Artigo
Ao longo da história da Ufologia, muito se especulou sobre
os conteúdos dos documentos oficiais de posse de governos e forças armadas de
diferentes países. Falava-se em documentos registrando casos fabulosos, resgate
de naves e tripulantes, além dos estudos derivados destas capturas. Os
primeiros documentos oficiais desclassificados, nos Estados Unidos mostraram um
panorama diferente. Eles continham apenas relatos, não muito diferentes dos
registrados por instituições ufológicas civis. Essa mesma característica foi
constatada quando outros países, notadamente Austrália, Espanha, Inglaterra e
Canadá disponibilizaram seus arquivos sobre UFOs, ou pelo menos parte deles.
No Brasil, esta tendência se manteve, embora também
mantivesse características próprias. Este autor conduziu um estudo sobre a
forma como os casos foram registrados e estudados ao longo dos anos, pela Força
Aérea Brasileira (FAB), levando em conta a rica casuística ufológica
paranaense, identificando atitudes, comportamentos e métodos de ação da FAB em
relação ao fenômeno UFO.
Esta investigação analisou todos os documentos liberados
pela FAB de 2008 à 2014, obtidos por iniciativa da Comissão Brasileira de
Ufólogos (CBU) e pela Revista UFO, através da campanha UFOs – Liberdade de
Informação Já. Os documentos aqui analisados estão à disposição no site da
Revista UFO, seção documentos,
Ao longo deste estudo, constatou-se algumas inconsistências
entre o que já se sabe sobre o envolvimento das Forças Armadas Brasileiras com
o Fenômeno UFO e o material até agora liberado. Talvez, a inconsistência mais
importante seja a ausência de documentos sobre casos conhecidos da Ufologia
Brasileira, que foram até agora omitidos pelas autoridades. Ao longo deste
artigo apresentaremos alguns exemplos paranaenses. Além destes, são omitidos
registros fotográficos, vídeos e gravações relacionados à UFOs e que estão de
posse das Forças Armadas. Sabe-se seguramente que tais arquivos existem em
separado dos arquivos e relatórios até agora disponibilizados. Fotografias de
UFOs, por exemplo, são arquivadas em pasta própria, em separado dos relatórios.
Vídeos e gravações entre aeronaves em contato com UFOs e controles de voo são
igualmente importantes pois permitem identificar caraterísticas específicas
relacionadas aos casos que documentos escritos não transmitem. Tais gravações
são citadas em inúmeros documentos já liberados oficialmente e podem fornecer
valiosos dados sobre o impacto emocional que tal experiência gerou nos
envolvidos.
Outra característica observada, tanto nos documentos
referentes à casos ufológicos paranaenses quanto em casos ocorridos em outros estados
brasileiros, é a superficialidade de muitos relatórios, notadamente após o ano
de 1990. O formulário adotado após esse ano, além de ser superficial, pode
gerar erros em análises posteriores. Isso se constata, por exemplo, quando se
analisam os formulários das décadas de 1990, 2000 e 2010 e compara-se com a
estatística geral de casos do CONDABRA, desclassificada oficialmente em 2014.
Percebem-se informações equivocadas inseridas neste resumo estatístico e
ausência de alguns casos importantes. Essa superficialidade em um estudo
estatístico de suma importância gera questionamentos sobre os métodos e
critérios utilizados pelos militares, tanto no registro dos casos quanto no
consequente arquivamento e posterior liberação dos documentos.
Por fim, outra inconsistência observada refere-se à
distribuição temporal dos documentos e casos já disponibilizados. De um modo
geral, estes documentos tem a seguinte característica:
Documentos da década de 1950 – São compostos por apenas
quatro lotes. Um deles contém uma investigação da FAB sobre o Caso da Barra da
Tijuca, ocorrido em 1952. Os outros lotes contémrelatórios superficiais sobre
avistamentos e duas cartas de pesquisadores civis à FAB.
Documentos da década de 1960 – O conjunto de documentos desta
década é composto de um relatório enviado pelo grupo CICOANI sobre caso
ocorrido em 1962 e por documentos do SIOANI sobre casos ocorridos a partir de
meados de 1968. Aqui, constata-se uma ausência de casos registrados pela FAB no
período 1958-1968. Ou os discos voadores evitaram o território brasileiro nesse
período, ou então informações estão sendo omitidas em algum lugar... Como
sabemos, este período foi um dos mais intensos na casuística ufológica
brasileira, onde ocorreram muitos casos que chamaram a atenção da população.
