Se você quer saber quem realmente foram os cimérios, um conselho:
esqueça Conan. Muito antes de Tolkien (autor de "O Senhor dos
Anéis"), foi Robert E. Howard um dos primeiros autores a criar um mundo
completo de povos, línguas, história e geografia fictícios, com continentes
imaginários que surgiram do nada e afundaram novamente entre um cataclismo e
outro.
Só pra você ter uma idéia: segundo a cronologia da Era
Hiboriana do autor do herói dos quadrinhos, a Atlântida e a Lemúria
afundaram ao mesmo tempo (!) num só cataclismo. Pior: embora os cimérios
fossem notoriamente um povo do Cáucaso, o que restaria da "Ciméria"
de Howard acabou formando as Ilhas Britânicas (!) e sumiram. Acho que ele nunca
se informou direito sobre os povos bárbaros caucasianos.
Esse é o problema em escrever sobre fatos que se confundiram com a mitologia:
às vezes, a lenda atrapalha a História. A ciência da Arqueologia já avançou
muito, mas ainda há inúmeros obstáculos talvez intransponíveis.
Em que pese o fato de os grandes guerreiros que entraram em
contato com a civilização grega na Era do Bronze nunca se deram ao trabalho de
registrar sua própria História (ainda mais quando nem tinham língua escrita),
eles tiveram suas "estórias" contadas por seus inimigos. Alguém já
disse que a história oficial é sempre a versão contada pelos vencedores?
A Terra de Gomer ou Ciméria. O Livro do Gênesis, capítulo
10, contém uma interessante e controvertida lista de descendentes de Noé,
chamada "Posteridade de Noé", através de seus três filhos: "Eis
a descendência dos filhos de Noé: Sem, Cam e Jafet. Filhos de Jafet: Gomer,
Magog, Madai, Javã, Tubal, Mosos e Tiras."
Nesta pesquisa, interessa especialmente a linhagem de Jafet, que teve sete
filhos, entre os quais Gomer e Javã. Gomer deu seu nome a uma nação, [em
Ezequiel 38:6]. "Gomer", segundo os lingüístas, vem do acadiano
GIM-IR-[RA-A] - ou Cimir, Cimira. Foram um povo migratório e fizeram sua
primeira parição histórica no oeste da Ásia no fim do século VIII a.C..Javã
está relacionado o nome tribal grego "Ionia", relativo à costa oeste
da Ásia Menor. Eram mercadores e negociavam com os Fenícios de Tiro e da Palestina.
Os filhos de Gomer vieram a ser conhecidos como
"Gomarians" ou "Comarians"e, finalmente,
"Cimerians". Ocuparam o norte e oeste europeu combatendo sempre até
fixarem um núcleo de povoamento entre a Alemanha e a Austria, onde tornaram-se
os "Germans" ou germãnicos, enquanto os nômades seguiam para a Rússia
onde dominaram as estepes. [GIANTS OF ASIA]
Muito, muito pouco se sabe a respeito da
verdadeira História dos assombrosos guerreiros cimérios. Nos mapas da
região registrados até o século XVIII pelos cartógrafos ingleses,
o estreito de Bósforo ainda era chamado de Cimmerian Bosphorus ou Ponto
Cimmerian("Mar Cimeriano").
Os Cimérios (em grego Κιμμέριοι, Kimmérioi) foram bárbaros
nômades eqüestres que, de acordo com Heródoto, viviam originalmente na região
norte do Cáucaso e no Mar Negro - atuais Rússia e Ucrânia - quando travaram
contato (brutalíssimo) com a civilização mediterrânea-mesopotâmica nos séculos
VIII e VII a.C. Registros assírios, todavia, determinam que esse povo se
localizava no atual Azerbaijão em 714 a.C.
