São Paulo – Conhecido por seus comentários “sem freios” no Twitter e que, não raro, geram debates polêmicos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump postou no domingo (5) em sua conta oficial no microblog uma análise pessoal sobre o incêndio histórico que já matou 9 pessoas e destruiu mais de mil casas na Califórnia.
“Os incêndios da Califórnia estão sendo ampliados e agravados pelas más leis ambientais que não permitem que uma grande quantidade de água seja utilizada corretamente. [Água] Tem sido desviada para o Oceano Pacífico. Devem também limpar as árvores para impedir a propagação do fogo”, diz Trump no Twitter.
O tuíte veio um dia após o governador da Califórnia, Jerry Brown, pedir ajuda ao governo americano para lidar com a atual temporada de incêndios florestais no estado. Alimentado por ventos tempestuosos e vegetação seca, o incêndio que começou na segunda-feira passada (29) ganhou corpo e se alastrou rapidamente sobre a floresta e cidades no norte do estado americano.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 5, 2018
O texto confundiu os especialistas e atraiu uma onda de críticas de seguidores e ambientalistas. Embora as estratégias estaduais e federais de manejo florestal nos últimos anos tenham sido citadas como facilitadoras dos recentes incêndios florestais, estudiosos foram rápidos em refutar a alegação do presidente americano de que a política da água era a culpada.
“Do lado da água, isso confunde a mente”, disse LeRoy Westerling, professor da UC Merced e especialista em incêndios, ao San Francisco Chronicle. “Nós gerenciamos todos os nossos rios na Califórnia, e toda a água é alocada muitas vezes. Então eu não tenho certeza do que ele estava recomendando. . . . Mesmo se tivéssemos eliminado todo o habitat de espécies [de mata] ciliares e peixes, e permitido a intrusão de água salgada no delta e estabelecido um sistema de irrigação sobre o estado, isso não compensaria a maior perda de umidade associada à mudança climática”.
“Do lado da água, isso confunde a mente”, disse LeRoy Westerling, professor da UC Merced e especialista em incêndios, ao San Francisco Chronicle. “Nós gerenciamos todos os nossos rios na Califórnia, e toda a água é alocada muitas vezes. Então eu não tenho certeza do que ele estava recomendando. . . . Mesmo se tivéssemos eliminado todo o habitat de espécies [de mata] ciliares e peixes, e permitido a intrusão de água salgada no delta e estabelecido um sistema de irrigação sobre o estado, isso não compensaria a maior perda de umidade associada à mudança climática”.
Segundo o site Huffington Post, não ficou claro o que o presidente quis dizer com “água desviada para o Pacífico”. O site destaca que a Califórnia aloca água para consumidores residenciais, agrícolas e industriais, e para a manutenção de áreas naturais estratégicas, incluindo as que abrigam espécies ameaçadas. Porém, ao final de todo seu percurso, as águas do estado acabam drenando para o oceano.
O portal de notícias Vox pontua outras razões que tornam as declarações de Trump desconcertantes, como as relacionadas às atividades humanas. “As pessoas estão construindo em áreas vulneráveis, estão ateando a maioria desses incêndios e os humanos estão promovendo mudanças climáticas, o que torna as condições de incêndio mais severas”, diz.
Nesta segunda-feira, Trump voltou a falar do incêndio na Califórnia, desta vez culpando o governador Jerry Brown. “O governador Jerry Brown deve permitir o fluxo livre das vastas quantidades de água vindas do norte e que são tolamente desviadas para o Oceano Pacífico. Podem ser usadas para incêndios, agricultura e tudo mais. Pense na Califórnia com muita água –Boa! Governo federal aprovaria rápido”, escreveu o presidente americano. Fonte: Exame
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