O Itamaraty tanto fez que conseguiu. E Lula também! Já se
começa a suspeitar mais agudamente do programa nuclear brasileiro. E não sem
razão aos menos a lógica. O raciocínio exposto por Lula é este: quem tem arma
nuclear não pode exigir que o outro não tenha. Na entrevista ao El País, de que
falo acima, chegou a mostrar ao jornalista o trecho da Constituição que trata
do assunto: ela nos proíbe de ter a bomba e dá ao Congresso a palavra final
sobre energia nuclear. E daí? No Irã e, tudo indica, o mundo começa a voltar os
olhos para o Brasil , o que se teme é o programa nuclear secreto.
O livro do professor para aulas por R$ 14,90
Leiam texto de Hans Rühle publicado na revista alemã Der
Spiegel, intitulado O Brasil está desenvolvendo a bomba?. Publico a tradução
abaixo. Volto em seguida.
Rex Nazaré e a Bomba Nuclear brasileira
Rex Nazaré e a Bomba Nuclear brasileira
Presidente Luiz Inácio Da Silva o Lula
Em outubro de 2009, a renomada revista americana Foreign
Policy publicou um artigo intitulado As futuras potências nucleares com as
quais você deve se preocupar (The Future Nuclear Powers You Should Be
Worried About). Segundo o autor, Cazaquistão, Bangladesh, Mianmar,
Emirados Árabes e Venezuela são os próximos candidatos depois do Irã a
membros do clube das potências nucleares. Apesar de suas interessantes
evidências, o autor deixou de mencionar a potência nuclear virtualmente mais
importante: o Brasil.
Hoje em dia, o Brasil é visto com alta estima pelo resto do
mundo. Seu presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, se tornou um astro no cenário
internacional. Esse é o cara, disse certa feita o presidente dos EUA, Barack
Obama, em um elogio ao parceiro. Lula, como se sabe, pode até mesmo receber o
presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, com todas as honras, numa demonstração
de apoio a seu programa nuclear, em razão do qual o Irã enfrenta o ostracismo
no resto do mundo.
A autoconfiança de Lula é um indicativo da reivindicação do
Brasil de assumir o status de grande potência inclusive em termos militares. A
reivindicação militar está refletida na Estratégia Nacional de Defesa, que foi
apresentada no fim de 2008. Além do domínio do ciclo completo do combustível
nuclear que já foi conquistado , o documento trata da construção de submarinos
nucleares.
Perto de construir a
bomba
Pode soar inofensivo, mas não é, porque o termo submarino nuclear poderia ser,
de fato, uma fachada para um programa de armas nucleares. O Brasil já teve três
programas nucleares secretos entre 1975 e 1990, cada uma das Forças Armadas
buscando seu próprio caminho. A atuação da Marinha provou ser a mais
bem-sucedida: usa centrífugas importadas de alta performance para produzir
urânio altamente enriquecido, a partir de hexafluoreto de urânio, para poder
operar pequenos reatores para submarinos. No momento certo, a capacidade
nuclear recém-adquirida do país seria revelada ao mundo com uma explosão
nuclear pacífica, seguindo o exemplo já dado pela Índia. Um poço de 300 metros
para o teste já tinha sido perfurado. Segundo declarações do ex-presidente da
Comissão Nacional de Energia Nuclear, em 1990, os militares brasileiros estavam
prestes a construir uma bomba.
Mas isso nunca
aconteceu. Durante a democratização do Brasil, os programas nucleares secretos
foram efetivamente abandonados. Segundo a Constituição de 1988, as atividades
nucleares ficaram restritas a usos pacíficos. O Brasil ratificou em 1994 o
Tratado de Proibição de Armas Nucleares na América Latina e Caribe e, em 1998,
o Tratado de Não-Proliferação Nuclear e o Tratado Abrangente de Proibição de
Testes Nucleares. O flerte do Brasil com a bomba aparentemente havia terminado.