Os Cimérios, Citas, Albanianos, Gargários e Amazonas eram algumas das vários
tribos que habitavam a região em volta da Cordilheira do Cáucaso, a Sarmátia,
entre a Europa e a Ásia; e causaram tamanho espanto com suas diferenças físicas
e culturais, a ponto de serem integrados ás lendas da mitologia grega - junto
com seres fantásticos como os centauros, ninfas, deuses e minotauros. Foi nessa
"companhia" tão confiável que eles acabaram sendo considerados também
meras criaturas de ficção.
Suas origens são obscuras, mas acredita-se que eram
Indo-Europeus. Sua língua é geralmente tida como "o elo perdido"
entre a língua trácia (junto a leste da Grécia) e o persa. Se foram realmente
um povo pré-histórico, eles eram o elo perdido de muita
coisa entre as culturas Ocidental-Oriental. No começo do século XX os
cimérios costumavam ser associados aos Proto-Indo-Europeus ("Arianos"
ou "Jafetitas").
Entre os primeiros povos que ocuparam a Europa os Cimérios
se destacam por sua cultura e seus feitos enquanto dominaram as estepes no
extremo sul do território da atual Rússia. Sua civilização pertenceu ao fim da
Idade do Bronze. Suas origens obscuras parecem associá-los ora aos Trácios, ora
aos Parses, do atual Irã já há cinco mil anos antes de Cristo. Os cimérios
estão associados aos cavalos de modo tão estreito que seus homens foram, muito
possivelmente, a origem do mito do centauro, quando as hordas de guerreiros
foram vistas pela primeira vez em suas montarias em lugares onde os cavalos
ainda não tinham sido domesticados.
Por enquanto, sabe-se que aquele povo se instalou por um século em Antandrosis,
uma antiga cidade a noroeste da atual Turquia. Com os avanços das escavações
arqueológicas no local, é possível encontrar evidências da ocupação ciméria. Os
pesquisadores adiantam que, em futuro próximo, Antandorsis pode se tornar uma
segunda Ephesus em termos de importância histórica.
Nos mapas das migrações
de tribos nômades, os cimérios povoaram a Europa e se tornaram os
celtas. Arqueologicamente muito pouco se sabe dos cimérios da costa norte do
Mar Negro.
Foi sugerido que possam ter compreendido a tão-chamada
"cultura catacúmbica" do sul da Rússia, aparentemente expulsa pela
"cultura das urnas funerárias" que avançara a partir do oriente mais
além. Isso está de acordo com o relato grego de como os cimérios foram
substituídos pelos citas. Algumas estelas de pedra encontradas na Ucrânia e no
norte do Cáucaso tiveram sua origem ligada à civilização ciméria.
Na mitologia grega, a Ciméria era vizinha da Terra dos
Mortos. Porque aqueles bárbaros sempre foram um povo tão sombrio? O historiador
grego Heródoto (485-420 a.C.) já descrevia aquela região como "inóspita,
intimidadora, sempre à sombra das montanhas e com o céu coberto de neblina; um
lugar onde só os extremamente fortes sobrevivem; uma terra de trevas e noite
eterna. Um local melancólico com florestas negras, silêncio sombrio e um céu
turvo e nuvens de chumbo.
Eis como Homero nos
apresenta a terra do povo de Conan:
Aí fica o país e a cidade dos homens da Ciméria.
Estes tateiam continuamente na noite e no nevoeiro, e nunca
olha para eles radioso o deus do sol luminoso.
Mas é a terrível noite que envolve os miseráveis humanos.
HOMERO, Odisséia, XI. 14-19.
É esta passagem que
Ephorus aplica aos cimérios no próprio tempo em que foram estabelecidos na
península da Criméia, e que explica seu ditado que eles eram uma raça de
mineiros, vivendo perpetuamente no subterrâneo. (Daí a associação com o Mundo
dos Mortos).
O que nos leva de volta ao artigo sobre suas vizinhas (e
parentes) amazonas: os arianos do Cáucaso pareciam cultuar Ares
como um deus central, tornando-se Mestres da Guerra praticamente invencíveis,
com a fama de serem guerreiros perfeitos.
