Uma das condições que permitiram o surgimento e a manutenção
da vida na Terra é o fato de o planeta ser geologicamente ativo, com terremotos
e vulcões.
A atividade vulcânica, gerada pela movimentação das placas
tectônicas sobre o manto terrestre possibilita reciclar gases, como o dióxido
de carbono, através do manto, da crosta, da atmosfera e dos oceanos. Dessa
forma, esse tectonismo contribui para tornar a Terra habitável ao manter a
temperatura do planeta em condições ideais para a sobrevivência dos seres
vivos.
Com base nesse entendimento, pesquisadores do INPE
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) saíram em busca de exoplanetas
rochosos na nossa galáxia com altas probabilidades de apresentarem tectonismo,
o que aumentaria a chance de também serem habitáveis.
Eles encontraram muitos, sugerindo a possibilidade de haver
vida espalhada por toda a Via Láctea.
Pesquisadores
encontraram indícios da existência de exoplanetas rochosos com alta
probabilidade de apresentarem tectonismo, o que aumenta a chance de também
serem habitáveis.[Imagem: R. Hurt / NASA]
"Verificamos que há condições geológicas favoráveis
para o surgimento e a manutenção da vida em exoplanetas rochosos, e que ela [a
vida] pode estar espalhada por todo o disco da galáxia e ter-se originado em
qualquer época da evolução da Via Láctea," disse o professor Jorge Luis
Melendez Moreno.
Exoplanetas geologicamente ativos
Os pesquisadores determinaram os parâmetros superficiais, as
massas e as idades de 53 gêmeas solares - estrelas similares ao nosso Sol -
situadas em diferentes pontos da Via Láctea. Além disso, analisaram a
composição química dessas estrelas gêmeas solares a fim de avaliar a
possibilidade de existência de outros planetas rochosos em torno delas.
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As análises foram feitas por meio de um espectrógrafo
chamado HARPS, instalado no telescópio de 3,6 metros do Observatório de La
Silla, do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile. O equipamento registra o
espectro eletromagnético de "cores" dos corpos celestes, dos
comprimentos de onda mais curtos (ultravioleta) aos mais longos
(infravermelho).
As análises indicaram que as estrelas
apresentam grande abundância de tório - elemento radioativo com isótopos
instáveis que, ao se romper, em razão da instabilidade atômica, se divide em
isótopos menores que emitem energia, processo conhecido como decaimento
radioativo.
A energia liberada pelo decaimento de isótopos instáveis,
tanto de tório como de outros elementos radioativos, como urânio e potássio, dá
origem à movimentação de magma (convecção do manto) e à atividade tectônica da
Terra. Parte do calor interno do planeta é resquício do calor primordial da
formação da Terra, mas pelo menos a metade da energia é devida ao
decaimento radioativo.
Dessa forma, as
concentrações iniciais desses elementos radioativos em um planeta rochoso
contribuem de modo indireto para a habitabilidade em sua superfície,
especialmente devido ao longo tempo de decaimento, em escalas de bilhões de
anos, explicam os pesquisadores.
"As concentrações de tório nas estrelas gêmeas indicam
que há uma grande quantidade de energia disponível pelo decaimento desse
elemento radioativo para manter a convecção do manto e o tectonismo em
potenciais planetas rochosos que possam existir em torno de gêmeas
solares," afirmou o pesquisador Rafael Botelho.
Vida pela galáxia
A abundância inicial de tório nas gêmeas solares foi
comparada com as de ferro, silício - um indicador da espessura e massa do manto
convectivo em planetas rochosos - e mais dois elementos pesados: o neodímio e o
európio. As medidas indicaram que a razão tório-silício em gêmeas do Sol
aumenta com o tempo, e que foi maior ou, no mínimo, igual ao valor solar desde
a formação do disco da galáxia.
"Há indícios de que o tório também é abundante em
gêmeas solares velhas. Isso significa que o disco da Via Láctea pode estar
repleto de vida," disse André Milone, orientador da pesquisa.
Esta conclusão está de acordo com estudos que usaram outras
técnicas para mostrar que a Via Láctea pode ter 100 milhões de planetas
habitáveis. Fonte: inovacaotecnologica.com.br
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