Os ciclopes do bairro Sagrada Família, em Belo Horizonte
As primeiras décadas da Ufologia foram ricas em registro de casuística, com todo o tipo de contato e de extraterrestres sendo descritos por pessoas que muitas vezes sequer sabiam o que era um disco voador. Em todo o mundo, o fenômeno seguiu em crescimento, com épocas de maior incidência de avistamentos e contatos, que ficaram conhecidas como ondas ufológicas. Os contatos aos quais nos referimos aqui são contatos diretos ou, como ficou eternizado pelo filme de Steven Spielberg, contatos imediatos.
Diferentemente do que vemos hoje, e de acordo com as testemunhas do início da Ufologia, os extraterrestres pareciam mais curiosos sobre nós do que nós sobre eles. Há muitos casos nos quais os visitantes se mostraram intrigados por bicicletas, isqueiros, rádios e outros objetos de nosso dia a dia. Além disso, o comportamento dos alienígenas em relação aos humanos não era agressivo nem messiânico — era apenas o de quem tenta se comunicar com seres estranhos.
O caso que conheceremos a seguir é um dos tantos que acabaram se perdendo com o passar do tempo, que mostra um interessante tipo de interação entre alienígenas e humanos, além de um tipo diferente de ser, cuja descrição, em sua totalidade, é única. As testemunhas, com o passar do tempo, mantiveram suas narrativas e os pesquisadores que se dedicaram ao caso parecem ter acreditado nelas.
A pesquisa do caso
Durante uma onda ufológica, em 1965, uma matéria surpreendente, sob o título Tripulante de Disco Voador Desceu em Belo Horizonte?, saiu publicada no jornal O Diário, conhecido por sua linha editorial rígida e conservadora, porta-voz oficioso que era da Cúria Metropolitana de Belo Horizonte. A matéria dizia que três crianças teriam observado, em 1963, um estranho objeto voador com vários tripulantes. Ainda segundo o jornal, a história só estava sendo publicada naquele momento graças a um vizinho, cuja esposa, dona Zita Ianni, vira recentemente um UFO de grandes dimensões, do tipo cilindro voador, com janelas retangulares e iluminadas, flutuando majestosamente sobre a Estação de Distribuição Elétrica da Central Elétrica de Minas Gerais (Cemig) do bairro Sagrada Família, na periferia de Belo Horizonte. Impressionado com a narrativa dos meninos, o citado vizinho os convenceu a relatar o caso ao repórter de O Diário.
Imediatamente à publicação da matéria, o ufólogo Alberto Francisco do Carmo, então associado do Centro de Investigação Civil de Objetos Aéreos Não Identificados (Cicoani), foi até o local para investigar o caso e conseguiu realizar a primeira entrevista com os meninos e seus familiares. O professor Húlvio Brand Aleixo, diretor do Cicoani, efetuaria subsequentemente mais de 15 contatos com eles, isoladamente e em conjunto. Cada detalhe foi repassado, em uma reconstituição minuciosa do caso no próprio local e à noite, com a participação de todos os envolvidos. Posteriormente, para completar o dossiê, foi feita a cobertura fotográfica, entrevistados alguns vizinhos e iniciada a aplicação de testes psicológicos que, infelizmente, por razões que fugiram ao controle do grupo, tiveram que ser interrompidos.
O relatório de Aleixo, com o título O Caso de Sagrada Família, foi publicado inicialmente em inglês no Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos Sobre Discos Voadores (SBEDV) e posteriormente uma tradução em português saiu na mesma publicação, de maio de 1968. A remontagem do evento que fazemos a seguir, na qual procuramos inserir o máximo possível de detalhes, baseia-se na investigação de Aleixo e no relatório, ainda mais completo, elaborado por Carmo e concluído em 24 de janeiro de 2005, e em nossas próprias pesquisas in loco, realizadas em 25 e 26 de junho de 2005 quando então pudemos entrevistar uma das testemunhas principais, o senhor José Marcos Gomes Vidal.
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