Como nunca se bronzeavam, também eram pálidos como defuntos.
Eram descritos como indivíduos "de pele branca como a neve, olhos
cinzentos, de mulheres e homens altos, medindo entre 2 m e 2,20
metros, extremamente musculosos, arrogantes, corajosos e muito, muito
fortes mesmo".
Sua terra era a grande Cordilheira do Cáucaso, próxima ao
Mar Negro, região hoje ocupada por Armênia, Azerbaijão, Geórgia e Rússia. Há
5500 anos, aquela área ainda era um celeiro (melhor seria dizer vespeiro) de
povos bárbaros tão primitivos que nem tinham língua escrita, vivendo
principalmente da caça, em culturas matriarcais.
Havia tribos com soldados homens e mulheres. Os antigos
gregos chamavam o sistema deles de "Ginocracia" (sociedade regida por
mulheres). Inventaram o machado de guerra, arma de dois gumes iguais, usado por
homens e mulheres, representando a igualdade.
Fora isso, tudo o que resta são as impressões visuais:
ligados à Natureza, eles usavam os famosos capacetes com chifres; as armas eram
presas às costas; mestres da cavalaria, dos povos "domadores de
cavalos" montanheses, habitavam cabanas de madeira e pedra também nas
florestas e nos pântanos; e odiavam o sol, só saindo à noite e passavam o dia
vivendo em catacumbas interligadas por túneis.
Eis aqui a marca registrada dos cimérios, que tanto os
distinguia; a "cultura das catacumbas" sem dar a mínima para o mundo
exterior. Eis porque os caucasianos foram os últimos povos a saberem do Grande
Dilúvio Universal, que traumatizou os outros povos e deu origem às religiões
dos povos civilizados: enquanto a chuva caía e milhões morriam afogados,os
cimérios provavelmente passaram os 40 dias e noites bebendo cerveja nas
catacumbas.
Existe a teoria que os cimérios foram "os primeiros
brancos" que deram origem à etnia caucasiana. Sendo um povo tão antigo e
pré-histórico, sem contato com os raios do sol por milênios, eles poderiam ter
dado início à mutação genética da ausência de melanina (ou "anomalia"
da falta de pigmentos na pele, se assim preferirem). E, sim: eles DESPREZAVAM a
Civilização - "corrupta, decadente, imunda, podre, imoral, opressora,
escravista e envenenada pela prática da magia."
O primeiro registro histórico dos cimérios aparece nos anais
da Assíria no ano 714 a.C. Eles descrevem como um povo chamado Gimirri ajudou
as forças de Sargão II a derrotar o reino de Urartu. Sua terra original,
chamada Gamir ou Uishdish, parece ter sido localizada no Estado-tampão de
Mannai. O geógrafo posterior Ptolomeu colocou a cidade de Gomara nessa região.
Alguns autores modernos afirmam que os cimérios incluíam mercenários, chamados pelos assírios de Khumri, restabelecidos na região por Sargão. Contudo, gregos de épocas posteriores sustentam que os cimérios, antes disso, haviam vivido nas estepes entre os rios Tyras (Dniester) e Tanais (Don).
Alguns autores modernos afirmam que os cimérios incluíam mercenários, chamados pelos assírios de Khumri, restabelecidos na região por Sargão. Contudo, gregos de épocas posteriores sustentam que os cimérios, antes disso, haviam vivido nas estepes entre os rios Tyras (Dniester) e Tanais (Don).
Homero os descreve em seu livro 11 da Odisséia como
habitantes de terras enevoadas e de trevas nos limites do mundo, às margens
de Oceanus. Vários reis cimérios são mencionados em fontes gregas e
mesopotâmica, incluindo Tugdamme (Lygdamis em grego) e Sandakhshatra (final do
século VII a.C.)
De acordo com as Histórias de Heródoto (c. 440 a.C.), os cimérios haviam, em determinado ponto do passado, sido expulsos das estepes pelos citas. Para garantir seu enterro na pátria de seus ancestrais, os membros da família real ciméria dividiram-se em grupos e lutaram entre si até a morte.