Ex Ministro Militar afirma que o Brasil sabe fazer a bomba
Ex Ministro Militar afirma que o Brasil sabe fazer a bomba
Sob Lula, entretanto, este flerte volta a predominar, e os
brasileiros estão se tornando cada vez menos hesitantes em brincar com sua com
sua própria opção nuclear. Poucos meses depois da posse de Lula, em 2003, o
país retomou oficialmente o desenvolvimento de um submarino nuclear.
Já durante a campanha eleitoral, Lula criticou o Tratado de
Não-Proliferação, chamando-o de injusto e obsoleto. Apesar de o Brasil não ter
denunciado o tratado, tornou evidentemente mais difíceis as condições de
trabalho dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A
situação se tornou tensa em abril de 2004, quando foi negado à AIEA acesso
ilimitado a uma instalação de enriquecimento recém-construída em Resende, perto
do Rio de Janeiro. O governo brasileiro também deixou claro que não pretendia
assinar o protocolo adicional do Tratado de Não-Proliferação, o que permitira a
inspeção de instalações sem aviso prévio.
Aprenda tudo sobre marketing de vídeos
Em meados de janeiro de 2009 durante uma reunião do Grupo
dos Fornecedores Nucleares, seis países que trabalham pela não proliferação por
intermédio do controle da exportação de materiais nucleares , os motivos dessa
política restritiva ficaram claros: o representante do Brasil fez de tudo para
combater as exigências que tornariam transparente o programa do submarino
nuclear.
Aberto à negociação
Por que todo esse sigilo? O que há para esconder no desenvolvimento de pequenos reatores para mover submarinos, sistemas que vários países possuem há décadas? A resposta é tão simples quanto perturbadora. Também o Brasil, provavelmente, está desenvolvendo algo mais do que declarou: armas nucleares. O vice-presidente José Alencar apresentou uma razão quando defendeu abertamente a obtenção de armas nucleares pelo Brasil, em setembro de 2009. Para um país com uma fronteira de 15 mil quilômetros e ricas reservas de petróleo em alto-mar, disse Alencar, essas armas não seriam apenas uma ferramenta importante de dissuasão, mas também dariam ao Brasil os meios para aumentar sua importância no cenário internacional. Quando se lembrou que o Brasil tinha assinado o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, Alencar reagiu calmamente, afirmando que era um assunto aberto à negociação.
Como exatamente o Brasil poderia produzir armas nucleares? A
resposta, infelizmente, é que isso seria relativamente fácil. Uma precondição
para a fabricação legal de pequenos reatores para os motores de submarino é que
o material nuclear regulado pela AIEA seja aprovado. Como o Brasil define suas
instalações para a construção do submarino nuclear como áreas militares
restritas, os inspetores da AIEA não têm acesso a elas. Em outras palavras:
assim que o urânio enriquecido fornecido legalmente passa pelo portão da instalação
onde os submarinos estão sendo construídos, ele pode ser utilizado para
qualquer propósito, incluindo a produção de armas nucleares. E como quase todos
os submarinos nucleares funcionam com urânio altamente enriquecido, o mesmo
utilizado nas armas, o Brasil pode facilmente justificar a produção de
combustível nuclear altamente enriquecido.
Mesmo sem nenhuma prova definitiva das atividades nucleares
do Brasil (ainda), eventos passados sugerem que é altamente provável que o
Brasil esteja desenvolvendo armas nucleares. Nem a proibição constitucional nem
o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares impedirão que isso aconteça.
Bastaria a Lula dizer que o EUA não têm o direito do monopólio das armas
nucleares nas Américas para obter uma autorização do Congresso. Se isso
acontecesse, a América Latina não mais seria uma zona livre de armas nucleares
e a antevisão de Obama de um mundo livre de armas nucleares estaria acabada.
