Labirintos de gelo e de folhas. Mistérios guardados em pontos secretos dos penhascos e das selvas. Como nasceram estes extremos? Quando a Cordilheira dos Andes se formou, há milhões de anos, moldou e mudou a América do Sul. As diferenças de altitude agitaram o clima: fizeram primavera, verão, outono e inverno tudo ao mesmo tempo, separados às vezes por poucos quilômetros.
Na fascinante viagem das espécies, um elemento incansável torna a existência possível: a água. Um viajante que se transforma para chegar aonde ninguém mais chega. E nós vamos com ela. A equipe do Globo Repórter vai até o Peru, onde a Cordilheira dos Andes divide o país em três regiões e viajou mais de dois mil quilômetros da costa até a Amazônia, enfrentando um imenso complicador: as maiores altitudes das Américas.
No dia seguinte, chegam reforços. O guia Wilfredo Morales alerta que vai faltar fôlego. O trecho da Cordilheira por onde a equipe vai atravessar é a segunda maior rede de montanhas do mundo. Só perde para o Himalaia. São mais de 20 picos que passam dos seis mil metros. O esforço físico e o frio consomem a energia, mas a paisagem cura. Sempre com uma beleza diferente.
A equipe passa a noite à beira da lagoa Jahuacocha e tem o privilégio de observar as aves das altitudes e um morador majestoso: o ganso selvagem andino. Tudo isso acontece no quintal da dona Alba. Ela mora em uma casinha simples desde que casou, há 49 anos. Diz que, longe de tudo, sempre teve que se virar e aprendeu a fiar a lã e fazer roupas.
O caminho ainda é de flores e animais de criação. O perigo aumenta na encosta íngreme. Nos trechos mais complicados, o cuidado é redobrado. Árvores, animais, até os pássaros desaparecem. Do céu caem bolinhas de gelo. O patamar dos 4.900 metros foi quase impossível. À noite, menos 18 graus. No céu limpo e frio, a Cordilheira dos Andes é um reflexo das estrelas. As únicas testemunhas da aventura do Globo Repórter.
No último trecho, capacetes e sapatos com grampos de metal. Os passos agora são sobre o gelo. Tudo fica mais difícil. As pernas pesam, o fôlego aperta e o coração dispara, a 5.200 metros de altitude. Por fim, a equipe chega ao objetivo da escalada: a geleira de Jerupajá, uma das mais altas do mundo.
Da crista da Cordilheira, a equipe do Globo Repórter passa para o outro lado dos Andes. As correntes mudaram: agora a água corre para o interior do continente, na direção do Brasil. Depois de uma semana longe da civilização, a estrada é um alívio.
A equipe chega em Pucallpa, na província amazônica de Ucayali. E não é só a paisagem que muda. Ali começa a imensa bacia amazônica. E de alguma forma, todos os rios vão acabar desaguando no rio Amazonas. Só que até lá eles têm um longo caminho pela frente, cheio de maravilhas e mistérios. E é por causa de um deles que o Globo Repórter foi até ali. Uma história que acabou virando lenda: a de um rio, perdido na selva peruana, onde dizem que a água ferve.
Com um termômetro digital que mede a temperatura por laser, dá para ver que a temperatura da água no meio do caminho já está acima de 20 graus. Medindo em outro lugar, mais a frente, a água já esquentou: o termômetro mede 34 graus. O rio misterioso também vai ficando mais estreito. A profundidade diminui e a mata vai fechando. Nos últimos quilômetros no meio da mata, finalmente o rio Xanaya Tipisca é encontrado. A equipe do Globo Repórter mede a temperatura da água: 65.8 graus. Subindo pela margem os aventureiros procuram saber se ainda existe algum lugar onde a água é mais quente ainda. Usando o termômetro, a água passa dos 80 graus. Fonte: G1.Globo
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