Os camponeses cimérios enterraram os corpos ao largo do rio
Tyras e, através do Cáucaso, fugiram do avanço cítico, adentrando a Anatólia e
o Oriente Próximo. O percurso total parece ter se estendido desde Mannai,
perpassando, ao leste, as terras médicas da cordilheira de Zagros, e ao sul da
área até o Elam.
Migrações
As migrações dos cimérios foram registradas pelos assírios, cujo rei, Sargão II, morreu em batalha contra os próprios cimérios em 705 a.C. E foram os assírios que trouxeram os cimérios à Mesopotâmia: exatamente como os grandes bárbaros destruidores de cidades mesopotâmicas. E foi assim que o bom e ilustre povo cimério fez sua estréia na História: exercendo sua profissão por excelência, como "ladrão, pirata e mercenário."
As migrações dos cimérios foram registradas pelos assírios, cujo rei, Sargão II, morreu em batalha contra os próprios cimérios em 705 a.C. E foram os assírios que trouxeram os cimérios à Mesopotâmia: exatamente como os grandes bárbaros destruidores de cidades mesopotâmicas. E foi assim que o bom e ilustre povo cimério fez sua estréia na História: exercendo sua profissão por excelência, como "ladrão, pirata e mercenário."
Subseqüentemente, os registros sobre esse povo apontam sua
conquista sobre a Frígia em 696 a.C., o que levou o rei frígio Midas a ingerir
veneno como recusa a ser capturado. Em 679 a.C., durante o reino de Assarhaddon
da Assíria, os cimérios atacaram a Cilícia e o Tabal sob o comando do novo
líder, Teushpa. Assarhaddon, contudo, os derrotou próximo a Hubushna
(inconclusivamente identificada com a moderna Capadócia, Ásia Menor).
Em 654 a.C. os cimérios atacaram o reino da Lídia,
assassinando o rei Giges e causando grande destruição à capital lídia, Sardes.
Retornaram dez anos depois durante o reino do filho de Giges, Ardis II, e desta
vez capturaram a cidade inteira, com exceção da cidadela. A queda de Sardes
afetou decisivamente os poderes da região; os poetas gregos Calino e Arquíloco
registraram o medo que tomou conta das colônias gregas na Jônia, algumas das
quais foram atacadas por salteadores cimérios.
Contudo, a ocupação ciméria da Lídia foi breve - possivelmente devido ao surto epidêmico da praga. Entre 637 a.C. e 626 a.C. os conquistadores foram derrotados por Aliates II da Lídia. A derrota marcou o fim definitivo do poder cimério.
Contudo, a ocupação ciméria da Lídia foi breve - possivelmente devido ao surto epidêmico da praga. Entre 637 a.C. e 626 a.C. os conquistadores foram derrotados por Aliates II da Lídia. A derrota marcou o fim definitivo do poder cimério.
O termo "Gimirri" ainda foi usado um século depois
na inscrição Behistun (c. 515 a.C.) como equivalente babilônico do termo persa
Saka ("citas"), mas, com exceção disso, nunca mais se ouviu falar dos
cimérios na Ásia, e o destino final desse povo é incerto. Foi-se especulado que
se estabeleceram na Capadócia, conhecidos em armênio como Gamir (mesmo nome da
pátria ciméria original em Mannai). Contudo, certas tradições francas
terminariam por definir sua localização na boca do Danúbio (ver Sicambre).
Trácia & Cítia
Acredita-se que há certo número de ramificações com origem
nos cimérios. Os trácios foram identificados como um possível ramo ocidental
daquele povo. Se Heródoto estiver correto, ambos os povos originalmente
habitaram a costa norte do Mar Negro, e ambos foram forçados a deixar a área ao
mesmo tempo devido a invasores vindos do leste. Os cimérios haveriam abandonado
sua pátria ancestral rumo ao leste e ao sul, através do Cáucaso.