Voltei
O Brasil e a bomba der Spiegela agora entrevista o ideólogo
Não estou endossando o texto da Der Spiegel. Nem acho que seria tão simples obter
do Congresso a tal autorização. O fato é que as declarações do governo
brasileiro sobre esse tema não poderiam ser mais infelizes. Essa desconfiança
sobre o Brasil não é recente. Ela cresce por causa da posição estúpida do país
em relação ao Irã. De resto, não custa lembrar de novo: a argumentação de Lula
ou todos têm a bomba ou ninguém conduz o mundo a uma corrida nuclear. É o nosso
pacifista em ação.
Curso sobre aquecedor solar
Quero conhecer
Curso sobre aquecedor solar
Quero conhecer
Hans Rühle,
especialista em energia nuclear, escreveu um artigo para a revista alemã Der
Spiegel levantando a suspeita na verdade, apontando o que ele considera
indícios de que o governo Lula atua para chegar à bomba nuclear. Segundo ele,
potencialmente, o Brasil está mais perto de consegui-la do que outros
países incluídos numa lista de suspeitos. Essa é mais uma das conquistas da
política externa brasileira conduzida por Lula e Celso Amorim.
A defesa que o Brasil faz do programa nuclear iraniano joga
uma sombra de suspeição sobre o programa nuclear brasileiro, nem todo ele
submetido ao controle da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). Mais:
segundo o governo brasileiro, quem tem bomba não pode exigir que o outro não a
tenha. Lido de outro modo: se um tem, todos podem ter. Estamos diante do
primado da corrida nuclear.
O debate está crescendo. O Brasil está entrando na lista dos
suspeitos. A versão online da Der Spiegel publica hoje uma entrevista com
Samuel Pinheiro Guimarães, o verdadeiro mentor intelectual da guinada para a
esquerda do Itamaraty. Atualmente, ele ocupa a Sealopra, aquela ex-Secretaria
de Assuntos de Longo Prazo (?), rebatizada de Assuntos Estratégicos. Guimarães
nega a intenção de fazer a bomba, é claro. Mas concede uma entrevista que só
vai alimentar as suspeitas.
Ele reafirmou o caráter pacífico do programa nuclear
brasileiro, reitera a disposição constitucional a respeito e diz que o Brasil
preserva seus reatores da inspeção da AIEA porque se trata de segredo
industrial, já que representa o desenvolvimento de uma tecnologia nacional. Diz
ainda que um artefato nuclear requer urânio enriquecido a 90%, e o que, no
Brasil, chega-se, no máximo, a 19%.
O embaixador já criticou a adesão do Brasil ao Tratando de
Não-Proliferação de Armas Nucleares. Ele tenta explicar por quê. Segundo
afirma, o tratado busca impedir uma guerra, mas não impede a disseminação de
armas atômicas. Diz que as potências não cumprem o compromisso do desarmamento,
mas forçam a mão na questão da não-proliferação.
Investir em ações com pouco dinheiro
Clique para conhecer
Investir em ações com pouco dinheiro
Clique para conhecer
É nesse ponto que o discurso do governo brasileiro começa a
ficar ambíguo: dá a entender que, já que uma coisa não é cumprida, a outra
também pode ser descumprida. Junte-se essa conversa mole ao apoio
incondicional ao Irã e ao fato de que, com efeito, parte do programa nuclear
brasileiro não passa por inspeção, e a confusão está formada.
Guimarães insiste também na tese de que existe uma espécie
de conspiração dos países ricos contra os emergentes: tentariam evitar o
desenvolvimento da energia nuclear por razões puramente econômicas.
Quanto ao Irã, diz que a ONU nunca sustentou que o país está fabricando a bomba
e que o Brasil é soberano para se relacionar com quem quiser.
A revista lembra que tal posição pode comprometer a intenção
do país de ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Segundo
Guimarães, isso pouco importa porque o Brasil não se deixará chantagear (!).
Resumo da ópera: se era para Samuel Pinheiro Guimarães
desfazer a má impressão que a posição do Brasil já causa hoje no mundo,
conseguiu fazer o contrário. Fonte: www.noticiasagricolas.com.br
Questões de concurso por R$ 35,00
Clique para conhecer
0 comentários:
Postar um comentário