Documentos da década de 1970 – Composto de inúmeros
documentos, relatórios, transcrições, registros, estudos, cartas, etc, sobre
UFOs em território nacional, incluindo documentos da Operação Prato. Não foram
disponibilizados vídeos e gravações deste período.
Documentos da década de 1980 – Composto de inúmeros
documentos, relatórios, transcrições, registros, estudos, cartas, etc, sobre
UFOs em território nacional. Também não existem fotos, gravações e vídeos
disponibilizados neste período.
Documentos após 1990 – Composto em sua maioria por registros
em formulário padrão, composto de duas páginas, superficial e sujeito à erros.
Ao analisar estes aspectos históricos percebem-se variações
brutais na quantidade de casos ocorridos dentro de diferentes unidades
militares da Força Aérea Brasileira. Sabe-se que a movimentação de UFOs é
constante no Brasil, sendo um dos países com maior quantidade de registros
deste tipo. Sabe-se também que o fenômeno UFO é um histórico, ocorrendo desde o
surgimento da humanidade. Assim, o normal seria que a ocorrência de casos
fossem um pouco mais homogêneas, tanto historicamente quanto espacialmente, ou
seja, nos locais onde ocorrem. O que se observa nos documentos já liberados é
que em regiões com Centros de Controle de Tráfego Aéreo os registros são muito
mais constantes do que em outras regiões, embora não sejam homogêneos
temporalmente.
No estado do Paraná isso de confirma plenamente da seguinte
forma: Desde 1954, foram registrados 112 casos ufológicos pela FAB. Destes, 84
casos ocorreram em Curitiba e cidades da região metropolitana. Do total de
casos ocorridos no Estado, 17 envolveram aeronaves em voo. Curiosamente,
houveram 8 casos em que UFOs permaneceram por longo tempo suspensos próximos ou
mesmo acima dos aeroportos Afonso Pena e do Bacacheri, sede do CINDACTA 2. Não
se observa, através dos documentos, qualquer interesse ou iniciativa de
observação do fenômeno por parte dos militares. Embora isso se explique pelo
fato de eles estarem de serviço em setores sensíveis, nada impediria o alerta
para outros militares observarem e registrarem tais objetos. Se houve interesse
e um registro foi feito nesse sentido, isso deve ter gerado outros documentos
que até o momento não foram liberados.
Ainda em relação à incomum distribuição histórica dos casos
no Paraná temos o seguinte cenário: apenas um caso registrado na década de
1950, um caso registrado na década de 1960 que é citado em um resumo
estatístico feito muitos anos depois, e um caso registrado na década de 1970.
Na década de 1980 temos 5 casos registrados, enquanto que existem 77 casos
registrados ao longo da década e outros 27 casos registrados após o ano 2000.
Em outros estados essa característica também pode ser
observada, o que gera novos questionamentos sobre a forma como a Força Aérea
cataloga e arquiva seus documentos. Esta variação abrupta de casos seria
causada por mudanças nas manifestações ufológicas ou pelo modo como a Força
Aérea trata o tema? Se levarmos em conta a casuística ufológica, os casos
investigados porufólogos e certos padrões de comportamento dos militares
facilmente encontramos a resposta. Sabemos que a casuística ufológica não
apresentou variações significativas em relação ao número casos. O que muda é a
forma como militares tratam o tema, tanto a nível oficial, através de
normatizações internas [como por exemplo a Diretriz Específica 04/89 e a Norma
de Procedimento Aeronáutico 09-C], quanto a nível pessoal por parte de
comandantes e militares. Assim, todos os órgãos de Controle de Tráfego Aéreo
devem registrar todos os casos que chegarem ao seu conhecimento, conduzir
investigações caso haja necessidade e acionar órgãos de defesa aérea caso
alguma ocorrência represente risco à navegação aérea ou à segurança nacional. A
decisão sobre a necessidade destas ações especiais cabe ao comandante de cada
unidade.
Em relação à questão ufológica, as Forças Armadas
Brasileiras dividem-se basicamente em dois grupos. Enquanto um grupo não tem
interesse na pesquisa oficial e na confirmação pública da realidade dos UFOs
outro grupo aceita que algumas informações sejam disponibilizadas publicamente.