Apesar de que os cimérios de que se tem conhecimento via registros históricos têm seu lugar história por um curto período de tempo (século VII a.C) diversos povos celtas e germânicos mantêm a tradição de serem descendentes dos cimérios ou dos citas, e alguns de seus nomes étnicos parecem corroborar a crença (p.ex. Cymru, Cwmry ou Cumbria, Cimbre).
Apesar de que os cimérios de que se tem conhecimento via registros históricos têm seu lugar história por um curto período de tempo (século VII a.C) diversos povos celtas e germânicos mantêm a tradição de serem descendentes dos cimérios ou dos citas, e alguns de seus nomes étnicos parecem corroborar a crença (p.ex. Cymru, Cwmry ou Cumbria, Cimbre).
A etimologia de Cymru (termo galês para o País de Gales) e
de Cwmry (Cumbria), que, de acordo com a tradição galesa, deriva diretamente de
"cimérios", é considerada, por uma outra corrente, como provinda do
celta kom-broges, que significa "compatriotas". No que diz
respeito à tribo Cimbre, não se sabe ao certo se eram celtas, germânicos ou se
algum outro povo, provindo dum grupo Indo-Europeu Ocidental anterior conectado
aos ligurianos.
Além disso, os reis Merovíngios dos francos tradicionalmente
traçavam sua linhagem, passando por uma tribo pré-franca chamada Sicambre,
chegando, fundamentalmente, a um grupo de "cimérios" que viviam na
boca do rio Danúbio.
Se os citas realmente mantêm parentesco com os cimérios,
como foi freqüentemente exposto, muitos outros povos que reivindicam
descendência cítica poderiam ser adicionados à lista. A associação dos cimérios
a uma das Tribos Perdidas de Israel também desempenhou certo papel no
Israelismo Britânico.
Tudo aponta para o
fato que, como todos os povos da região, não tinha uma religião desenvolvida em
deuses, sendo um povo tão primitivo que ainda cultuava as forças mais
elementares do Universo; assim, o cimério rezava para a Terra, o Sol, a Lua e
outros astros.
Mas contatos posteriores com outras culturas no século VII
a.C. poderiam levar a uma espécie de representação divina na idéia de um deus
único. Isso, porém, já é mera tautologia, quando não mito mesmo. É ele quem
coloca a força necessária para se lutar e matar num homem quando ele nasce.
"O que mais devem os homens pedir aos deuses?"
CROM
Ao norte do continente, situava-se a Ciméria, uma região tenebrosa, repleta de
montanhas cobertas por densas florestas, cujo céu era sempre cinzento e
governado por deuses obscuros. No mais alto de todos os montes achava-se Crom,
a severa divindade que controlava os destinos e decretava as mortes. Nenhum
cimério tinha por costume suplicar algo a Crom, pois ele era lúgubre, selvagem
e odiava os fracos.
Apesar de ser o deus mais importante do reino, haviam
outros, com menos seguidores, mas também adorados. Entre estes, nós podemos
citar Lir, seu filho Mannanan, a deusa guerreira Morrigan, seus subordinados
Badb (a fúria da batalha), Nemain (o venenoso) e Macha.
A visão da vida e da morte, para os cimérios, era tão triste quanto sua terra e seus deuses. Em sua concepção, não existia esperança nem no presente, nem no futuro, pois eles tinham plena convicção de que os homens lutavam e sofriam em vão, encontrando prazer somente na loucura da batalha. Morrendo, suas almas penetravam em um reino escuro, frio e enevoado, onde vagariam por toda a eternidade.
A visão da vida e da morte, para os cimérios, era tão triste quanto sua terra e seus deuses. Em sua concepção, não existia esperança nem no presente, nem no futuro, pois eles tinham plena convicção de que os homens lutavam e sofriam em vão, encontrando prazer somente na loucura da batalha. Morrendo, suas almas penetravam em um reino escuro, frio e enevoado, onde vagariam por toda a eternidade.
