Arte: Gino Marcomini. 22 de abril de 1945 foi o dia com o maior número de missões de combate despachadas, sendo celebrado até hoje como o Dia da Aviação de Caça.
O 1º Grupo de Aviação de Caça se mostrou indispensável em
diversos episódios na Itália durante a Segunda Guerra Mundial
A Segunda Guerra
Mundial já acontecia na Europa quando o Presidente Getúlio Vargas sancionou, em
20 de janeiro de 1941, o decreto-lei nº 2.961, criando o Ministério da
Aeronáutica.
Joaquim Salgado Filho, designado primeiro Ministro da pasta,
buscava, primeiramente, estruturar o setor aéreo no Brasil, aprimorando
sistemas de controle do espaço aéreo e fundando aeródromos.
Ainda em 1941, foi criada a Diretoria de Rotas com o
objetivo de promover o desenvolvimento da infraestrutura e da segurança da
navegação aérea.
No entanto, ainda em seus primeiros passos – fundando
escolas e aeródromos – a Força Aérea Brasileira (FAB) foi obrigada a ingressar
em um teatro de operações extracontinental.
Nele, a Aviação de Caça brasileira teve seu batismo de fogo
– e papel fundamental no cumprimento de missões em solo italiano.
Mas tudo mudou quando navios brasileiros começaram a ser
atacados durante o episódio que ficou conhecido como a Batalha do Atlântico
Sul. Em 28 de janeiro de 1942, o Brasil rompeu as relações diplomáticas com os
países do Eixo, marcando o apoio aos Aliados.
Mais tarde foi a vez da Aviação de Caça da FAB entrar no
conflito: desta vez, em território italiano, junto aos aliados.
A declaração de
guerra do Brasil aos países do Eixo, em 22 de agosto de 1942, determinou uma
mobilização geral. Em 18 de dezembro de 1943, foi criado o Primeiro Grupo de
Aviação de Caça (1º GAVCA) e, em 20 de julho de 1944, a Primeira Esquadrilha de
Ligação e Observação (1a ELO).
Para comandar as unidades aéreas na Itália, foram
designados, respectivamente, o Major Aviador Nero Moura e o Capitão Aviador
João Affonso Fabrício Belloc.
Ambos chegaram à Europa em outubro de 1944. Assim, em três
anos, o Brasil fundou uma Força Aérea, investiu em formação, infraestrutura e
aumento do efetivo e, enfim, desembarcou em um cenário de guerra real.
O livro do professor para aulas por R$ 14,90
Além do 1º GAVCA, eram três esquadrões, todos
norte-americanos: 345th, 346th e 347th Fighter Squadron.
Para eles, o 1º GAVCA, equipado com os P-47 Thunderbolt, era
conhecido como “1st Brazilian Fighter Squadron (1st BFS)”, com o código “Jambock”.
A partir de sua base, em Tarquínia, na Costa Oeste da
Itália, o 1º GAVCA passou a planejar suas próprias operações em 11 de novembro.
O Brasil ainda enviou uma equipe de médicos e
enfermeiros à Itália, atuando junto ao Esquadrão e no US 12th General
Hospital, em Livorno.
O símbolo do Grupo foi idealizado a bordo do navio a caminho
da Itália. Dos elementos: a moldura auriverde simboliza o Brasil; o céu
vermelho, a guerra; o avestruz, o piloto de caça brasileiro, que precisou se
adaptar a diferentes alimentos em suas missões; o escudo azul com o Cruzeiro do
Sul é o símbolo das Forças Armadas do Brasil; e a arma empunhada pelo avestruz,
o poder de fogo do P-47.
“Senta a Púa!” é o grito de guerra do 1º GAVCA. Já o Hino da
Aviação de Caça foi composto após uma missão bem sucedida na quarta-feira de
cinzas de 1945 – o “Carnaval em Veneza”.
Durante a Guerra, o
1º GAVCA operou como unidade independente, e as missões em fevereiro de 1945,
quando os caças da FAB atacaram o inimigo em Monte Castelo, contribuíram para a
vitória dos combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Nos Estados Unidos, os brasileiros haviam sido treinados
para operações de caça, mas a Luftwaffe (Força Aérea Alemã) executava
poucas missões na região.
Logo, o esquadrão
atuou como unidade de caça-bombardeiro, em missões de reconhecimento armado e
interdição, em suporte às forças terrestres aliadas.
O clímax da atuação da Força Aérea Brasileira foi em 22 de
abril de 1945, quando uma grande ofensiva dos Jambocks contabilizou
44 decolagens em 11 missões em um único dia.
O dia amanheceu nublado.
Uma delas decolou pouco depois em direção ao sul de Mantua,
para uma missão de reconhecimento armado – mais de 80 veículos foram
destruídos, além de fortes, tanques e balsas.
Ao fim do dia, o Grupo acumulou 44 missões individuais e
destruiu mais de 100 alvos.
22 de abril de 1945 foi o dia com o maior número de missões
de combate despachadas, sendo celebrado até hoje como o Dia da Aviação de Caça.
Dois P-47 foram avariados e um abatido e seu piloto capturado pelas forças
alemãs.
Além do 1º GAVCA, a 1ª ELO apoiou a Artilharia
Divisionária (AD) da FEB, realizando missões de observação, ligação,
reconhecimento e regulagem de tiro.
A 1ª ELO realizou 684 missões em quase 200 dias de
operações.
Quatro décadas depois, em 1986, os feitos do 1º GAVCA na
Itália foram novamente reconhecidos.
O Grupo recebeu do Embaixador dos Estados Unidos no Brasil e
do Secretário da Força Aérea Americana, a Presidential Unit Citation,
comenda concedida pelo governo norte-americano. Além do 1º GAVCA, só duas
unidades estrangeiras foram agraciadas com a medalha – ambas da Força Aérea
Australiana.
Fonte: tecnodefesa.com.br
0 comentários:
Postar um comentário