Essa postura se confirma nos documentos oficiais observando-se o número de
casos ocorridos ao longo dos anos nos diferentes órgãos da FAB. Quando mudam-se
comandantes de determinadas unidades, mudam-se alguns procedimentos básicos,
como o reenvio de relatórios sobre casos ufológicos ao CONDABRA, em Brasília.
Nos documentos já liberados pela FAB temos casos muito
interessantes ocorridos no Estado do Paraná.
Um dos mais antigos envolveu o comandante Nagib Ayub, que a
bordo de um cargueiro DC-3, da VARIG, avistou um UFO junto dois outros dois
tripulantes na noite de 6 de agosto de 1954. A aeronave, prefixo PP-VBF, havia
decolado de Porto Alegre (RS), com destino ao Rio de Janeiro (RJ), seguindo
rota pelo litoral do Paraná. Ao entrar o espaço aéreo correspondente ao Estado,
os tripulantes observaram um objeto voador luminoso, de cor avermelhada,
evoluindo próximo à aeronave. Em alguns momentos, o objeto aproximava-se da
aeronave, assustando os pilotos que decidiram mudar a rota e seguir para São
Paulo onde prestaram depoimento. Entre os documentos da FAB já disponibilizados
publicamente, no Arquivo Nacional em Brasília, temos um relatório, redigido
pelo piloto, relatando o caso.
Alguns meses depois, Ayub prestou depoimento aos militares
em um painel sobre UFOs realizado pela própria FAB, em 2 de novembro de 1954,
com ampla cobertura da imprensa. Além de Ayub, vários outros civis, além de
militares prestaram depoimento na conferência. Por se tratar de uma atividade
oficial da FAB, era de se esperar que ele tivesse gerado algumas páginas de
documentos contendo atas da reunião, depoimentos, relatórios, etc. Entretanto,
até o momento, nenhuma citação à esta reunião existe nos documentos
disponíveis.
Comandante Nagib Ayub, protagonista de avistamento ufológico no litoral do Paraná, em 1952.
Aeronave PP-VBF, pilotada pelo comandante Nagib, durante avistamento em 1952.
Outro caso interessante presente nos documentos já liberados
envolve um voo comercial entre São Paulo (SP) e Londrina (PR) na noite de 10 de
maio de 1965. Neste caso, um objeto voador luminoso aproxima-se da aeronave, um
Convair-340, com três tripulantes, já na fase do final do voo, chegando em
Londrina. Neste caso, o objeto foi confirmado visualmente pelo operador de
serviço na Torre de Controle daquela cidade. Curiosamente, este caso não possui
documentos disponíveis no lote correspondente à década de 1960, mas é citado em
um documento posterior, da década de 1970 que faz uma revisão histórica de
vários casos registrados pela FAB. Isso sugere que a FAB possui documentos
específicos sobre o caso que ainda não foram divulgados.
Em 8 de setembro de 1978, ocorreu outro caso envolvendo
aeronaves comercias e UFOs. Segundo os documentos disponíveis, a aeronave,
prefixo PT-JKQ, durante voo entre Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR),
deparou-se com um UFO luminoso que posicionou-se à frente da aeronave durante
sua aproximação para a cidade de Curitiba. A observação durou aproximadamente
45 min e não houve registro em radares.
Aeronave prefixo PT-JQK, envolvida em avistamento ocorrido durante voo entre Belo Horizonte e Curitiba, em 8 de setembro de 1978.
Em 22 de agosto de 1985, ocorreu um importante caso de
avistamento múltiplo, na cidade de Foz do Iguaçu (PR). Por volta das 11:30hrs,
várias pessoas na cidade observaram um objeto voador metálico, de cor
alaranjada, em forma de prato tendo uma espécie de rabicho e duas antenas na
parte superior. Por duas horas, este misterioso objeto evoluiu sobre a cidade e
sobre a região do aeroporto sendo observado por milhares de pessoas. Várias
destas testemunhas telefonaram para a torre de controle do aeroporto da cidade,
relatando o avistamento. Os operadores da torre também testemunharam a aparição
e contataram aeronaves voando na região e que confirmaram a presença do
estranho objeto. Ao todo, cinco aeronaves comerciais confirmaram visualmente a
presença do objeto que não era captado pelos radares.
Sobre este caso, existem atualmente cinco páginas de
documentos, contendo descrição mais ou menos detalhada do fato, mas sem
qualquer transcrição de comunicações entre aeronaves envolvidas e a torre de
controle de Foz do Iguaçu (PR).