Não é de se espantar que Crom fosse o deus de uma raça
autoconfiante, cujas únicas ambições eram lutar pela sobrevivência e empenhar-se
em tantos combates quanto possível. Isso sim é que é existencialismo
punk-gótico: "não existia esperança nem no presente, nem no futuro".
"os homens lutavam e sofriam em vão". "suas almas penetravam em
um reino escuro, frio e enevoado". Mais depressivo e pessimista,
impossível ― ou realista.
Epílogo
"Para lá se dirigiu Conan, o cimério, de cabelos negros, olhos ferozes, espada na mão; um ladrão, um saqueador, um matador, com gigantescas crises de melancolia e não menores fases de alegria, que humilhou sob seus pés os frágeis tronos da Terra. Nas veias de Conan corria o sangue da antiga Atlântida, engolida oitocentos anos antes de sua época pelos mares."
Porque as "gigantescas crises de melancolia"? Era Conan um maníaco-depressivo? Talvez sim. Talvez não. Mas seu criador era. Quando Robert E. Howard (1906-1936 FIG. abaixo) começou a aparecer, trouxe em sua obra um realismo muito maior do que o de qualquer um de seus precursores. Sua visão de pré-história não era romântica, mas amargamente realista. O sangue parece escorrer de suas histórias.
Howard cometeu suicídio aos 30 anos. Desde criança, sua mãe era a única pessoa que o apoiara emocionalmente. Sua extrema dependência emocional da figura materna, mais a melancolia, foi o que o levou a se identificar tanto com seu austero personagem guerreiro de uma cultura matriarcal?
"Para lá se dirigiu Conan, o cimério, de cabelos negros, olhos ferozes, espada na mão; um ladrão, um saqueador, um matador, com gigantescas crises de melancolia e não menores fases de alegria, que humilhou sob seus pés os frágeis tronos da Terra. Nas veias de Conan corria o sangue da antiga Atlântida, engolida oitocentos anos antes de sua época pelos mares."
Porque as "gigantescas crises de melancolia"? Era Conan um maníaco-depressivo? Talvez sim. Talvez não. Mas seu criador era. Quando Robert E. Howard (1906-1936 FIG. abaixo) começou a aparecer, trouxe em sua obra um realismo muito maior do que o de qualquer um de seus precursores. Sua visão de pré-história não era romântica, mas amargamente realista. O sangue parece escorrer de suas histórias.
Howard cometeu suicídio aos 30 anos. Desde criança, sua mãe era a única pessoa que o apoiara emocionalmente. Sua extrema dependência emocional da figura materna, mais a melancolia, foi o que o levou a se identificar tanto com seu austero personagem guerreiro de uma cultura matriarcal?
O autor do herói dos quadrinhos era uma pessoa assombrada
pela idéia de ser espancado por estranhos, como os colegas de escola que o
ridicularizavam pelo físico franzino. Daí porque Howard se tornou um
fisiculturista, talvez o escritor mais forte e musculoso que já existiu. Só
andava de botas, com roupas justas, e armado, pronto para o combate a qualquer
momento. Uma batalha que nunca veio. Ironicamente, o homem obcecado pela luta
acabou perdendo o confronto contra si mesmo.
Do Cáucaso á Inglaterra, dos cimérios aos celtas, do gótico ao heavy metal, toda a simbologia hiboriana atravessou os milênios intacta: as aventuras épicas, o sensualismo, a melancolia, a depressão, as roupas pretas, as fortes personalidades femininas, a relação ambígua com a magia. Nada se perdeu: desde o último cataclismo, o mundo se transformou muito, mas o ser humano permanece o mesmo. Como dizem os civilizados e refinadíssimos franceses (descendentes dos gauleses, que dizem ter vindo dos cimérios): "quanto mais as coisas mudam, mais elas ficam na mesma." Mas isso já é outra história...
Fonte: sofadasala.com
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