A sonda espacial TGO realizou a medição mais precisa já feita dos gases-traço na atmosfera marciana. [Imagem: ESA/ATG]
As mais precisas
observações já feitas em busca do metano perdido de Marte não
encontraram nada.
A missão conjunta da ESA-Roscosmos (agências espaciais da
União Europeia e Rússia), chamada TGO (ExoMars Trace Gas Orbiter), chegou
ao planeta vermelho em outubro de 2016 e passou mais de um ano empregando a
técnica de frenagem aerodinâmica necessária para atingir a sua órbita
científica de duas horas, 400 km acima da superfície de Marte.
Assim, a principal missão científica do TGO começou no final
de abril de 2018, apenas alguns meses antes do início da tempestade global
que tomou conta de Marte e que levaria à perda do robô Opportunity.
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Isso permitiu fazer observações únicas, com a TGO
acompanhando o início e o desenvolvimento da tempestade e monitorando como o
aumento de poeira afetou o vapor de água na atmosfera - importante para
entender a história da água em Marte ao longo do tempo.
Todas as observações da tempestade condizem com os modelos
de circulação global e com a presença de água na forma de gelo em Marte, nas
baixas concentrações já conhecidas. Mas os resultados com o metano foram bem
diferentes.
A sonda TGO trouxe
dados ricos sobre a tempestade global em Marte e fez um mapa detalhado dos
minerais ricos em moléculas de água - mas o metano não apareceu. [Imagem: ESA]
Mistério do metano de Marte
Dois espectrômetros - NOMAD e ACS - a bordo da TGO fizeram
medições de gases-traço na atmosfera marciana. Os gases-traço compõem menos de
um por cento da atmosfera em volume, e exigem técnicas de medição altamente
precisas para determinar as suas impressões digitais exatas.
A presença desses gases é normalmente medida em "partes
por bilhão por volume" (ppbv). Por exemplo, o inventário de metano da
Terra mede 1.800 ppbv, o que significa que, para cada milhar de milhão de
moléculas, 1.800 são metano.
Os resultados da TGO encontraram um limite superior de 0,05
ppbv de metano em Marte, ou seja, 10 a 100 vezes menos metano do que todas
as detecções relatadas anteriormente. O limite de detecção mais preciso, de
0,012 ppbv, foi obtido a 3 km de altitude.
"Temos dados belíssimos de alta precisão que detectam
sinais de água, dentro da faixa de onde esperamos ver o metano, mas ainda podemos
reportar um modesto limite superior que sugere uma ausência global de
metano," disse Oleg Korablev, do Instituto de Pesquisas Espaciais da
Rússia e responsável pelo espectrômetro ACS.
Relatos de metano na atmosfera marciana têm sido
intensamente debatidos porque as detecções foram muito esporádicas no tempo e
na localização e, muitas vezes, caíram no limite de detecção dos instrumentos.
A sonda Mars Express, em 2004, indicou a presença de metano
no valor de 10 ppbv. Telescópios baseados na Terra também registraram medições
transitórias de até 45 ppbv, enquanto o robô Curiosity sugeriu um nível basal
de metano que varia com as estações entre 0,2 e 0,7 ppbv - com alguns picos
mais altos - na cratera Gale.
"Nós preferimos não criticar os resultados de outros;
nós apenas podemos reivindicar a precisão dos nossos resultados. Nós apenas
relatamos os dados e deixamos para os teóricos tentarem explicar o que está
acontecendo," disse Korablev.
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