No final do ano de 1989, a FAB emitiu a Diretriz Específica
04/89, que determina os procedimentos a serem tomados em caso de avistamento ou
reporte de UFOs em território brasileiro. A partir deste documento, surgiu a
Norma de Procedimento Aeronáutico 09-c, regulamentando estes procedimentos. A
partir de então, adotou-se um formulário padrão para registro do chamado
Tráfego Hotel (termo usado pela FAB para designar os UFOs).
Este formulário do ponto de vista ufológico é superficial e
sujeito à erros, tanto no registro dos dados do avistamento quanto na posterior
interpretação e análise das informações. O registro do local da ocorrência, por
exemplo, confunde-se com o do endereço da testemunha, o que pode prejudicar
mapeamentos destes casos no futuro. Outro erro possível refere-se à data e hora
das ocorrências. Por padrão, a FAB utiliza o horário UTC para registro dos
casos. O horário UTC (também chamado Hora Zulu) é a hora padrão internacional e
possui três horas de diferença em relação ao horário de Brasília. Por exemplo,
se o horário UTC, indicado em um determinado documento for 17:00hrs, o horário
oficial de Brasília será 14:00 hrs. No horário brasileiro de verão, essa
diferença diminui para duas horas, o que pode gerar confusão e erros em uma
análise desatenta. Essa situação é ainda mais complicada quando o caso ocorre
próximo à meia noite. Por exemplo, um caso que teria ocorrido às 2:00hrs UTC,
no dia 20 de agosto, teria ocorrido às 23:00 hrs do dia 19 de agosto, segundo o
horário de Brasília.
Na noite de 17 de março de 1994, ocorreu outro interessante
caso ufológico em Curitiba e São José dos Pinhais (PR) com várias testemunhas
em diferentes pontos de observação. Durante aproximadamente 2 horas foram
observados dois UFOs, um posicionado sobre o aeroporto do Bacacheri e o outro
sobre o aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais. Em dado
momento, um dos objetos posicionou-se logo acima de uma aeronave que decolava
do aeroporto do Bacacheri. Embora o caso seja importante devido às suas
características, numero de testemunhas e locais de ocorrência, temos apenas
temos dois informes disponibilizados que contém com dados coletados junto à
testemunhas. Não houve aparente interesse dos militares em observar,
documentar, identificar ou interceptar estes objetos.
Entre os documentos disponibilizados, dois chamam a atenção
devido à uma possível relação com casos de abdução, na região de Curitiba, um
deles ocorrido na região do bairro Boqueirão, em Curitiba e outro na região de
Colombo (PR). O primeiro caso trata-se da abdução de Ademir Correa, ocorrida em
julho e agosto de 1988, em um terreno até então desocupado, situado a poucos
metros de sua casa e ao lado do quartel do 5º Grupo de Artilharia de Campanha
Autopropulsado, do Exército Brasileiro. O abduzido encontrava-se sozinho em casa,
ao final da tarde de domingo, quando seus animais de estimação começaram a
ficar muito agitados. Ademir lembra-se de neste momento dirigir-se à janela, e
observar um objeto voador luminoso suspenso sobre o terreno baldio. Segundo
suas lembranças, aoaproximar-se da janela, começava na televisão o programa
dominical Os Trapalhões. Ele lembra-se de observar o objeto e se afastar da
janela e constatar que o referido programa se encerrava e começava o programa
Fantástico, gerando um lapso de tempo perdido de aproximadamente 1 hora em que
ele nãoteve qualquer lembrança. Pouco depois, sua esposa chegava em casa e
também testemunha o objeto sobre o local. Vários moradores da região e
militares de guarda nas guaritas do quartel testemunharam a presença do objeto.
No terreno, o local onde o objeto posicionou-se mostrou-se
queimado, indicando um possível pouso de UFO. Militares da base isolaram a
área, recolhendo muitas amostras de terra e vegetação do local. Em seguida,
roçaram o terreno, revirando o solo para apagar quaisquer vestígios no local e
em seguida destacaram um veículo de guarda cuidando do local por muito tempo.
Teria o Exército Brasileiro conduzido uma investigação sobre este caso?
Haveriam documentos sobre esse fato em algum arquivo militar? Atualmente, o
local onde o caso ocorreu encontra-se completamente modificado, pois ali, anos
mais tarde, foi construído um Clube de Oficiais do Exército. Este caso
encontra-se detalhadamente descrito no livro Sequestros Alienígenas, de Mario
Rangel e publicado através da coleção Biblioteca UFO.
