de educação no trânsito, dados sobre as condições das pistas, comunicado sobre sequestros relâmpago, e assim por diante. 

O usuário pode esperar uma experiência perfeita de conectividade com outros motoristas, por meio de um sistema sem-igual para poder enviar e receber mensagens. O sistema tem um custo de fabricação aproximado de 7 dólares (se usado hard e soft), e um custo irrisório se estivermos falando numa possibilidade construtiva que contemple apenas o aplicativo com configurações específicas. 

Para que o sistema se torne acessível ao grande público, é necessário a entrada de empresas atuantes na área de tecnologia automotiva, como sistemistas, montadoras, empresas de tecnologia em geral com parceiros do segmento automotivo, para identificar e sequenciar os melhores mercados e fazer com que o produto ganhe escala. Por isso, estou em contato com empresas do setor, dentro e fora do Brasil, para tentar viabilizar este projeto, transferindo a tecnologia para que empresas possam explorá-la industrial e comercialmente.

13) IRON TECNO: Pelo que podemos perceber, existe um sistema semelhante na Europa. Conte-nos o que difere seu invento do já usado na Europa?

Resposta: PAULO GANNAM

Em certas regiões da Europa, carros localizados num pequeno raio podem receber informações de algum órgão sobre questões de trânsito. O volume do som do veículo abaixa automaticamente e um dado é fornecido. Isto é apenas umas das possibilidades que meu sistema pode oferecer porque, muito além disso, permite que motoristas sejam membros ativos no envio de mensagens uns aos outros, uma vez que o leque de situações que demandam troca de informações não pode depender somente de uma comunicação vertical – órgãos governamentais para motoristas.

14) IRON TECNO: Hoje existem leis que proíbem a conversa do motorista no celular. O sistema eletrônico de comunicação entre condutores inventado por você não encontrará barreiras em relação ao código de leis de trânsito, que proíbe conversas que possam distrair o motorista? Qual sua visão em relação a essa questão?

Resposta: PAULO GANNAM

A forma convencional de falar ao volante com o celular não é permitida. Mas note que alguns veículos vindos de fábrica das montadoras dão ao condutor possibilidade do atendimento de chamadas sem retirar as mãos do volante, enquanto dirige. O fato é que as leis serão forçadas a mudar com o aperfeiçoamento das novas tecnologias de comunicação disponíveis nos veículos. A propagação dos veículos semiautônomos, depois autônomos, contribui ainda mais para este processo. Voz é a próxima onda, e comunicações por meio de um único clique, ou comando de voz – reduzindo a perda de atenção a quase 0 –, não serão objeto de entraves legais se as versões finais dos produtos voltados para esse mercado forem bem projetadas.

14) IRON TECNO: Aqui encerramos. Nós do IRON TECNO agradecemos pela oportunidade em divulgar seu trabalho e seu invento. Em nossa visão, esse invento só ajudará na melhoria do trânsito, e desejamos que sejamos também um pequeno colaborador na divulgação desse benefício. Torcemos para que seja implantado o mais rápido possível para ajudar nas grandes cidades, seja de fácil acesso para todos os motoristas, e de fácil entendimento para todas as idades. 

No que for útil e depender de nossa parte, divulgaremos para que muitos possam conhecer esse invento.

PAULO GANNAM

Fico imensamente agradecido pelo incentivo e solidariedade. Estou nessa estrada há 9 anos, ainda sem êxito em concretizar uma parceria com uma empresa, mas procuro conduzir esta jornada no espírito de um trecho da música de Jim Croce, chamada I Got a name, que diz: “Se isto me levar a lugar algum, chegarei lá orgulhoso”. Um abraço a todos.

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