Harvey, Irma, Maria
e, agora, Nate - um furacão atrás do outro nos Estados Unidos e no Caribe.
Depois de matar mais de 20 pessoas em Honduras, Costa Rica e
Nicarágua, a tempestade Nate deve ganhar força e chegar aos EUA como furacão de
categoria 1 na escala Saffir-Simpson, que mede os fenômenos pela intensidade
dos ventos e o potencial de destruição.
Nate está caminho do Texas e da Flórida, que ainda se
recuperam dos estragos provocados por outros dois furacões, Harvey e Irma.
Ambos derrubaram casas, provocaram inundações e mataram dezenas de pessoas nos
EUA e no Caribe.
À espera da tempestade, estado de emergência foi declarado
em Nova Orleans, no Estado da Louisiana e em 29 municípios da Flórida.
Por que tanto furacão?
Não é só impressão. O mundo está tendo mais furacões este
ano que o normal. A quantidade e a intensidade das tempestades de grandes
proporções registradas este ano estão acima da média anual.
A principal causa
para o aumento da força desses fenômenos é o aquecimento global, segundo
especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
Shuai Wang,
pesquisador da Faculdade de Ciências Naturais do Imperial College London,
explica que a média anual de furacões no Atlântico é de 6,2, conforme a série
histórica de 1968 a 2016 da Agência Norte-Americana de Administração
Atmosférica e Oceânica.
Em 2017, antes mesmo do término do período de tempestades
tropicais, já foram registrados sete furacões, quatro deles de grande
proporções - classificados em categorias superiores a 3 na escala
Saffir-Simpson. Nate pode ser o oitavo, se cumprir as previsões dos
meteorologistas e chegar à escala 1.
"Ainda é cedo para sabermos a quantidade de furacões
que teremos em 2017. Mas já podemos dizer que tivemos tempestades mais intensas
que a média histórica", diz Wang.
Vários furacões, mesma rota
Em agosto, o furacão Harvey provocou estragos no Texas,
Houston e Louisiana, matando pelo menos 47 pessoas. Pouco depois, entre nos
dias 6 e 7 de setembro, o furacão Irma arrasou várias cidades do Caribe e o sul
da Flórida, provocando mais de 60 mortes.
Numa infeliz coincidência, a mesma região afetada pelo Irma
se tornou rota do furacão Maria e, agora, do Nate. Os ventos de até 260 km/h do
Maria destelharam casas na ilha de Dominica - até o primeiro-ministro do país
teve que ser resgatado da residência oficial.
Em sua passagem na quinta e sexta-feira por Costa Rica,
Nicarágua e Honduras, o Nate provocou inundações, deslizamentos e danificou
casas.
Além dos mais de 20 mortos, pelo menos 20 pessoas estão
desaparecidas. Na Costa Rica, 400 mil pessoas ficaram sem água corrente e
milhares estão em abrigos.
Altas temperaturas
O meteorologista Bob Henson, do Weather Underground, serviço
norte-americano de previsão meteorológica, diz que as altas temperaturas do
oceano alcançadas este ano podem ter contribuído para a força das tempestades.
"Já alcançamos, antes de terminar o ano, mais
tempestades que a média do ano inteiro", disse.
Segundo Henson, por causa das mudanças climáticas, a
intensidade dos furacões aumentou nas últimas três décadas. O ano de 2005 foi o
que mais registrou furacões - 15 no total, entre os quais o Katrina, que matou
ao menos 1,8 mil pessoas nos Estados Unidos.
"Podemos estar
tendo furacões mais fortes associados ao fenômeno do aquecimento global. A
temperatura da água afeta a intensidade da tempestade, embora não haja
evidência de que influencie na quantidade", avaliou.
A opinião de que o aquecimento global tem papel relevante na
intensidade dos furacões é compartilhada pelo pesquisador Shuai Wang, que prevê
tempestades cada vez mais fortes se nada for feito para reverter o aumento da
temperatura dos oceanos.
"O furacão é como um motor que precisa de combustível.
A lógica é que, com a mudança climática, o oceano fica mais quente e gera mais
energia para o ciclone, que acaba causando mais estragos quando alcança o
continente", explicou.
"Os pesquisadores divergem sobre o efeito a longo prazo
do aquecimento global. Eu acho que, se a temperatura continuar aumentando,
teremos ciclones mais intensos", completou Wang.
Lógica parecida serve para desastres causados por excesso de
chuvas, as chamadas monções. Para Bob Henson, a intensidade pode ter aumentado
por causa do aquecimento solar.
"Temperaturas mais altas favorecem a evaporação das
águas. O ambiente úmido da atmosfera permite chuvas mais fortes." Fonte: www.bbc.com
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