Curiosamente, neste mesmo local, um UFO foi avistado por
moradores locais que avisaram a Força Aérea, gerando um relatório nos arquivos
da FAB. Este novo caso ocorreu em 12 de dezembro de 1998, por volta das
22:40hrs. Neste caso, foram observados quatro objetos, sendo três brancos e um
avermelhado, que evoluíam sobre a região.
Outro caso, possivelmente relacionado à uma abdução, ocorreu
às margens da BR-116, próximo ao Clube Santa Mônica, na região de Colombo (PR).
O referido caso de abdução envolveu a senhora Maria, queencontrava-se com sua
família em Praia de Leste, em meados de abril de 1997. No começo da noite, a
família inteira (aproximadamente 15 pessoas) observa um objeto voador alongado,
luminoso com numerosas janelas ao longo de sua estrutura. Maria sentiu-se
compelida a sair da casa onde a família se encontrava e se dirigir à praia,
onde a abdução ocorreu. Curiosamente, nenhum familiar percebeu a ausência de
Maria, que só foi encontrada desacordada no dia seguinte, pelo próprio filho
que ia à praia para surfar. Maria mostrou-se confusa e desorientada,
acreditando encontra-se em um ambiente subterrâneo. Dias depois, toda a família
retornou para sua residência, em Colombo (PR), onde dias depois viu-se
novamente envolvida em um fato ufológico. Em 14 de maio de 1997, uma sonda
sobrevoa o gramado da residência vizinha à casa de Maria, queimando o gramado
por onde ela passava. No momento da aparição, havia na residência apenas duas
crianças, Rafael e Vanessa, que tinham 10 e 14 anos respectivamente. Rafael
observou todo o movimento do objeto e gritou para sua irmã, que ainda pôde ver
o quintal iluminado pelo estranho aparelho. Com o desaparecimento do objeto, os
irmãos aproximaram-se da marca, que ainda ardia em chamas azuladas. Algum tempo
depois, já com a presença de seus pais, ambas as testemunhas passaram mal e
chegaram a ser internadas no Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul
(PR) com sintomas aparentes de intoxicação radioativa. Menos de um mês depois,
outro avistamento ocorreu na região, desta vez dentro do Santa Mônica Clube de
Campo, situado muito próximo à residência de Maria. Este novo relato foi
publicado no jornal informativo do clube poucos dias após o caso.
Entre os arquivos da FAB, já disponibilizados, existe um
relatório de um terceiro avistamento, ocorrido na rua lateral ao Clube, em 18 de
março de 1999, colocando esta região como área de incidência do fenômeno.
Após o ano 2000, o numero de registros em documentos da FAB,
diminuiu consideravelmente. Os registros tornaram-se mais esporádicos e
mantiveram seu caráter superficial, com o uso do relatório padrão. Alguns
poucos casos forma registrados de forma um pouco mais aprofundada. Um deles
envolveu o Controle de Voo, em Curitiba e uma aeronave em aproximação para a
cidade. Neste caso, um objeto voador luminoso, de cor avermelhada, acompanhou a
aeronave por 52 minutos. Atualmente estão disponíveis sete páginas de
documentos com transcrição das comunicações entre aeronave e o controle.
Com base dos dados disponibilizados nos documentos, é
possível fazer algumas análises estatísticas. Dos 112 casos registrados até o
ano de 2013, 85 deles ocorreram no período noturno e apenas 25 no período
diurno, com dois casos sem indicação de horário. O horário com maior incidência
é entre 18:00 e 24:00, que corresponde ao horário em que a maior parte da
população paranaense está mais atenta ao céu, em casa, após um dia de trabalho.
Conforme observamos na casuística ufológica mundial, os a maioria dos UFOs
observados durante o dia apresenta aspecto prateado e contornos nítidos,
enquanto que a noite apresenta luminosidades e cores variáveis. Tal
característica se observa plenamente nos casos descritos na documentação da
FAB, embora exista certa limitação no registro das informações por parte dos
militares. Aproximadamente 71% dos registros da FAB citam objetos arredondados,
luminosos de cor avermelhada, que podem englobar vários formatos diferentes
(esférico, globular, ovoide, discos, etc). Os outros 29% correspondem à outros
formatos, tais como triangular, cometa, delta, etc.
