Descoberto DNA dos construtores de Stonehenge
Uma nova colaboração de pesquisa da Universidade de Oxford,
publicada na Nature Scientific Reports, identificou que várias pessoas que
foram enterradas em Stonehenge se mudaram e provavelmente transportaram os
arenitos usados nos estágios iniciais da construção do monumento, originados
das Montanhas Preseli, no oeste do País de Gales.
Novas evidências de DNA revelaram a origem dos construtores:
os ancestrais das pessoas que construíram Stonehenge viajaram para o oeste
através do Mediterrâneo, antes de chegar à Grã-Bretanha. O novo estudo mostra
que os pesquisadores compararam DNA extraído de restos humanos neolíticos,
encontrados em toda a Grã-Bretanha, com o de pessoas vivas ao mesmo tempo na
Europa.
Esses habitantes do Neolítico viajaram da Anatólia, que é na
Turquia moderna, para a Ibéria; depois seguiram para o norte e chegaram à
Bretanha por volta de 4 mil a. C. O autor principal Christophe Snoeck
disse: "A recente descoberta de que algumas informações biológicas
sobrevivem às altas temperaturas atingidas durante a cremação (até 1.000° C)
nos ofereceu a excitante possibilidade de finalmente estudar a origem daqueles
enterrados em Stonehenge".
A migração dessas pessoas da Anatólia para a Grã-Bretanha
fazia parte de uma expansão massiva geral em cerca de 6 mil anos a. C., que
introduziu a agricultura na Europa. Antes disso, a Europa era povoada por
pequenos grupos de viajantes, que se reuniam e caçavam. Eles coletavam plantas
silvestres, pescavam e caçavam animais selvagens. Já um outro grupo de agricultores
seguiu o Rio Danúbio até a Europa Central; outro grupo viajou para o oeste
através do Mediterrâneo. O DNA revelou que os britânicos neolíticos eram
descendentes de grupos que tomaram a rota do Mediterrâneo.
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Há evidências de DNA dos primeiros fazendeiros britânicos
que se pareciam muito com os povos neolíticos da Ibéria, da Espanha moderna e
de Portugal. Esses fazendeiros eram descendentes daqueles que atravessaram o
Mediterrâneo, e viajaram pelo norte através da França, e podem ter entrado na
Inglaterra pelo oeste até o País de Gales, ou pelo sudoeste da Inglaterra.
Enquanto a conexão galesa era conhecida pelas pedras, o
estudo mostrou que as pessoas também se moveram entre o oeste do País de Gales
e Wessex, no Neolítico Final; e que alguns de seus restos foram enterrados em
Stonehenge.
Os resultados enfatizam a importância das conexões
inter-regionais envolvendo o movimento de materiais e pessoas na construção e
uso de Stonehenge, fornecendo insights raros sobre a grande escala de
contatos e intercâmbios no Neolítico, desde 5 mil anos atrás.
Esses primeiros migrantes neolíticos da Grã-Bretanha
introduziram a tradição de construir monumentos usando grandes pedras,
conhecidos como megalíticos, como em Stonehenge. Quando esses agricultores
chegaram cerca de 4 mil a. C., misturaram-se com grupos de caçadores coletores
ocidentais, mas o DNA mostra que os dois grupos não se misturaram muito.
Os fazendeiros neolíticos substituíram completamente os
caçadores coletores britânicos de um grupo no oeste da Escócia, onde os
habitantes tinham elevada ascendência local e que poderiam ter chegado ao grupo
de agricultores simplesmente em número maior.
Tom Booth, arqueólogo especialista em DNA do Museu de
História Natural de Londres e coautor do estudo, disse: “Não encontramos
nenhuma evidência dos ancestrais caçadores coletores ocidentais britânicos
locais nos agricultores neolíticos depois que eles chegaram. Isso não significa
que eles não se misturaram, apenas significa que talvez o tamanho de sua
população fosse pequena demais para deixar qualquer tipo de legado
genético".
Mas quando chegaram à Grã-Bretanha já estavam bem preparados
para o cultivo em um clima do noroeste da Europa. Nas análises de DNA de
caçadores coletores, um dos esqueletos foi apelidado de “Homem de Cheddar”,
cujos restos mortais foram datados por volta de 7.100 a. C., mais antigo homem
encontrado na Grã-Bretanha, reconstruído e exposto no Museu Histórico Nacional,
no ano passado.
O DNA mostra que, ao contrário da maioria dos outros
caçadores coletores europeus da época, ele tinha pele escura e olhos azuis, mas
os fazendeiros neolíticos eram de pele clara, com olhos castanhos e cabelos
castanhos-escuros ou pretos.
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