Uma das principais críticas dos ufólogos referentes à
liberação de documentos da FAB refere-se à ausência de informação sobre casos
importantes. O Centro de Investigação e Pesquisa Exobiológica (CIPEX), de
Curitiba, pesquisou vários casos onde houve envolvimento das forças armadas, à
exemplo do já citado caso Ademir Correa.
Um dos casos mais interessantes ocorreu no centro da cidade
de Curitiba, em 14 de dezembro de 1954, e praticamente parou a capital
paranaense. Por volta das 10 horas da manhã, três discos voadores de aparência
metálica sobrevoaram a cidade a baixa altura durante aproximadamente seis
horas. Inicialmente, os três objetos sobrevoaram o centro da cidade, chamando a
atenção de toda a população local. Em dado momento, dois objetos se afastam e
um deles desceu aproximando-se do topo do edifício Pugley, sendo registrado por
um fotógrafo presente no local. Nas ruas, comerciantes fecharam as lojas
assustados com o fato. Devido à gravidade da situação, aviões da Força Aérea
Brasileira decolaram na tentativa de interceptar os UFOs, mas sequer
conseguiram se aproximar destes aparelhos. Entre as testemunhas deste episódio
está o Coronel Carlos Assunção, então Chefe de Polícia do Estado do Paraná, na
época, que confirmou o avistamento em entrevistas para imprensa.
Analisando este caso, temos dois aspectos interessantes. O
primeiro é o sumiço das fotografias do objeto, que deveriam estar de posse dos
jornais da cidade que cobriram oevento. Os acervos dos jornais Gazeta do Povo e
do Estado do Paraná não contem as fotografias dos aparelhos e não se sabe o
destino delas. O segundo é ausência de documentos ou mesmo referências ao
episódio entre os arquivos já liberados pela FAB. Com base nisso perguntamos:
Haveria uma política de acobertamento e sigilo sobre este caso?
Outro importante caso ocorrido na cidade de Curitiba não
possui documentação ou mesmo citação entre os materiais já liberados pela FAB.
Trata-se do pouso de um UFO dentro da Base Aérea do Bacacheri, em Curitiba, em
data ainda desconhecida no ano de 1977. Na época, o local era sede da Escola de
Especialistas da Aeronáutica, que mais tarde foi transferida para Guaratinguetá
(SP). Durante certa noite, dois discos voadores surgiram sobre o aeroporto. Um
deles pousou a poucos metros da torre de controle e do local onde futuramente
seria construída a sede do Cindacta II. Do aparelho desceram três tripulantes,
de estatura mediana, que vestiam um traje semelhante ao de mergulhadores, sendo
uma roupa colante, de cor escura e uma máscara sobre o rosto. Os estranhos se
dirigiram para um hangar usado pela Força Aérea onde havia um avião, modelo
Bandeirante, que foi puxado para fora do hangar. Em seguida, os desconhecidos
começaram a inspecionar a aeronave, sendo surpreendidos por militares que
observaram o todo o acontecimento. Imediatamente o alarme da base soou,
alertando os tripulantes que correram para o aparelho que decolou em seguida
fazendo forte barulho. Vários moradores da vila de oficiais e moradores do
bairro do Bacacheri teriam testemunhado a decolagem do disco voador que
desapareceu em altíssima velocidade. O comando da Base impôs sigilo ao caso que
só é conhecido graças ao então Capitão Hollanda (que chefiou a Operação Prato),
que informou o ufólogo Daniel RebissoGiese. Este caso, permanece classificado
pela FAB e desconhecido até mesmo de muitos militares que serviram naquela
base. Anos mais tarde, alguns militares que tomaram conhecimento deste caso
foram advertidos para não buscarem mais informações sobre o mesmo.
Um ano antes, em 1976, um OVNI deixou um estranho objeto
metálico, semelhante à um caixa às margens de um rio em Praia de Leste (PR). Um
pescador local recuperou a caixa, guardando-a por algum tempo. Tempos depois,
um militar do exército procurou o pescador e comprou a caixa por uma razoável
quantia. Não se sabe o que ocorreu com a caixa e qual o seu paradeiro
atualmente.
Outro caso que ilustra bem o interesse militar pelos UFOs
ocorreu em agosto de 1983, quando JulioBatchen fotografou um disco voador no
bairro Batel, em Curitiba. Ao revelar as fotos e perceber a presença nítida do
disco voador, o autor procurou o CINDACTA2, informando o fato. O militar que o
atendeu, major Azevedo, solicitou a foto e os negativos, que seriam enviados
para análise em Brasília (DF). Batchen pediu garantias de que foto e negativo
seriam devolvidos após as análises. Diante da negativa oficial, Julio se
recusou a entregar os registros e acabou cedendo-os à grupos ufológicos civis.
Em novo contato com a FAB, outro militar, o capitão Garibaldi, reafirmou o
interesse da FAB nos registros, mas após Batchen informar que eles já se
encontravam de posse de investigadores civis informou que a FAB não teria mais
interesse no caso. Este caso nos remete aos já citados registros fotográficos e
de vídeo, que compõem o acervo da Força Aérea e que não foram disponibilizados
pela Força Aérea.
No inverno de 1997, o estado do Paraná foi palco de mortes
de centenas de animais de criação, em circunstâncias estranhas, atribuídas ao
chamado chupacabras. A região metropolitana de Curitiba, notadamente a região
rural das cidades de Campina Grande do Sul e Bocaíuva do Sul foram áreas de
incidência do fenômeno. Neste caso, também houve envolvimento oficial por parte
de policiais, agentes da Secretaria de Meio Ambiente de Campina Grande do Sul,
agentes da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Paraná e do Exército
Brasileiro que empreendeu ações de captura da estranha criatura. Os militares
conseguiram capturar pelo menos duas criaturas que foram enviadas para
Londrina, onde embarcaram em um avião Hercules C-130 e decolaram para destino
desconhecido. Ufólogos que investigavam o estranho fenômeno na época
documentaram a presença dos militares na região nos períodos de maior
incidência do fenômeno. De posse das filmagens, foi possível identificar os
veículos como pertencentes ao 20º Batalhão de Infantaria Blindado, sediado em
Curitiba. Estas operações com certeza devem ter gerado páginas e páginas de
relatórios internos que esperamos um dia venha à tona.
Como vimos ao longo deste artigo, tudo o que a Força Aérea
Brasileira disponibilizou é apenas a ponta do Iceberg. Existem casos
impressionantes ainda desconhecidos dos ufólogos, que permanecem cobertos sob
um manto de sigilo por parte dos militares. Especula-se que arquivos do
Exército e Marinha sejam igualmente impressionantes ou mesmo até mais
importantes em termos de quantidade e qualidade de conteúdo do que estes já
disponibilizados pela FAB.
Mas não basta apenas desclassificação e liberação pública
dos documentos. O conhecimento e a verdade são como diamantes que precisam ser
lapidados. A principal ferramenta disponível para isso é a análise criteriosa,
com análises dos casos, cruzamento de informações, estatísticas e novas
investigação dos casos, quando possível. Só assim para eliminar possíveis
inconsistências, geralmente involuntária nos arquivos oficiais.
Nós, pesquisadores e entusiastas deste fascinante assunto
temos interesse em conhecer tais arquivos. Mais do que isso, a população
mundial precisa tomar conhecimento desta realidade para que esteja pronta para
um contato futuro e os consequentes saltos evolutivos, tanto em termos
tecnológicos quanto sociais e espirituais. No entanto, por hora, a humanidade
não tem maturidade para conviver com esta realidade. Este é um dos motivos
pelos quais existe o acobertamento e sonegação de informações por parte das
autoridades. Se, por exemplo, a FAB admite que um UFO pousou na Base Aérea do
Bacacheri e puxou um avião para fora de um hangar com absoluta rapidez e
facilidade, burlando o sistema de segurança da Base e evadindo-se do local com
a mesma rapidez, muitas pessoas vão se perguntar: “Puxa! Pago meus impostos
para financiar as Forças Armadas para proteger o país e eles não podem nem se
proteger dos tais UFOs”. São questionamentos sensíveis às autoridades militares
que são absolutamente profissionais e competentes em suas atividades. Nessa
guerra entre a necessidade de informação versus possibilidades de informação,
nós pesquisadores e entusiastas somos personagens centrais, pois depende de
cadaum de nós levar este tipo de informação à quem não conhece Ufologia. Cabe à
nós preparar a humanidade para lidar com estas informações de modo que possam
aceitar confirmações oficiais e num futuro, espero, não muito distante,
possamos efetivar um contato oficial, aberto e definitivo com nossos
visitantes.
Reportagem de jornal de dezembro de 1954 noticiando avistamento coletivo que parou a cidade.
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